terça-feira, 14 de setembro de 2021

Histórias

À conta da morte de Jorge Sampaio, mais uma vez tive de levar com a lição habitual: não se pode dizer mal dos mortos e se eu digo mal dos deificados portugueses, falam-me dos americanos problemáticos. Por exemplo, o Clinton teve affairs, logo é mauzito porque nunca nenhum político português faria tal coisa, subentendo. O Bush filho também é um caso bicudo porque invadiu "um país milenar." Na verdade, ele invadiu dois países e nenhum deles era milenar.

Há uma enorme hipocrisia da parte dos portugueses: ao mesmo tempo que se orgulham de terem sido um país de conquistadores, como cantam os Da Vinci, e de terem metido o nariz em todo o lado, nem queriam dar independência às colónias, acham de mau tom as incursões dos americanos. Não é que os americanos tenham tido razão em iniciar as guerras, mas achar-se moralmente superior é muito fajuto.

Quanto ao Bush II, que fez muita asneira e foi um péssimo presidente, tem o mérito de se ter arrependido e de, após ter saído da Presidência, se ter dedicado à causa dos veteranos, mas também tinha uma enorme dívida para com estas pessoas. Talvez quando morra, os portugueses digam bem dele porque está na moda. O pior é o Salazar, que está mortinho da Silva, e agora não se pode dizer mal dos mortos...

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