Isto veio-me à cabeça quando a Rússia decidiu continuar a sua incursão pela Ucrânia o mês passado porque um amigo meu português perguntou-me logo se os portugueses se empenhariam em se erguer contra um invasor. Não, foi a minha resposta. A forma como nos protegemos de invasores não é pela força. Quando os franceses tentaram invadir, o governo de Portugal foi para o Brasil, que tecnicamente era Portugal, e a defesa do continente ficou ao cuidado dos ingleses. No século seguinte, não é de admirar, então, que a Ditadura tenha durado tanto, que praticamente caiu de podre e, quando já se vislumbrava outra, para se defender contra os excessos do PREC chamaram-se os americanos. Mais tarde, foi a vez de se chamar os europeus: uma das razões invocadas para se aderir à CEE era mesmo proteger o país de si próprio, de forma a se manter em suposta democracia.
No mês que vem vamos comemorar a virtude do povo lusitano em se auto-determinar contra a Ditadura que durou quase meio-século. Pelo meio, vozes que defenderão a revolução de Abril também se erguerão pela invasão de Fevereiro porque russos e ucranianos é tudo a mesma coisa, comem todos salada russa temperada com maionese e com presunto em vez de atum. Mormente, defender ditadores russos que atacam inimigos políticos em Inglaterra é tão válido como atacar ditadores portugueses que engodam inimigos políticos até Espanha para os matar. Não há contradicão, desde que uma diferente dicção indique a coisa que é má e dita dura, da que é virtuosa e deveras pura.
A auto-cagança é notável
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