Há uns anos, o Thomas Friedman escrevia que o mundo era plano, que o comércio internacional aproximava as nações e derrubava barreiras. Com a pandemia, o que era plano é agora cheio de obstáculos, que dificultam o movimento de mercadorias. As cadeias de distribuição, que estavam construídas para um mundo com poucas barreiras estão a ser reconstruídas de forma a haver mais redundância. As empresas querem localizar as suas operações mais perto dos clientes e querem minimizar o risco político.
Para além das empresas que saíram da Rússia por causa da má publicidade e também das sanções, o capital parece estar também a fugir da China. Por um lado, a política de zero-casos Covid seguida pela China aumenta o risco de interrupções na produção; por outro, há quem se questione se a China não poderá invadir a Ilha Formosa, numa acção que teria consequências semelhantes às que assistimos após a invasão da Ucrânia.
Quem se queixava dos aspectos negativos do comércio internacional deve congratular-se, pois vai poder observar o que é um mundo menos integrado, que é como quem diz, um mundo de preços mais altos. Se a Europa já empobrecia quando as coisas corriam bem, há a possibilidade real de que poderá empobrecer ainda mais. A Alemanha estava construída para crescer à custa da energia barata da Rússia, da protecção militar dos EUA, e de taxas de juro baixas. Podia beneficiar do euro mais barato, mas com energia cara, isso não a ajuda.
Mas, não é tudo mau, pode ser que as coisas corram bem, pois isto é também uma oportunidade de reavaliar o projecto europeu e de o orientar para ser sustentável. É pena que Portugal seja tão pessimamente governado porque isto podia fazer toda a diferença para gerar crescimento para o país. O mais provável é que empobreça mais depressa.
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