Na questão de a Roménia ter piores indicadores do que Portugal em questões de saúde, qualidade de vida, infraestrutura, etc., há que ter em atenção que não é Portugal que tem o crédito dos indicadores que tem, dado que a CEE e a União Europeia é que financiaram grande parte da modernização da infra-estrutura e muito do resto foi financiado a dívida.
A Roménia não só está muito menos endividada do que Portugal, como só acedeu à UE em 2007, ou seja, 21 anos depois de Portugal. Se compararmos o rácio de dívida/PIB dos dois países, desde 1989, o mínimo rácio para Portugal foi de 54,2% em 2000 e, no final de 2021, encontrava-se em 127,4%. Já o rácio da Roménia estava em 11,9% em 2007 e no final de 2021 era de 48,8%, mas antes da pandemia encontrava-se em 35,3%. De qualquer dos modos ainda está suficientemente baixo para que o país consiga fazer a manutenção da dívida sem grande dificuldade. Os níveis altos de dívida de Portugal significam que parte do rendimento que gera tem de ser usado para pagar a manutenção de dívida que é essencialmente gastos e bem-estar que ocorreram no passado.
Um aspecto importante é que a população romena é mais jovem e tem uma literacia mais alta do que a portuguesa, logo contribui para um crescimento mais rápido. Portugal tem dos piores indicadores de literacia da Europa ocidental. O envelhecimento da população portuguesa significa que parte da riqueza que tem é gasta na manutenção da qualidade de vida dos idosos, o que é uma tarefa que, em Portugal, no máximo redistribui, mas não gera riqueza, dado que a maior parte dos reformados portugueses depende do estado para manter o seu estilo de vida. Sem o estado, muito poucos têm as poupanças necessárias ou rendimentos de investimentos para fazer face às suas despesas. E com o estado endividado, haverá cada vez menos recursos para cuidar dos idosos, logo mesmo os bons indicadores que tem, têm os dias contados.
O modelo português resulta das escolhas que os portugueses têm feito, logo é surpreendente que haja pessoas que, ao fim de quase meio-século de democracia, achem que a condição do país resulta de algo alheio à vontade dos portugueses.
No segundo parágrafo, quando escreveu "no final de 2001", não quereria escrever "no final de 2021"?
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