No domingo e na segunda-feira
estive numa feira alimentar na Alemanha (ISM) dedicada a “confectionary &
bakery (a tradução directa para confeitaria e pastelaria não traduz o conceito inglês
na totalidade) e pude constatar 3 factos. Primeiro, a Europa está em crise (não
que fosse preciso ir a feira, mas…), a feira está mais pequena, os próprios
produtores tem espaços mais exíguos, principalmente os europeus. Segundo. os
BRICT’s liderados nesta industria pelo Brasil e pela Turquia, estão a aumentar,
e de que maneira, a sua presença, com uma forca de fazer a velha Europa corar
de inveja (no meu caso foi com algum orgulho que ouvia agora mais Português,
ainda que com sotaque, por onde quer que passasse). Terceiro, Portugal continua
a participar de forma desgarrada e sem qualquer objectivo comum (pelo menos que
se perceba). Honra seja feita aos 4 resistentes Dan-Cake (Danesita como marca
fora de Portugal), Imperial (belo stand!), Vieira de Castro e Lusiteca.
E é aqui, neste último
facto, apesar de completamente fora do meu objectivo de visita ao evento, que
gostaria de partilhar o meu ponto de vista, elaborando um pouco mais. Enquanto
todos os mais importantes países Europeus (incluindo alguns em crise como a Espanha,
a Itália e a Bélgica) tinham um grande espaço comum, com um conceito comum e
uma identidade clara que depois dividiam em pequenos stands de pequenos produtores, os portugueses que lá estavam,
estavam cada um por si. Não que estivessem mal, pelo contrário, mas penso que
poderiam sair reforçados se tivessem uma estratégia comum, por forma a
competir, por exemplo, com os nossos vizinhos espanhóis, mestres no assunto e
com quem temos muito a aprender.
Por último, gostaria de
focar a baixa capacidade de inovação dos 4 nacionais. Todos, ou quase todos os
produtos são “mee-too’s” de produtos já
existentes no mercado que, estou em crer, se produzem de forma mais barata na Roménia
ou na Bulgária com uma qualidade similar. Atenção que não falei com nenhum dos ditos
produtores, uma vez que não estava no âmbito da minha visita, pelo que só falo
do que constatei ao passar pelos stands.
Por vezes os produtores, para salvaguardarem a confidencialidade, guardam a inovação
longe da vista, partilhando só com alguns e este até pode ser o caso.
No entanto, se não existir
verdadeira inovação, sem uma marca forte no contexto competitivo internacional,
com os dias contados na diferenciação pelo preço baixo de produção e sem algo
que os una para que tenham um pouco mais de forca como um todo, como pode a
nossa indústria (neste caso alimentar) sobreviver?
Nuno Pinto, Director de Inovação de uma
multinacional a trabalhar no estrangeiro
Humm!! Uma vez um amigo que estava a trabalhar em Marrocos num projecto na área das Tecnologias de Informação em que Portugueses e Espanhóis eram parceiros contou-me que a empresa Espanhola tinha levado atrás de si todas as outras mesmo de áreas muito diferentes. Chegaram ao ponto de alterar os WC colocando loiças Made in Spain. A empresa Portuguesa limitou-se a fazer o trabalho para que tinha sido contractada.....
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