quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Email que recebi de um amigo e que publico

No domingo e na segunda-feira estive numa feira alimentar na Alemanha (ISM) dedicada a “confectionary & bakery (a tradução directa para confeitaria e pastelaria não traduz o conceito inglês na totalidade) e pude constatar 3 factos. Primeiro, a Europa está em crise (não que fosse preciso ir a feira, mas…), a feira está mais pequena, os próprios produtores tem espaços mais exíguos, principalmente os europeus. Segundo. os BRICT’s liderados nesta industria pelo Brasil e pela Turquia, estão a aumentar, e de que maneira, a sua presença, com uma forca de fazer a velha Europa corar de inveja (no meu caso foi com algum orgulho que ouvia agora mais Português, ainda que com sotaque, por onde quer que passasse). Terceiro, Portugal continua a participar de forma desgarrada e sem qualquer objectivo comum (pelo menos que se perceba). Honra seja feita aos 4 resistentes Dan-Cake (Danesita como marca fora de Portugal), Imperial (belo stand!), Vieira de Castro e Lusiteca.

E é aqui, neste último facto, apesar de completamente fora do meu objectivo de visita ao evento, que gostaria de partilhar o meu ponto de vista, elaborando um pouco mais. Enquanto todos os mais importantes países Europeus (incluindo alguns em crise como a Espanha, a Itália e a Bélgica) tinham um grande espaço comum, com um conceito comum e uma identidade clara que depois dividiam em pequenos stands de pequenos produtores, os portugueses que lá estavam, estavam cada um por si. Não que estivessem mal, pelo contrário, mas penso que poderiam sair reforçados se tivessem uma estratégia comum, por forma a competir, por exemplo, com os nossos vizinhos espanhóis, mestres no assunto e com quem temos muito a aprender.

Por último, gostaria de focar a baixa capacidade de inovação dos 4 nacionais. Todos, ou quase todos os produtos são “mee-too’s” de produtos já existentes no mercado que, estou em crer, se produzem de forma mais barata na Roménia ou na Bulgária com uma qualidade similar. Atenção que não falei com nenhum dos ditos produtores, uma vez que não estava no âmbito da minha visita, pelo que só falo do que constatei ao passar pelos stands. Por vezes os produtores, para salvaguardarem a confidencialidade, guardam a inovação longe da vista, partilhando só com alguns e este até pode ser o caso.

No entanto, se não existir verdadeira inovação, sem uma marca forte no contexto competitivo internacional, com os dias contados na diferenciação pelo preço baixo de produção e sem algo que os una para que tenham um pouco mais de forca como um todo, como pode a nossa indústria (neste caso alimentar) sobreviver?

Nuno Pinto, Director de Inovação de uma multinacional a trabalhar no estrangeiro

1 comentário:

  1. Humm!! Uma vez um amigo que estava a trabalhar em Marrocos num projecto na área das Tecnologias de Informação em que Portugueses e Espanhóis eram parceiros contou-me que a empresa Espanhola tinha levado atrás de si todas as outras mesmo de áreas muito diferentes. Chegaram ao ponto de alterar os WC colocando loiças Made in Spain. A empresa Portuguesa limitou-se a fazer o trabalho para que tinha sido contractada.....

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.