terça-feira, 29 de outubro de 2024

Uma semana

Votei no Sábado. Normalmente, vou ao centro cívico de uma igreja baptista perto de casa, mas a minha vizinha postou no Instagram uma selfie depois de ter votado na companhia de teatro local, que eu não sabia ter mesas de voto, e decidi que a partir de agora voto lá. Não apanhei fila, mas havia um fluxo constante de pessoas em que uma saía e outra entrava. No momento em que me preparava para entregar o boletim de voto, a sala explodiu em aplausos porque uma jovem negra ia votar pela primeira vez.

Em conversas com os meus vizinhos, muitos já votaram e alguns apanharam fila, coisa que raramente acontece durante o voto antecipado. Não se sabe se isto quer dizer que haverá mais pessoas a votar ou se apenas reduzirá os votos de Terça-feira, 5 de Novembro. Hoje recebi um cartão postal da comissão eleitoral do condado aconselhando-me a estar regularizada para a eleição. Suspeito que tenha havido manipulação no envio ou na entrega porque o cartão postal devia ter chegado há mais de três semanas, dado que é necessário estarmos inscritos para votar pelo menos 30 dias antes da eleição. A mim não me afecta, pois o meu recenceamento está regularizado, mas decerto que haverá quem se tenha esquecido de tratar da papelada.

As sondagens estão bastante próximas para se saber quem é o favorito, mas com o Trump nunca se sabe se as sondagens são de confiança. Julgo que o mais surpreendente é ver tantas pessoas que ainda o apoiam, especialmente as pessoas mais religiosas. Entretanto, os mercados agrícolas têm estado em queda na expectativa que ele ganhe e recomece a disputa comercial com a China. Quem fica a ganhar é o Brasil, especialmente se Trump for eleito, e a agricultura americana ficará um passo mais perto do fim. Tem piada que Trump receba mais votos das zonas rurais, que acaba por ser quem mais sai prejudicado com a sua política.

Elon Musk anda a aproximar-se de Trump e é natural que fique com um cargo político em caso de vitória dos republicanos. Trump, Vance, e Musk juntos no governo seria demasiado forte e criaria um nível de incerteza tal que o país entraria em parafuso. Mas seria o cenário mais interessante, apesar de ser também o mais caro não só para os EUA, como para o resto do mundo.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Um mês e cinco dias

Amanhã vamos ter o debate entre o Tim Walz e o J.D. Vance e daqui 36 dias talvez já tenhamos uma ideia de como foi a eleição. Normalmente (e ouço na minha cabeça o Peter Mayle a dizer "normalment" no audiolivro "A Year in Provence"), estaríamos agora a debater propostas de políticas e a avaliar o mérito de cada candidato, mas este ano não há propostas, apenas "conceitos de um plano". A minha dúvida para o debate de amanhã é ver se Vance também vai dizer disparates à Trump ou se irá ser coerente.

Há dias, vi um vídeo no Instragram sobre Cincinnatti, no Ohio, cujo nome homenageia George Washington e Cincinattus, ambos considerados virtuosos por não se terem deixado corromper pelo poder. Vance ainda não tem poder, mas parece estar embriagado com a perspectiva de estar perto dele, já que apenas Trump o terá. Ou talvez o plano seja despachar Trump caso chegue a número dois. E essa perspectiva nem é de todo má, porque dificilmente ele seria pior do que Trump.

Mas não sou tão boa pessoa quanto pareço: há uma parte de mim que não se importaria de ver Trump ganhar e governar. Iria ser péssimo, mas talvez quem votasse nele aprendesse qualquer coisa. Claro que estou a ser muito optimista -- não aprenderam à primeira, dificilmente aprenderiam à segunda.