Dei um passeio pela minha vizinhança e vi duas casas que tinham vestígios de terem inundado: uma tinha ventoinhas à porta, outra tinha a carpete ao pé do passeio à espera de ser recolhida. Eram ambas casas antigas, construídas em final dos anos 40, segundo informação disponível no Zillow.
As casas da minha rua e adjacentes, foram construídas meia década mais tarde e já se nota que houve uma diferença no planeamento urbano. Os lotes são mais pequenos e há ruas secundárias (cul-de-sacs e circle drives) que saem da rua principal. A rua principal está num plano mais baixo do que as casas e as ruas secundárias e há uma ligeira gradação nos cruzamentos da rua principal com as ruas secundárias, que é quase imperceptível quando não chove, a não ser que estejamos a andar de bicicleta, como disse uma vizinha minha.
Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
terça-feira, 29 de agosto de 2017
Harvey, dia 5
Continuamos em modo "Rescue" em Houston e arredores, com algumas zonas em risco de inundarem. Disseram na TV que cerca de 30% da área do Condado de Harris está inundada, mas como a situação é dinâmica, as autoridades trabalham com modelos para tentar perceber como a água se irá comportar no subsolo: onde irá acumular, onde pode causar cheias, etc. Há algumas falhas de infraestrutura; por exemplo, uma ponte na parte leste de Houston, sobre o Bayou Greens, ruiu; a barragem no Condado de Brazoria, a sul de Houston teve uma falha e a população afectada tem de ser evacuada.
Talvez seja interessante mostrar-vos alguns dos recursos. As autoridades do Condado de Fort Bend disponibilizam um mapa interactivo para as pessoas introduzirem a morada e verem se estão sujeitas a ordens de evacuação. A nível nacional, o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Agency) e o USGS (United States Geological Survey) têm o Advanced Hydrological Prediction Service, que prevê inundações e cujo mapa se pode consultar na Internet.
Hoje de manhã, o Mayor de Houston fez uma conferência de imprensa onde disse que as autoridades estão preocupadas com a situação humana dentro dos abrigos. Até agora não tem havido problemas, mas receia-se que estando tanta gente junta durante tanto tempo, sem nada para fazer, as pessoas possam entrar em conflito. As necessidades básicas (roupa e comida) estão asseguradas, mas especialmente para as crianças, há necessidade de livros e brinquedos que as possa manter ocupadas.
Ontem no NextDoor, a rede social de vizinhos, uma senhora numa das zonas afluentes teve a ideia de perguntar antes das sete da manhã, se havia restaurantes abertos porque estava farta de comer sanduíches. Caíram-lhe os vizinhos em cima. Há filas nas mercearias e nem todas estão abertas. De qualquer das formas, as autoridades pediram para não sairmos de casa e assim não desviarmos recursos das pessoas que estão em apuros. Se tivermos um acidente de carro, ficarmos sem gasolina, ou o nosso carro avariar, não há garantia que alguém nos possa ajudar.
Algumas pessoas já começaram a colocar o seu lixo à porta de casa, o que não é permitido, pois não há serviço de recolha de lixo e alguns camiões de lixo estão a ser usados para recolher pessoas das zonas inundadas. Para além disso, com a chuva que recebemos há o risco de o lixo entupir as sarjetas.
Houston é a capital da energia nos EUA, logo esta tempestade afectou a distribuição de gasolina e gasóleo a nível nacional. Antes da tempestade, as pessoas na zona afectada foram aconselhadas a encher o carro de gasolina como precaução. Em muitas estações, não há combustível porque esgotou nessa altura, logo se as pessoas começarem a andar de um lado para o outro desnecessariamente, esgotam a pouca gasolina que ainda há, ficando os veículos que estão a ser usados nas operações de salvamento sem acesso a gasolina.
A contagem de mortos é de pelo menos 14 pessoas e receia-se que se irão encontrar muitos corpos depois das águas escoarem. A Slate tem um artigo com algumas estatísticas desta tragédia.
Talvez seja interessante mostrar-vos alguns dos recursos. As autoridades do Condado de Fort Bend disponibilizam um mapa interactivo para as pessoas introduzirem a morada e verem se estão sujeitas a ordens de evacuação. A nível nacional, o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Agency) e o USGS (United States Geological Survey) têm o Advanced Hydrological Prediction Service, que prevê inundações e cujo mapa se pode consultar na Internet.
Hoje de manhã, o Mayor de Houston fez uma conferência de imprensa onde disse que as autoridades estão preocupadas com a situação humana dentro dos abrigos. Até agora não tem havido problemas, mas receia-se que estando tanta gente junta durante tanto tempo, sem nada para fazer, as pessoas possam entrar em conflito. As necessidades básicas (roupa e comida) estão asseguradas, mas especialmente para as crianças, há necessidade de livros e brinquedos que as possa manter ocupadas.
Ontem no NextDoor, a rede social de vizinhos, uma senhora numa das zonas afluentes teve a ideia de perguntar antes das sete da manhã, se havia restaurantes abertos porque estava farta de comer sanduíches. Caíram-lhe os vizinhos em cima. Há filas nas mercearias e nem todas estão abertas. De qualquer das formas, as autoridades pediram para não sairmos de casa e assim não desviarmos recursos das pessoas que estão em apuros. Se tivermos um acidente de carro, ficarmos sem gasolina, ou o nosso carro avariar, não há garantia que alguém nos possa ajudar.
Algumas pessoas já começaram a colocar o seu lixo à porta de casa, o que não é permitido, pois não há serviço de recolha de lixo e alguns camiões de lixo estão a ser usados para recolher pessoas das zonas inundadas. Para além disso, com a chuva que recebemos há o risco de o lixo entupir as sarjetas.
Houston é a capital da energia nos EUA, logo esta tempestade afectou a distribuição de gasolina e gasóleo a nível nacional. Antes da tempestade, as pessoas na zona afectada foram aconselhadas a encher o carro de gasolina como precaução. Em muitas estações, não há combustível porque esgotou nessa altura, logo se as pessoas começarem a andar de um lado para o outro desnecessariamente, esgotam a pouca gasolina que ainda há, ficando os veículos que estão a ser usados nas operações de salvamento sem acesso a gasolina.
A contagem de mortos é de pelo menos 14 pessoas e receia-se que se irão encontrar muitos corpos depois das águas escoarem. A Slate tem um artigo com algumas estatísticas desta tragédia.
Harvey, recuperação
Finalmente, começámos o período de recuperação em Houston. Em 24 horas, o nível da água diminuiu 1,5 metros. Ainda poderemos ter alguma chuva esporádica, mas o dia está de sol e quase que nem dá para acreditar que o pesadelo de Domingo aconteceu mesmo.
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
Harvey, dia 4
Entrámos do quarto dia da tempestade. Hoje não há tantos avisos de tornados, mas há zonas da cidade que vão ser inundadas voluntariamente porque há duas barragens -- Addicks e Barker -- que estão em níveis críticos de capacidade e receia-se que possam rebentar. Entre uma inundação descontrolada devido a uma falha, como o que aconteceu em Nova Orleães com Katrina e Rita, e uma controlada, optou-se pela controlada. A noite passada, às duas da manhã, alguma da água foi libertada, mas mesmo assim o nível das barragens continua a subir. As populações em risco estão a ser evacuadas.
domingo, 27 de agosto de 2017
Harvey ainda
Neste momento, estamos talvez a meio da chuvada que esta tempestade irá trazer. As previsões indicam que talvez amanhã à noite as coisas melhorem. O problema maior é a chuva cair mais depressa do que as ruas e os bayous a conseguem escoar. Há mais áreas inundadas nesta tempestade do que em outras passadas e Houston nunca inundou assim, nem com a tempestade Allison em 2001.
Nas piores áreas, as pessoas estão a ser aconselhadas a não se abrigarem no sótão e, em vez disso, tentarem ficar no cimo do telhado para serem recolhidas. Já tivemos vários avisos de tornado na cidade, que afectaram zonas inundadas, disseram-nos para ir para andares mais altos das casas, mas não para o telhado. O objectivo é ficar num sítio interior da casa, onde temos poucas coisas por cima da cabeça -- assim, se o telhado cair, as pessoas não terão tantas coisas a cair-lhes em cima. (Desde que comecei a escrevermos, o número de avisos de tornado aumentou de dois para cinco.)
As autoridades mobilizaram a população para tentar ajudar quem está nas zonas mais baixas, especialmente quem tem um barco que pode navegar as ruas inundadas. Ouvi agora um anúncio da polícia a pedir barcos de alumínio à população. Estão a tentar recolher o maior número de pessoas possível antes de escurecer, metê-las num autocarro, e levá-las para fora da cidade. Dentro da cidade, o Mayor mandou abrir bibliotecas e centros públicos para onde levar pessoas que precisam de ser abrigadas -- o objectivo é criar "lilipad safe havens", mesmo que não estejam equipados com comida ou água. São 12h45m agora, temos talvez seis a sete horas.
Tenho estado em contacto com alguns portugueses que conheço aqui e todos parecem estar bem até agora. Os meus amigos americanos também estão bem, mas há receio de que a água entre em algumas casas. Uma das minhas vizinhas estava para ir para casa de uma filha em Austin, mas como não quis abandonar uma das filhas que vive em Houston, ficou aqui o que acabou por ser uma boa decisão. Em Austin, as coisas estão pior do que as pessoas esperavam; por exemplo, em casa da filha, as árvores do vizinho caíram no jardim da frente e para além de não poder sair de casa porque o carro ficou bloqueado, ficou sem electricidade, não sabendo quando irá ser ligada.
Saí à rua quando a chuva abrandou para ver como estava a situação. A minha área nunca inundou nos quase 60 anos desde que a minha rua foi construída, mas a rua principal da minha vizinhança parece um rio e, nos cruzamentos, a água acumulada chega até aos meus joelhos. Nas traseiras de minha casa, houve alguma acumulação de água, mas por enquanto parece que está a escoar bem em redor da casa. Alguma água entrou na garagem, mas isso já tinha acontecido em Maio de 2015. Podem ver vídeos aqui, aqui, e aqui. (Nos 20 minutos desde que tirei o vídeo, a chuva abrandou e as ruas não têm tanta água na minha vizinhança.)
Na Internet, podemos consultar as cameras de trânsito em Houston (Houston TranStar Cameras) e há um mapa que indica as condições de trânsito em directo. Muitas das ruas que dão acesso às vias rápidas (feeder roads) estão intransitáveis.
Nas piores áreas, as pessoas estão a ser aconselhadas a não se abrigarem no sótão e, em vez disso, tentarem ficar no cimo do telhado para serem recolhidas. Já tivemos vários avisos de tornado na cidade, que afectaram zonas inundadas, disseram-nos para ir para andares mais altos das casas, mas não para o telhado. O objectivo é ficar num sítio interior da casa, onde temos poucas coisas por cima da cabeça -- assim, se o telhado cair, as pessoas não terão tantas coisas a cair-lhes em cima. (Desde que comecei a escrevermos, o número de avisos de tornado aumentou de dois para cinco.)
As autoridades mobilizaram a população para tentar ajudar quem está nas zonas mais baixas, especialmente quem tem um barco que pode navegar as ruas inundadas. Ouvi agora um anúncio da polícia a pedir barcos de alumínio à população. Estão a tentar recolher o maior número de pessoas possível antes de escurecer, metê-las num autocarro, e levá-las para fora da cidade. Dentro da cidade, o Mayor mandou abrir bibliotecas e centros públicos para onde levar pessoas que precisam de ser abrigadas -- o objectivo é criar "lilipad safe havens", mesmo que não estejam equipados com comida ou água. São 12h45m agora, temos talvez seis a sete horas.
Tenho estado em contacto com alguns portugueses que conheço aqui e todos parecem estar bem até agora. Os meus amigos americanos também estão bem, mas há receio de que a água entre em algumas casas. Uma das minhas vizinhas estava para ir para casa de uma filha em Austin, mas como não quis abandonar uma das filhas que vive em Houston, ficou aqui o que acabou por ser uma boa decisão. Em Austin, as coisas estão pior do que as pessoas esperavam; por exemplo, em casa da filha, as árvores do vizinho caíram no jardim da frente e para além de não poder sair de casa porque o carro ficou bloqueado, ficou sem electricidade, não sabendo quando irá ser ligada.
Saí à rua quando a chuva abrandou para ver como estava a situação. A minha área nunca inundou nos quase 60 anos desde que a minha rua foi construída, mas a rua principal da minha vizinhança parece um rio e, nos cruzamentos, a água acumulada chega até aos meus joelhos. Nas traseiras de minha casa, houve alguma acumulação de água, mas por enquanto parece que está a escoar bem em redor da casa. Alguma água entrou na garagem, mas isso já tinha acontecido em Maio de 2015. Podem ver vídeos aqui, aqui, e aqui. (Nos 20 minutos desde que tirei o vídeo, a chuva abrandou e as ruas não têm tanta água na minha vizinhança.)
Na Internet, podemos consultar as cameras de trânsito em Houston (Houston TranStar Cameras) e há um mapa que indica as condições de trânsito em directo. Muitas das ruas que dão acesso às vias rápidas (feeder roads) estão intransitáveis.
sábado, 26 de agosto de 2017
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
Furacão Harvey
O furacão Harvey deve atingir terra hoje à noite, na zona de Corpus Christi, que é uma das zonas que tem melhor praia no Texas. Ontem uma amiga minha que vive em Corpus Christi evacuou para Austin. Houston não está sob ordens de evacuação, apesar de o Governador do Texas ter dito esta tarde que, se calhar, as pessoas das zona litoral deviam pensar em evacuar. O Mayor De Houston disse logo no Twitter que as pessoas deviam ficar onde estão. Houston é enorme, com zonas baixas pantanosas e canais --os bayous -- que percorrem a cidade e que servem para escoar água da chuva.
Please think twice before trying to leave Houston en masse. No evacuation orders have been issued for the city. #Harvey
— Sylvester Turner (@SylvesterTurner) August 25, 2017
Meia dúzia de perguntas e uma questão desesperada
(Se eu fosse pai de duas crianças gémeas, um exemplar feminino e uma criatura masculina)
1 - Seria proibido de ensinar as regras do fora-de-jogo ao rapaz e como se dobra um lençol à rapariga?
2 - Estaria impedido de mostrar o encanto da poesia espanhola da Geração de 27 ao catraio e as maravilhas da astrofísica à garota?
3 - Seria multado se comprasse os dois cadernos de exercícios da Porto Editora e pusesse o puto a fazer o cor-de-rosa e a miúda, o azul?
3 - Alguém interviria se comprasse dois cadernos iguais e pussesse cada um a fazer o seu?
4 - O mundo importar-se-ia se comprasse apenas um caderno e sugerisse aos irmãos que cooperassem para resolverem os exercícios em conjunto?
5 - A igualdade seria atropelada se eu comprasse livros de jeito para a criançada ler, em vez de cadernos de exercício?
6 - Estes exercícios específicos dos cadernos da Porto Editora (e a sua distribuição cromárica por sexos) fazem parte algum currículo escolar obrigatório?
Q - Liberdade, emergirá ainda a tua memória nesta noite em que me encontro, em que o rio corre para o mar com o seu lamento obstinado?
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
3 ou 4
A tempestade Harvey, neste momento, tem o potencial de ser categoria 3 forte e já falaram em 4 fraca, ou seja, será um furacão que chegará a terra amanhã à noite. Poderá causar problemas a nível do volume de chuva e também da formação de tornados. A área onde vivo não costuma ficar inundada, mas nada do passado tem sido muito eficaz a prever o futuro nos últimos anos. Há sítios em Houston que estão em zonas de inundações de 100 anos -- quer dizer, prevê-se que fiquem inundadas uma vez em cada 100 anos -- e que ficaram inundadas duas vezes em menos de um ano, em 2015 e 2016 e, nessa altura, as tempestades não tiveram a dimensão de um furacão. No entanto, como esta tempestade se move muito devagar, os modelos de previsão têm maior variância, ou seja, pode ser que acabe por não ser tão sério.
Estamos sob alerta, algumas comunidades como Corpus Christi e Port Aransas foram aconselhadas a evacuar. As mercearias estão cheias de pessoas a fazer compras e há filas nas bombas de gasolina. Tenho uma bateria portátil do telemóvel a carregar tirei algum dinheiro do multibanco. Comprei coisas para fazer sanduíches, mas o meu fogão é a gás, logo tenho como aquecer água e cozinhar. É provável que a electricidade falhe e a perspectiva de estar sem ar condicionado não é muito aliciante. Acima de tudo, espero que não haja muitas fatalidades.
Estamos sob alerta, algumas comunidades como Corpus Christi e Port Aransas foram aconselhadas a evacuar. As mercearias estão cheias de pessoas a fazer compras e há filas nas bombas de gasolina. Tenho uma bateria portátil do telemóvel a carregar tirei algum dinheiro do multibanco. Comprei coisas para fazer sanduíches, mas o meu fogão é a gás, logo tenho como aquecer água e cozinhar. É provável que a electricidade falhe e a perspectiva de estar sem ar condicionado não é muito aliciante. Acima de tudo, espero que não haja muitas fatalidades.
Progresso social
Depois de ver a polémica causada pela entrevista de Graça Fonseca, duvidei da minha memória, pois pensava que o casamento homossexual fosse legal em Portugal, mas a forma como as pessoas falavam pelas redes sociais dava-me a ideia de que eu tinha percebido mal. Fui fazer uma busca à Internet para desfazer a minha dúvida. Calhou aparecer a página da Wikipédia em inglês, onde está escrito o seguinte:
Gostaria que me explicassem o que aconteceu entre 2008 e 2009 para os Socialistas deixarem de ser homófobos. Se descobrirmos a resposta a essa pergunta talvez consigamos descortinar o que fazer com o resto dos portugueses. É que eu leio isto e parece-me que os Socialistas usaram o casamento homossexual como refém para ganhar eleições, mas claramente um partido de gente civilizada e decente não teria feito tal coisa. Tem de ter ocorrido outra coisa qualquer para eles deixarem de ser homófobos de um ano para o outro...
The BE and PEV's 2008 bills
Two bills to legalize same-sex marriage were presented to Parliament on 10 October 2008. The bills were introduced separately by the Left Bloc (BE) and Green Party (PEV). Both bills were rejected by Parliament on opposition from the governing Socialist Party and the main opposition Social Democratic Party.
The Government's 2009-2010 bill
Prime Minister José Sócrates stated on 18 January 2009 that, if re-elected in the September 2009 elections, he planned to introduce a bill to allow same-sex couples the right to marry. While the bill did not contemplate adoption, most LGBT organizations in Portugal supported the measure as an important step.
In March 2009, Jorge Lacão, the Secretary of State for the Presidency of the Council of Ministers, confirmed that the Socialist Government intended to legalize same-sex marriage if re-elected in 2009.
Fonte: Wikipédia
Gostaria que me explicassem o que aconteceu entre 2008 e 2009 para os Socialistas deixarem de ser homófobos. Se descobrirmos a resposta a essa pergunta talvez consigamos descortinar o que fazer com o resto dos portugueses. É que eu leio isto e parece-me que os Socialistas usaram o casamento homossexual como refém para ganhar eleições, mas claramente um partido de gente civilizada e decente não teria feito tal coisa. Tem de ter ocorrido outra coisa qualquer para eles deixarem de ser homófobos de um ano para o outro...
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
Harvey
A tempestade Harvey já está a caminho do Texas. Provavelmente, chegará a terra como um furacão de categoria 1, quiçá categoria 2. Este fim-de-semana não dá para ir a lado nenhum, senão ainda somos apanhados por uma cheia e morremos afogados no carro.
"The current track calls for the storm to land in southeastern Texas and then turn toward Houston. Masters said at least one computer-forecast model shows the storm heading back into the Gulf of Mexico early next week before coming ashore in Texas again."
~ Bloomberg
Entretanto, na civilização
Na Dinamarca, um ciclista encontrou o torso do corpo de uma jornalista sueca que deu à costa -- não se sabe como o seu corpo ficou mutilado. A rapariga, de 30 anos, desapareceu depois de ter ido entrevistar um inventor dinamarquês para um artigo em que estava a trabalhar. Durante a entrevista entrou num submarino com o inventor; o submarino afundou, o inventor sobreviveu, a rapariga desapareceu. Primeiro, o inventor disse que a tinha deixado no porto de Copenhaga, agora diz que ela morreu acidentalmente dentro do submarino. Os factos do que é considerado "o homicídio mais espectacular na história da Dinamarca" estão a ser investigados.
A civilização é como a tradição: já não é o que era. Ou, se calhar, nunca foi...
A civilização é como a tradição: já não é o que era. Ou, se calhar, nunca foi...
Reversão à média
Na semana passada fomos brindados com notícias de que o PSD era um partido xenófobo. Parece que Pedro Passos Coelho fez um discurso à moda dele -- mal pensado -- em que associou refugiados e terrorismo. Toda a gente que tenha frequentado aulas de econometria devia saber que correlação não implica causalidade, mas enfim...
Portugal tem uma taxa de retenção de refugiados extremamente baixa: desde final de 2015 até Abril de 2017, entraram 1306 refugiados de guerra em Portugal e 555 saíram. Quando o governo publicou os dados, o Bloco de Esquerda e o PSD pediram uma investigação para averiguar as causas do problema. É difícil de acreditar que um partido xenófobo fizesse tal pedido, mas talvez seja como eu digo: o PSD é um partido acima de tudo incompetente e até o é em ser xenófobo. Coitados...
Agora, falta averiguar a competência dos portugueses. Como é que um partido como o PS é visto como o epítome da moralidade e do progresso social em Portugal? Este partido nunca elegeu uma líder mulher, nem se vislumbra tal feito num futuro próximo. Elegeu José Sócrates para líder partidário várias vezes, nunca se distanciou do homem; pelo contrário, ainda o homenageou estando ele sob investigação. Esta semana vem uma tal de Graça Fonseca dizer que decidiu apenas agora sair do armário e anunciar publicamente que é lésbica. Se o PS é tão acolhedor e progressivo, porquê só agora o anúncio e por que razão é isto um acto de coragem?
O LA-C perguntava se o PSD conseguiria descer ainda mais e a resposta é sim, claramente -- estamos a assistir a um processo de reversão à média e basta ver o nível do PS.
Portugal tem uma taxa de retenção de refugiados extremamente baixa: desde final de 2015 até Abril de 2017, entraram 1306 refugiados de guerra em Portugal e 555 saíram. Quando o governo publicou os dados, o Bloco de Esquerda e o PSD pediram uma investigação para averiguar as causas do problema. É difícil de acreditar que um partido xenófobo fizesse tal pedido, mas talvez seja como eu digo: o PSD é um partido acima de tudo incompetente e até o é em ser xenófobo. Coitados...
Agora, falta averiguar a competência dos portugueses. Como é que um partido como o PS é visto como o epítome da moralidade e do progresso social em Portugal? Este partido nunca elegeu uma líder mulher, nem se vislumbra tal feito num futuro próximo. Elegeu José Sócrates para líder partidário várias vezes, nunca se distanciou do homem; pelo contrário, ainda o homenageou estando ele sob investigação. Esta semana vem uma tal de Graça Fonseca dizer que decidiu apenas agora sair do armário e anunciar publicamente que é lésbica. Se o PS é tão acolhedor e progressivo, porquê só agora o anúncio e por que razão é isto um acto de coragem?
O LA-C perguntava se o PSD conseguiria descer ainda mais e a resposta é sim, claramente -- estamos a assistir a um processo de reversão à média e basta ver o nível do PS.
terça-feira, 22 de agosto de 2017
No século XXI
Temos uma governante socialista que é lésbica, sinal que entrámos no século XXI pelas mãos do PS. Fui consultar a lista de Secretários Gerais do partido e não encontrei nenhuma mulher. Não sei se o mal foi não conseguirem encontrar uma mulher competente para o cargo ou as lésbicas não estavam identificadas, mas agora têm uma, logo já sei quem eu quero para próxima Secretária Geral do PS.
Gostaria de dar o meu contributo para o progresso civilizacional: sugiro que se agilize o processo de descoberta fazendo com que todos os cidadãos anunciem a sua preferência sexual aos amigos. Para fazer a economia crescer mais depressa, podíamos fazer uma festa aquando do anúncio tipo os bailes das debutantes. Isto de serem só os homossexuais a ter de anunciar não parece ser muito igualitário e até é discriminatório.
Adenda: Todos nós sabemos que o PSD já teve umaSecretária Geral líder e o CDS tem agora uma, mas toda a gente também sabe com certeza absoluta que tanto o PSD como o CDS são ambos atrasados do ponto de vista social. O PS é o partido socialmente mais progressivo de Portugal.
Gostaria de dar o meu contributo para o progresso civilizacional: sugiro que se agilize o processo de descoberta fazendo com que todos os cidadãos anunciem a sua preferência sexual aos amigos. Para fazer a economia crescer mais depressa, podíamos fazer uma festa aquando do anúncio tipo os bailes das debutantes. Isto de serem só os homossexuais a ter de anunciar não parece ser muito igualitário e até é discriminatório.
Adenda: Todos nós sabemos que o PSD já teve uma
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Eclipse solar total em directo
A NASA vai ter duas emissões em directo do eclipse. Uma pela NASA TV, que podem acompanhar no YouTube e que vos deixo aqui em baixo, e outra pela NASA Edge, que podem ver neste link (infelizmente, não consegui o código html para meter aqui a emissão deste canal).
domingo, 20 de agosto de 2017
Tudo a postos!
Há duas semanas tivemos um eclipse lunar parcial; agora, faltam menos de 24 horas para o eclipse solar total. Nos EUA, está tudo bastante entusiasmado e a NASA tem uma página com toda a informação para acompanhar o eclipse. Nas autoestradas, há sinais para os motoristas tomarem precauções amanhã e não pararem na auto-estrada.
Aqui em Houston, só haverá uma cobertura parcial do sol, cerca de 66%, mas ao ouvir a descrição de um eclipse total, em que a lua cobre totalmente o sol, deixa-se de ver o céu e, consegue-se ver as estrelas e os planetas, fiquei com vontade de ver um eclipse total. Uma das coisas de que tenho saudades é o céu que se vê à noite em Portugal.
Vai haver um outro eclipse total em 2024 visível nos EUA e vou tentar ver esse -- eu e as minhas amigas combinámos fazer uma festa em Austin. Podem consultar o calendário de eclipses aqui.
Os livros da hipócrita epicurista
Uma das piadas recorrentes no meu grupo de amigas tem a ver com a compra de livros de mesa de café ao quilo -- ou à libra, que aqui ninguém usa o quilo. Há pessoas que não têm interesse no conteúdo de um livro, preferindo o aspecto estético. Para elas não há grande diferença entre um livro e uma jarra: servem o mesmo propósito, são ingredientes que se usam na receita de conforto do espaço que nos rodeia, mas não estão activamente associados ao espaço interior da pessoa.
Foi isso mesmo que George Michael confessou quando deu uma tour da sua casa à Oprah Winfrey: os livros antigos foram comprados ao quilo porque ia com a decoração e eram essencialmente mobília. Mas estou a ser um pouco injusta, pois muitas vezes a compra de livros ao quilo é aconselhada pelo profissional de decoração e era mesmo esse o ponto da piada: era acerca de uma senhora cujo decorador a mandou comprar um certo número de quilos de livros para a casa.
Foi isso mesmo que George Michael confessou quando deu uma tour da sua casa à Oprah Winfrey: os livros antigos foram comprados ao quilo porque ia com a decoração e eram essencialmente mobília. Mas estou a ser um pouco injusta, pois muitas vezes a compra de livros ao quilo é aconselhada pelo profissional de decoração e era mesmo esse o ponto da piada: era acerca de uma senhora cujo decorador a mandou comprar um certo número de quilos de livros para a casa.
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
Toodles
Dear Steve Bannon,
It looks like you got a "Sincerely, John Kelly" letter. Well, at least you're not alone and you can mooch some support off of the Mooch. Do let us know how that works out for you; but remember, buddy, never say Breitbart, in case Mr. Trump lashes out at you on Twitter. Don't say you weren't warned...
Toodles,
R
P.S. This is how I envision it all went down:
It looks like you got a "Sincerely, John Kelly" letter. Well, at least you're not alone and you can mooch some support off of the Mooch. Do let us know how that works out for you; but remember, buddy, never say Breitbart, in case Mr. Trump lashes out at you on Twitter. Don't say you weren't warned...
Toodles,
R
P.S. This is how I envision it all went down:
Milagres e percalços
Depois de ler a op-ed da Helena Garrido no Observador e a do Fernando Alexandre no Eco, ocorreu-me que não tenho dito nada sobre a economia ultimamente. Como a Helena Garrido menciona, esta é a terceira "retoma" desde que tivemos de chamar a Troika. Concordo com a apreciação de que uma das causas do bom desempenho de 2017 até agora é o fraco desempenho de 2016 no primeiro semestre. Ou seja, teremos de esperar até ao final do ano para ver a relevância do efeito de um denominador fraco, pois a segunda metade de 2016 foi mais forte. Em 2018, testaremos verdadeiramente esta terceira retoma.
Mário Centeno disse que com crescimento de 2,8% já se consegue cobrir a despesa dos juros da dívida pública. Há quem veja isto como um sinal de força, mas é um sinal de enorme debilidade porque a economia cresceu acima do previsto. Se o bom desempenho do país depende de um crescimento melhor do que o normal, então a situação normal com que se contava era uma de mau desempenho, que nem dava para fazer manutenção dos juros da dívida. Quando é que, nos últimos 30 anos, a economia portuguesa produziu um crescimento de 2,8% sustentável sem recurso a bastante crédito? Não é sustentável, como disse o Fernando Alexandre.
Temos também de enquadrar Portugal na situação que se observa na economia mundial: a economia americana está a arrefecer e o fluxo de capitais está a ir para a Europa e não podemos descartar a hipótese de o euro começar a apreciar significativamente e as taxas de juro começarem a aumentar. Portugal está preparado para uma situação em que todas as estrelas se alinham em favor do país. Não está preparado para situações menos do que ideais, especialmente choques externos, e o tempo de se preparar já passou. Quando a próxima crise acontecer, iremos olhar para trás e ver este período como mais uma oportunidade perdida: passamos o tempo a gerir o país contando com milagres, em vez de gerirmos o país contando com percalços.
Mário Centeno disse que com crescimento de 2,8% já se consegue cobrir a despesa dos juros da dívida pública. Há quem veja isto como um sinal de força, mas é um sinal de enorme debilidade porque a economia cresceu acima do previsto. Se o bom desempenho do país depende de um crescimento melhor do que o normal, então a situação normal com que se contava era uma de mau desempenho, que nem dava para fazer manutenção dos juros da dívida. Quando é que, nos últimos 30 anos, a economia portuguesa produziu um crescimento de 2,8% sustentável sem recurso a bastante crédito? Não é sustentável, como disse o Fernando Alexandre.
Temos também de enquadrar Portugal na situação que se observa na economia mundial: a economia americana está a arrefecer e o fluxo de capitais está a ir para a Europa e não podemos descartar a hipótese de o euro começar a apreciar significativamente e as taxas de juro começarem a aumentar. Portugal está preparado para uma situação em que todas as estrelas se alinham em favor do país. Não está preparado para situações menos do que ideais, especialmente choques externos, e o tempo de se preparar já passou. Quando a próxima crise acontecer, iremos olhar para trás e ver este período como mais uma oportunidade perdida: passamos o tempo a gerir o país contando com milagres, em vez de gerirmos o país contando com percalços.
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
A má educação
No último dia em que estive em Washington, D.C., no Natal passado, fui à Renwick Gallery com a L.; como tal, quando entrei na loja tive de me portar bem, i.e., não pude comprar quase nada. Por um lado, não tinha espaço na bagagem, pois nessa manhã tinha enviado, por correio, três caixas de livros, prendas de Natal, e roupa para casa; por outro lado, estando a L. na proximidade, ela iria dizer-me que eu não precisava de nada do que tinha comprado. Contentei-me em comprar postais e planear exibi-los numa moldura, quem sabe num fundo preto, para pendurar lá em casa -- é uma maneira muito barata de se conseguir boa arte para decorar.
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Ao espelho
Desde que Donald Trump surgiu como candidato, os EUA têm andado a ver-se ao espelho com mais atenção. O que aconteceu em Charlottesville é apenas um de muitos episódios, mas por ter uma vítima mortal ganhou uma dimensão muito maior. Talvez a idade me tenha tornado cínica, mas morte era o que eu estava à espera. É sempre preciso mortes para haver mudança porque a maioria das pessoas não quer mudar e muitas pessoas têm dificuldade em visualizar o impacto potencial de algo antes de morrer alguém. Mesmo assim, nem sempre uma morte é suficiente para que as coisas mudem.
Veja-se o caso horrível das crianças que pereceram no tiroteio de Sandy Hook. Como é possível que depois de tal tragédia não tenha havido uma mudança maior no acesso a armas? Nessa altura, era presidente Brack Obama e suponho que isso ajudava a branquear a tragédia, pois oferecia algum consolo às vítimas, às suas famílias, e ao resto da nação. Para além disso o Presidente Obama era a favor do controle de acesso a armas. O Presidente Trump é a favor do que lhe dá mais exposição mediática; o conteúdo do que diz e as potenciais consequências são irrelantes.
Ironicamente, talvez Donald Trump por ser tão bruto e insensível seja mais eficaz a criar mudança do que Barack Obama. O que está a acontecer por todo o lado é um tipo de confronto civil em que facções opostas se debatem, mas não é tão violento como uma guerra civil, o que até é surpreendente num país tão armado como os EUA. Continuo a achar que será mortal para algumas pessoas, pois é essa a lição que tiramos da história.
No This American Life de há três semanas falaram de dois dos confrontos que se estão a desenrolar em pequenas cidades nos EUA; recomendo a sua audição para terem uma ideia da dimensão, ou talvez profundeza, do processo.
Veja-se o caso horrível das crianças que pereceram no tiroteio de Sandy Hook. Como é possível que depois de tal tragédia não tenha havido uma mudança maior no acesso a armas? Nessa altura, era presidente Brack Obama e suponho que isso ajudava a branquear a tragédia, pois oferecia algum consolo às vítimas, às suas famílias, e ao resto da nação. Para além disso o Presidente Obama era a favor do controle de acesso a armas. O Presidente Trump é a favor do que lhe dá mais exposição mediática; o conteúdo do que diz e as potenciais consequências são irrelantes.
Ironicamente, talvez Donald Trump por ser tão bruto e insensível seja mais eficaz a criar mudança do que Barack Obama. O que está a acontecer por todo o lado é um tipo de confronto civil em que facções opostas se debatem, mas não é tão violento como uma guerra civil, o que até é surpreendente num país tão armado como os EUA. Continuo a achar que será mortal para algumas pessoas, pois é essa a lição que tiramos da história.
No This American Life de há três semanas falaram de dois dos confrontos que se estão a desenrolar em pequenas cidades nos EUA; recomendo a sua audição para terem uma ideia da dimensão, ou talvez profundeza, do processo.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
O que é a América?
Enquanto houver um americano vivo, a América será sempre uma coisa inacabada.
"Fourscore and seven years ago our fathers brought forth, on this continent, a new nation, conceived in liberty, and dedicated to the proposition that all men are created equal. Now we are engaged in a great civil war, testing whether that nation, or any nation so conceived, and so dedicated, can long endure. We are met on a great battle-field of that war. We have come to dedicate a portion of that field, as a final resting-place for those who here gave their lives, that that nation might live. It is altogether fitting and proper that we should do this. But, in a larger sense, we cannot dedicate, we cannot consecrate—we cannot hallow—this ground. The brave men, living and dead, who struggled here, have consecrated it far above our poor power to add or detract. The world will little note, nor long remember what we say here, but it can never forget what they did here. It is for us the living, rather, to be dedicated here to the unfinished work which they who fought here have thus far so nobly advanced. It is rather for us to be here dedicated to the great task remaining before us—that from these honored dead we take increased devotion to that cause for which they here gave the last full measure of devotion—that we here highly resolve that these dead shall not have died in vain—that this nation, under God, shall have a new birth of freedom, and that government of the people, by the people, for the people, shall not perish from the earth."
~ Abraham Lincoln, The Gettysburg Address, November 19, 1863
domingo, 13 de agosto de 2017
sábado, 12 de agosto de 2017
Hã?
Mas dá para prevenir cheias ou não?
ANTES:
"O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, disse hoje que 'não existe solução' para as cheias na cidade, refutando as críticas dos partidos da oposição que pedem a execução do plano de drenagem."
Jornal de Negócios, 14/10/2014
AGORA:
ANTES:
"O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, disse hoje que 'não existe solução' para as cheias na cidade, refutando as críticas dos partidos da oposição que pedem a execução do plano de drenagem."
Jornal de Negócios, 14/10/2014
AGORA:
Não podemos controlar a Natureza, mas podemos fazer para tudo minorar os seus efeitos. Trabalhamos agora para prevenir as cheias do Inverno. pic.twitter.com/nwyhHJOAcG
— António Costa (@antoniocostapm) August 11, 2017
Boas maneiras ainda
Esta semana falei-vos do desaire do David Brooks e argumentei que havia uma linguagem secreta, em que as boas maneiras à mesa, por exemplo, são uma forma de identificar quem é de certa classe. Hoje, no All Things Considered, o programa vespertino de actualidades da NPR (National Public Radio) emitiram uma história sobre o condado de Palm Beach, na Florida, o mesmo condado onde o Presidente Trump tem um dos seus campos de golfe.
Uma professora de Educação Visual decidiu ensinar etiqueta aos alunos há 12 anos, depois de ler um artigo no jornal em que se referia que uma escola afluente da zona tinha aulas de etiqueta. Acho fantástico não só que ela tenha tomado a iniciativa, mas também a forma como os alunos falam das aulas. Podem ouvir em baixo (podem também ouvir os podcasts diários do All Things Considered, que estão disponíveis no iTunes e em outras plataformas).
Uma professora de Educação Visual decidiu ensinar etiqueta aos alunos há 12 anos, depois de ler um artigo no jornal em que se referia que uma escola afluente da zona tinha aulas de etiqueta. Acho fantástico não só que ela tenha tomado a iniciativa, mas também a forma como os alunos falam das aulas. Podem ouvir em baixo (podem também ouvir os podcasts diários do All Things Considered, que estão disponíveis no iTunes e em outras plataformas).
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
Está quase!
Enquanto passeei o meu cão, pensei no meu pacote. O Economist tem o índice do preço dos hambúrgers da McDonald's para comparar países. O meu índice preferido é o correio. Países que demoram tempo a processar correio são ineficientes. Ora enviei o meu pacote a 13 de Junho, chegou à Alfândega de Lisboa a 20 de Junho e por lá ficou. Comecei a exaltar-me ao pensar em tamanha lentidão. Ora, envio pacotes para Portugal há 20 anos e o serviço em vez de melhorar, piora.
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
No faroeste
Em referência aos restaurantes que enganam os clientes, li no NiT a citação de alguém que dizia que os donos dos restaurantes se comportavam como se Lisboa fosse o faroeste. Como eu vivo no faroeste fiquei um bocado chateada por ver o meu burgo retratado assim. Tenho, no entanto, de agradecer ao LA-C por ter descrito ontem, no Observador, uma situação de burla nos EUA em que o burlão foi preso. Por falar em apanhar o burlão, como é que o carteirista ainda tem um caso em tribunal que se arrasta desde 2006?
Fui a uma hamburgueria gourmet ao pé de casa, aqui há dias, e aconteceu o cozinheiro ter deixado o papel que separava as rodelas de carne picada no meu hambúrger. Só me apercebi depois de já ter começado a comer e quando o gerente me perguntou se tudo estava a preceito, mostrei-lhe o papel. Para além de mil e uma desculpas, disse logo que eu não iria pagar o hambúrguer, pois eu não tinha sido servida com o nível de qualidade que eles queriam oferecer aos clientes. Depois perguntou se eu ficaria satisfeita assim ou se desejava que me dessem mais alguma coisa.
Nos EUA, esta é a regra de serviço e é difícil encontrar restaurantes indiferentes ou até que desejem roubar os clientes. No entanto, há histórias de empregados de restaurantes que roubam o número do cartão bancário dos clientes, por exemplo. O Tristan Jimerson, no The Moth, que podem ouvir via podcast, conta o que lhe aconteceu quando encomendou uma pizza da Domino's pelo telefone e alguém lhe roubou a identidade. Para além das peripécias do Tristan tentar encontrar a pessoa que o enganou, ficamos a saber que o próprio CEO da Domino's o contactou a pedir desculpa!. (Ou podem ver o vídeo no YouTube do Tristan quando foi ao Prairie Home Companion).
Uma vez que fui a Portugal -- julgo que em 2000 -- comprei alguns enchidos no aeroporto porque dizia um cartaz que podiam entrar nos EUA. Quando cheguei a Chicago, declarei os enchidos na Alfândega e foram confiscados. Fiquei tão desgostosa... O senhor da Alfândega disse-me para contactar o banco emissor do meu cartão de crédito e declarar a transação como fraudulenta para me devolverem o dinheiro. Não declarei porque tive pena do pessoal em Portugal ficar sem o dinheiro e sem os chouriços, mas suponho que, se eu fosse um turista que não tivesse nenhuma ligação a Portugal, tê-lo-ia feito.
Ou seja, se os restaurantes fraudulentos estivessem nos EUA, no mínimo, os clientes depois de pagarem telefonavam ao banco e cancelavam a transação e depois os donos do restaurante teriam de se ver com os bancos, pois seriam investigados. Ao fim de algum tempo, duvido que os clientes pudessem pagar com um cartão de crédito, pois as transações seriam recusadas. Convenhamos que, para o esquema destes restaurantess funcionar, é preciso que os bancos não liguem muito a situações de fraude.
Fui a uma hamburgueria gourmet ao pé de casa, aqui há dias, e aconteceu o cozinheiro ter deixado o papel que separava as rodelas de carne picada no meu hambúrger. Só me apercebi depois de já ter começado a comer e quando o gerente me perguntou se tudo estava a preceito, mostrei-lhe o papel. Para além de mil e uma desculpas, disse logo que eu não iria pagar o hambúrguer, pois eu não tinha sido servida com o nível de qualidade que eles queriam oferecer aos clientes. Depois perguntou se eu ficaria satisfeita assim ou se desejava que me dessem mais alguma coisa.
Nos EUA, esta é a regra de serviço e é difícil encontrar restaurantes indiferentes ou até que desejem roubar os clientes. No entanto, há histórias de empregados de restaurantes que roubam o número do cartão bancário dos clientes, por exemplo. O Tristan Jimerson, no The Moth, que podem ouvir via podcast, conta o que lhe aconteceu quando encomendou uma pizza da Domino's pelo telefone e alguém lhe roubou a identidade. Para além das peripécias do Tristan tentar encontrar a pessoa que o enganou, ficamos a saber que o próprio CEO da Domino's o contactou a pedir desculpa!. (Ou podem ver o vídeo no YouTube do Tristan quando foi ao Prairie Home Companion).
Uma vez que fui a Portugal -- julgo que em 2000 -- comprei alguns enchidos no aeroporto porque dizia um cartaz que podiam entrar nos EUA. Quando cheguei a Chicago, declarei os enchidos na Alfândega e foram confiscados. Fiquei tão desgostosa... O senhor da Alfândega disse-me para contactar o banco emissor do meu cartão de crédito e declarar a transação como fraudulenta para me devolverem o dinheiro. Não declarei porque tive pena do pessoal em Portugal ficar sem o dinheiro e sem os chouriços, mas suponho que, se eu fosse um turista que não tivesse nenhuma ligação a Portugal, tê-lo-ia feito.
Ou seja, se os restaurantes fraudulentos estivessem nos EUA, no mínimo, os clientes depois de pagarem telefonavam ao banco e cancelavam a transação e depois os donos do restaurante teriam de se ver com os bancos, pois seriam investigados. Ao fim de algum tempo, duvido que os clientes pudessem pagar com um cartão de crédito, pois as transações seriam recusadas. Convenhamos que, para o esquema destes restaurantess funcionar, é preciso que os bancos não liguem muito a situações de fraude.
Floricultura 3
Sonhou com uma planta que só floria dentro das
entranhas de homens ou mulheres. No sonho não viu se eram de homens ou mulheres
os estômagos onde vislumbrou as pétalas escarlates que nunca encontrara em
outras plantas e outros lugares.
terça-feira, 8 de agosto de 2017
Maneiras que...
Ontem ao jantar, conversámos sobre bom gosto, saber receber, boas maneiras, organização da casa, etc. É um tópico no qual tenho pensado muito porque estas coisas fazem parte de uma linguagem oculta, que muitas vezes é transmitida a cada um de nós através da família e dos amigos da família, ou seja, através de pessoas que frequentemente não são escolhidas, cuja proficiência nesse campo é o resultado de um processo longo que se desenvolveu ao longo de séculos. Nem sempre isso acontece, pois há excepções, como Gabrielle Chanel, conhecida por Coco Chanel, que fez as próprias regras de bom gosto e estilo. Chanel era filha de pais não casados: uma senhora que lavava roupa e um vendedor ambulante.
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Cidadania
É feio generalizar, mas quem visita Portugal nota que as pessoas pouco ou nenhum respeito têm pelas outras. Basta pensar nos passeios, que em vez de estarem livres para os peões, servem de parque de estacionamento; ou servem de latrina dos cães porque muita gente que passeia os seus animais não acha que valha a pena limpar a caca.
Há ainda o lixo que atiram para o chão, os carros a apitar porque quem vai à frente vai devagar demais, os berros e a música alta, os encontrões, o cheiro a urina nos becos, túneis, escadas... Finalmente, há a gestão de tempo, que é péssima, mas acha-se que o mundo espera por qualquer pessoa em Portugal e o tempo não tem valor nenhum, logo a expressão "Ele/ela que espere, que eu também esperei nove meses!" é frequentemente ouvida.
Perante isto, acho engraçado que impliquem com os turistas. É que incomodar o vizinho é essencialmente português, logo se querem que os turistas se assimilem em Portugal, eles têm de incomodar. Se querem que não incomodem, comecem por dar o exemplo e sejam melhores cidadãos e, já agora, exijam que os vossos vizinhos façam o mesmo.
Há ainda o lixo que atiram para o chão, os carros a apitar porque quem vai à frente vai devagar demais, os berros e a música alta, os encontrões, o cheiro a urina nos becos, túneis, escadas... Finalmente, há a gestão de tempo, que é péssima, mas acha-se que o mundo espera por qualquer pessoa em Portugal e o tempo não tem valor nenhum, logo a expressão "Ele/ela que espere, que eu também esperei nove meses!" é frequentemente ouvida.
Perante isto, acho engraçado que impliquem com os turistas. É que incomodar o vizinho é essencialmente português, logo se querem que os turistas se assimilem em Portugal, eles têm de incomodar. Se querem que não incomodem, comecem por dar o exemplo e sejam melhores cidadãos e, já agora, exijam que os vossos vizinhos façam o mesmo.
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Uma dúvida
Li umas notícias acerca dos restaurantes que "enganam" os clientes em Lisboa e fiquei com uma dúvida: estes restaurantes foram montados todos com dinheiro a pronto ou há algum empréstimo bancário que financiou a actividade? Um dos restaurantes é de um fulano que era um "carteirista muito respeitado no meio". Haver um restaurante que faça isto e ninguém faça nada, ainda se entende, mas já há três pois estão a expandir. Será que isto faz parte de um programa de emprego de carteiristas?
P.S. Ah, pá, acabei por vos burlar: disse que tinha uma dúvida e afinal eram duas...
P.S. Ah, pá, acabei por vos burlar: disse que tinha uma dúvida e afinal eram duas...
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Achincalhamento,
Civilização,
Portugal
quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Elogio aos capitalistas do espaço
terça-feira, 1 de agosto de 2017
Teorias da fraude
"Em declarações transmitidas pela RTP3, em visita a uma ETAR na Maia, Catarina Martins defendeu que é necessário ter mais assistentes sociais para combater a fraude. Respondendo ao CDS, a bloquista acusou os centristas de terem reduzido esses profissionais quando estiveram no Governo."
Fonte: Eco
Ora vejamos se entendo bem isto, a Catarina Martins acha que há fraude porque não há assistentes sociais suficientes a trabalhar, pois o governo anterior reduziu o seu número e as que restam não dão conta do serviço. Mas quando a Geringonça reduziu o horário da Função Pública de 40 para 35 horas, foi-nos dito que tal não afectaria o serviço da Função Pública, pois naquelas 5 horas os funcionários não eram produtivos. Por outro lado, a Geringonça também implementou um programa em que, por cada dois funcionários públicos que saem, entra um, sendo que tal se justificava porque havia gorduras no estado que, ao serem cortadas, não afectariam a qualidade do serviço.
O que deduzir de tudo isto? Que os funcionários públicos eram competentes no Governo anterior, mas os governantes incompetentes da Direita deixaram sair os funcionários competentes e agora os que restam não prestam, por isso são "gorduras" do estado e por isso há agora assistentes sociais que, em vez de fazerem o seu trabalho cuidadosamente, tendo em conta a situação de risco dos casos que apreciam -- note-se que se há fraude, não há necessidade de intervir, o que libertaria recursos para pessoas que realmente precisam --, fazem-no às três pancadas e aprovam coisas que não devem?
É fascinante a forma como a Geringonça insulta a Função Pública...
Alberto Giacometti
O Geoffrey Rush vai representar o papel de Alberto Giacometti num filme biográfico do artista. O Giacometti é famoso pelas esculturas elongadas e, pode parecer estranho, mas entrar numa sala com esculturas dele, causa-me uma grande emoção. Quando entrei nesta galeria, na National Gallery of Art, em Washington, D.C., até fiquei sem palavras. No The Guardian podem ler mais sobre o filme.
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Eu ia para vos escrever o que escrevi acima, mas achei uma merda, como se estivesse a trair algo sagrado e não consegui publicar. Meti em rascunho, fiz o jantar e fui passear o cão.
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