Ao que rezam as crónicas desta semana, Passos Coelho quis distinguir-se de Cavaco Silva na forma como lidou com os protestos no passado fim-de-semana em Gouveia. Pois bem, agora foi a vez do presidente se distinguir do nosso primeiro, desaconselhando a emigração dos jovens. É essencial “reter os mais jovens nas suas terras para que não sejam tentados a ir para outras paragens ou mesmo o estrangeiro”, declarou o presidente numa visita a Santo Tirso, incluída no roteiro da Juventude ou coisa que o valha.
Como? Mobilizando «os jovens para o empreendedorismo, para sentirem mais ligação à terra e motivados para criar empresas que possam depois ajudar outros jovens a não sair da sua própria terra».
A palavra empreendedorismo está na moda há algum tempo e até já há disciplinas nas universidades com esse nome e tudo. Confesso o meu cepticismo sobre os resultados práticos deste tipo de pedagogias. E a criação de empresas bem sucedidas depende mais, por exemplo, da existência de recursos materiais (do indivíduo ou da nação) e da sorte do que da “vontade de vencer” ou de discursos “motivadores”.
Há muito que Cavaco anda a clamar por empresários indígenas modernos e inovadores. É um desiderato louvável. Desgraçadamente, eles não brotam das palavras.
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