domingo, 9 de setembro de 2012

Declarações de três perigosos liberais


Escrevia, em 1776, Adam Smith, o pai do liberalismo económico:
O soberano só tem três deveres a cumprir (…) O primeiro é o dever de proteger a sociedade da violência e das invasões de outras sociedades independentes (…) O segundo é o dever de proteger, tanto quanto possível, todos os membros da sociedade contra a injustiça ou ataques de qualquer outro membro, ou o dever de instituir uma exacta administração da justiça (…) E o terceiro e último dever é o da criação e manutenção daqueles serviços e instituições que, embora possam ser altamente benéficos para uma sociedade, são, todavia, de uma natureza tal que o lucro jamais poderia compensar a despesa para qualquer individuo ou pequeno número de indivíduos.
Neste terceiro “dever” do Estado, cabe lá muita coisa. Tudo aquilo que não seja susceptível de criar interesse nos privados mas contribua, nomeadamente, para o aprofundamento da igualização das oportunidade e da “equidade” – para usar uma palavra tão em voga.
Em 1873, na sua autobiografia, John Stuart Mill declarava que os fins da política social deviam ser:
(...) assegurar a toda a população operária pleno emprego e salários elevados.
Por fim, em 1948, Karl Popper considerava que os filósofos deviam:
(…) discutir o facto de que o princípio da máxima felicidade dos Utilitaristas pode facilmente servir de pretexto a uma ditadura benévola, e encarar a proposta de o substituirmos por um princípio mais modesto e mais realista - o princípio de que a luta contra a miséria evitável deve ser o objectivo reconhecido da política do Estado, enquanto o aumento de felicidade se deve deixar, de uma maneira geral, à iniciativa particular.
É só para lembrar que o Estado social (ainda que “modesto” e “realista”) é  compatível com o liberalismo.

1 comentário:

  1. Adam Smith e em geral o Iluminismo escocês defendiam que competia à Sociedade Civil tudo menos, Defesa, Segurança, Justiça.Pois são áreas que pela sua natureza tem de haver um terceiro imparcial na troca.

    Após, e nos tempos de hoje, concretizando, a educação universitária deveria ser privada, com excepção p. ex. de um curso de Medicina, uma vez que lecionado com excelência não é à partida lucrativo.

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