A
propósito da discussão dos impactos no emprego das propostas para a alteração
da TSU, recordo o que escrevi, em Junho de 2008, aqui na Destreza:
“(…)
a inexistência de "think tanks" que analisem a economia portuguesa é
uma lacuna para o conhecimento da sua dinâmica e para um escrutínio
independente das decisões de política económica dos Governos. Ou seja, a
ausência daquelas instituições não públicas é uma debilidade da nossa economia
e da nossa democracia. Neste contexto, Teodora Cardoso (então no Banco de
Portugal) lamentou recentemente, num programa da televisão do Estado, a pouca
atenção que as universidades portuguesas dedicam à investigação da nossa
economia.”
A
situação melhorou desde essa altura, em parte por causa do interesse suscitado
pela crise, mas ainda temos um longo caminho pela frente.
Enviaram-me este comentário:
ResponderEliminar"Nós por cá, vamos fazendo contas à vida e, encurralados, já nos vamos habituando à alternativa cozinhada pelos nossos políticos: retirar um salário por inteiro a todos os trabalhadores.
Já agora, pergunto aos académicos que fizeram o estudo sobre o impacto das alterações da TSU no emprego: qual será o impacto no emprego de retirar um salário por inteiro aos trabalhadores, sem qualquer benefício para as empresas?"
Caro anónimo,
ResponderEliminaré uma boa questão? vou responder-lhe mais acima, assinando, como sempre.
Por acaso a mim parece-me uma pergunta bastante parva. O que analisámos no nosso estudo foi uma política económica com impacto orçamental nulo.
ResponderEliminarDa forma como está formulada a pergunta, a analogia é um disparate. Retirar um salário, imagino que via impostos, aos trabalhadores, sem qualquer outra contrapartida, é tudo menos uma medida orçamental neutra. Pelo que a comparação é disparatada.
mas essa é uma das questões que está em cima da mesa. faz sentido colocá-la. mas esse é outro estudo. espero que se for essa a opção, desta vez o Governo sustente devidamente a sua medida.
ResponderEliminarEu sei. O que me chateia é a forma capciosa como a pergunta é formulada, reflectindo apenas a parte má, esquecendo a contrapartida, ou seja a eventual redução do corte da FP e reformados. Pode-se concordar ou não com a política.
EliminarO que não é razoável é formular perguntas em que parece que se compara uma medida com impacto orçamental nulo com outra que tem um impacto orçamental de qualquer coisa como mil milhões de euros.
Por muito que vos custe (e eu não defendo a medida da TSU), a medida não tinha impacto orçamental nulo porque:
ResponderEliminar1. Transferia 7% do rendimento dos trabalhadores para o patrão em 5,75% e para o Estado no remanescente. (Diretamente não tinha efeito nulo)
2. Quando o Estado é o patrão este recebia os 7%. (Reduzia os custos com os trabalhadores do Estado em 7%).
3. A prazo as novas reformas eram calculadas com a base de partida em 82% do salário e não com a base de partida de 89%.
Sendo assim a medida da TSU não era orçamentalmente neutra nem no presente nem nos compromisso assumidos.
Quanto à pergunta acima, retirar um salário aos trabalhadores todos vai permitir ao Estado na fórmula receita-despesa ter igual variação que a medida da TSU: melhoria orçamental em 2000 mil milhões de Euros.
E utilizando o vosso estudo, Tabela A.1 distinguido o momento do impacto (variação) do Longo Prazo (lag). Uma variação no rácio dos impostos (aumento destes) tem um efeito positivo no emprego e negativo no desemprego no momento de impacto. A Longo Prazo o rácio dos impostos (o desfasamento) reduz o emprego mas não altera o desemprego (não é significativa).
Já agora na tabela A2 o efeito dos desfasamento não é significativo, portanto de forma robusta o aumento do rácio dos impostos aumenta o emprego e reduz o desemprego, no momento do impacto, não parecendo ter efeitos no Longo Prazo (BASEADO NO VOSSO ESTUDO).
Mas isso sou eu...