segunda-feira, 20 de abril de 2015

O IRS

Nunca fui a uma repartição de Finanças nos EUA. Para pagar impostos, sempre tratei tudo por correio ou pela Internet. O normal é o meu contabilista submeter os impostos via Internet.

Quando se tem rendimentos de trabalho e não há grande património, tratar dos impostos nos EUA é muito fácil. Cada formulário tem instruções detalhadas e exemplos para nós seguirmos. Quando comecei a estudar na universidade aqui, havia workshops para ensinar aos estudantes estrangeiros como fazer os impostos, mas seguindo as instruções também lá se vai. Vejam as instruções de como preencher o formulário normal, que é o 1040. Está tudo explicado passo por passo e o IRS diz-nos os nossos direitos e as nossas responsabilidades. Em Portugal, para fazer impostos, tenho de procurar informação nos jornais de quais as deduções a que tenho direito. As instruções do formulário não me dão essa informação.

Quando comecei a namorar com o meu marido, ele costumava preencher o formulário rápido 1040-EZ, que é para quem não tem deduções. Eu disse-lhe que ele devia preencher o normal, pois assim poderia deduzir as despesas de educação e os impostos estatais. Nesse ano eu fiz-lhe os impostos--era fácil, bastava seguir as instruções--e ele recebeu mais de $2000 de reembolso, muito mais do que se ele tivesse feito através do formulário fácil. Houve um outro ano, ainda antes de nos casarmos, em que ele submeteu os impostos e recebeu um reembolso maior do que o esperado. O IRS detectou um erro e devolveu-lhe o montante correcto, sem que ele tivesse de fazer nada.

Há cerca de quatro anos, o IRS enviou-nos uma carta para nós produzirmos recibos das despesas de educação porque o meu marido tinha regressado à universidade e nós usámos uma das deduções para despesas de educação. Nós enviámos um papel que a universidade nos envia, mas eles disseram que esse documento não era válido, era apenas um documento informativo, mas não era prova de pagamento, logo nós tínhamos de pagar quase $1800 num espaço de 30 dias. Enviámos o cheque e também contactámos a universidade para obter o extracto de tudo o que tinha sido pago e enviámos com o cheque. Passados umas semanas, recebemos um envelope com um cheque do IRS devolvendo o que tínhamos pagado. Tudo foi tratado por correio, não tivemos de falar com ninguém directamente, a não ser o nosso contabilista e a universidade.

Tudo isto a propósito desta entrevista do Tiago Caiado Guerreiro no Observador. É verdade, em Portugal, o estado dificulta ao máximo a informação e, não só viola leis, como trata mal quem o sustenta. E depois os nossos governantes e os candidatos a governantes pagam os impostos que devem apenas se lhes apetece...

2 comentários:

  1. Acho muito triste que um governo dito de direita, em Portugal, permita que os contribuintes sejam tratados da maneira que têm sido nos últimos anos. Mas o fisco americano também tem os seus problemas
    http://olhodeboi.blogs.sapo.pt/a-cada-um-os-seus-problemas-75035

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  2. Sim, o IRS não é perfeito, mas não é tão imperfeito como poderia ser.

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