Reparei, há alguns anos, que quando o cérebro não funciona é muito chato porque não há nenhuma indicação física. Por exemplo, se partimos uma perna ou um braço, sentimos uma dor e o nosso cérebro avisa-nos do problema e nós temos também a oportunidade de dizer aos outros o que se passa connosco; imediatamente as outras pessoas recalibram as expectativas quanto ao nosso desempenho e até nos ajudam a ultrapassar o problema.
Quando o problema é no cérebro, isto tudo cai por terra, até porque, muitas vezes, nós próprios não notamos que não estamos bem. Mesmo quando os outros sabem que alguém não está bem, por vezes, é difícil aceitar que alguém não pense bem ou não consiga mudar o seu comportamento. Se lerem o António Damásio encontram vários exemplos disto em pessoas que sofreram traumas cranianos, cujas famílias não conseguem digerir a mudança de comportamento.
O truque é o seguinte: quando uma pessoa parece estar perturbada e/ou diz algo que parece ser uma maluqueira, eu digo a mim própria para imaginar que, em vez de o problema ser na cabeça, a pessoa tem um problema nas pernas e não pode andar. Depois pergunto-me: "Rita, ficarias chateada se essa pessoa, que tem um problema nas pernas, não pudesse correr?" A resposta óbvia é "Claro que não". Então, concluo eu, "Porque é que estás chateada por a pessoa neste momento não conseguir pensar muito bem?"
Funciona quase sempre. Espero que funcione neste período de eleições...
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