Aqui vos deixo uma foto com algumas das primeiras obras de Rothko. O quadro em destaque é do seu período surrealista, que antecedeu o período de abstraccionismo expressivo. Este quadro chama-se "Underground Fantasy" (1940) e mostra um conjunto de pessoas no metro. Note-se que, apesar de haver bastantes pessoas, o quadro transmite a ideia de solidão--parecem sós, apesar de estarem numa multidão. A obra explora a experiência do indivíduo enquanto parte constituinte das massas.
Os quadros em segundo plano são abstractos e já se nota a transição do artista para um novo tipo de linguagem. Neste período o artista pintou muitas multi-formas, há manchas de cor que parece que estão no processo de fundir-se para serem qualquer coisa mas ainda não chegaram lá. É um bocado como ver coisas ao microscópio. No outro seminário, na semana passada, em que falaram dos mundos espirituais das obras de Mark Rothko e Roman Vishniac, o orador mostrou algumas das fotos que Vishniac tirava a seres microscópicos. Essas fotos são reminiscentes de alguns quadros de Rothko deste período; no entanto, os dois artistas nunca se conheceram.
Algumas pessoas acham que este tipo de arte não faz sentido, são uns rabiscos ou umas manchas de tinta, umas "sopas de cor", mas a verdadeira intenção do artista é um bocadinho mais complexa. Especialmente no caso de Rothko, vale a pena pensar na obra dele como sendo um diálogo com o espectador. No início, ele ainda estava à procura da linguagem com que queria comunicar e por isso aderiu ao movimento surrealista, mas este é abandonado durante o processo de desenvolvimento da sua própria linguagem. Depois de a encontrar, e à medida que a consegue dominar melhor, usa-a para guiar o espectador num certo rumo, exigindo que o espectador dê cada vez mais de si para apreciar a obra.
Fico-me por aqui hoje, mas há muito mais para dizer sobre isto...
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