quinta-feira, 21 de julho de 2016

Estados de negação

Os meus artigos no Observador que reacções mais indignadas a acaloradas geram são aquelas onde digo o óbvio.
Há uns meses, quando escrevi que as mulheres que se dedicavam de corpo e alma a ser mães eram, regra geral, menos produtivas no local de trabalho, recebi muitas reacções indignadas. Algumas apenas com insultos.
Ontem, foi por ter escrito que face à votação nas legislativas era razoavelmente evidente que a maioria dos votantes preferia Costa a Passos Coelho como primeiro-ministro.
A malta tem mesmo problemas que lhe chamem a atenção do óbvio. O que, diga-se, é muito divertido.

40 comentários:

  1. Luís, há duas vertentes no seu post que me gostaria comentar.

    1) A argumentação lógica, racional, assente em dados, objectiva, enfim, a argumentação sustentada que se torna irrefutavel é muito mais perigosa para os ideólogos (sejam de que cor forem) do que a argumentação leviana, a conversa de café, chamemos-lhe. Por este motivo aqueles que a têm são muito mais atacados (até com ataques infantis e por definição destinados a serem ignorados) do que os idiotas úteis que não conseguem sustentar racionalmente uma argumentação.

    2) Li o seu artigo no Observador. O que pretende que seja evidente não o é, de todo. Pode concluir-se que a maioria dos votantes não queria Passos Coelho como PM. Sem dúvida e até aqui tudo bem. Mas só se pode concluir que a maioria dos votantes queria Costa como PM em deterimento de Passos Coelho se assumirmos que uma percentagem significativa dos votos nos demais partidos eram na realidade votos preferindo Costa para governar o país. O que, de todo, com os dados objectivos existentes não pode concluir-se.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Em relação ao 2) concordo com a versão do Zuricher.

      Matematicamente, a menos que acrescentemos pressupostos adicionais, não é possível dizer que a um voto em X corresponde uma ordenação X > Y > Z > W - os eleitores não fizeram uma ordenação, fizerem uma escolha. E essa ordenação é necessária para assumir a existência de um vencedor de Condorcet.

      Um voto em X quando muito significa que X > Y,Z,W mas não permite por si só identificar quais as relações entre os restantes partidos. Conforme mencionei no post anterior é possível considerar pressupostos adicionais (como preferências single-peaked).O LA-C está a assumir por exemplo que para um eleitor do PC, PS > PSD - para levantar algumas incógnitas, mas isso pode não ser verdade em todos os casos/para todos os eleitores (alguns eleitores do PC podem ser verdadeiramente indiferentes entre os "partidos burgueses", e outros podem por exemplo sentir-se mais próximos do CDS versão nacionalista do que do PS versão europeista).

      Eliminar
    2. "mas isso pode não ser verdade em todos os casos/para todos os eleitores (alguns eleitores do PC podem ser verdadeiramente indiferentes entre os "partidos burgueses", e outros podem por exemplo sentir-se mais próximos do CDS versão nacionalista do que do PS versão europeista)."

      Lamento, mas as sondagens de opinião pós-eleitorais bem mostram que esta hipótese (incrivelmente realista de que os eleitores do PCP e do BE preferem Passos Coelho a Costa) na verdade não se verifica.
      É uma chatice, mas podemos sempre mudar a realidade e as conclusões das sondagens e dos estudos de opinião.

      Eliminar
    3. perdão onde está escrito "(incrivelmente realista de que os eleitores do PCP e do BE preferem Passos Coelho a Costa)" devia estar "(incrivelmente realista de que os eleitores do PCP e do BE preferem Passos Coelho a Costa ou que, no mínimo, estão indiferentes)."

      Mais a sério, se não querem aceitar a realidade, não aceitem. Não faz grande diferença. Se quiserem argumentar que o eleitorado do PCP+BE é indiferente entre PPC e AC, apesar de todas as sondagens, estejam à vontade. Afinal, este post foi escrito a pensar em pessoas com esse raciocínio.

      Eliminar
    4. Na realidade não. As sondagens não verificam (nem deixam de verificar) as preferências relativas dos votantes em relação aos partidos, porque o que lhes é perguntado é simplesmente EM qual partido votaria (X > Y,Z,W).

      Pessoalmente concordo que muito provavelmente eles preferem (numa situação suficientemente maioritária) o PS ao PSD, e o Costa ao Passos Coelho como primeiro ministro. No entanto, matematicamente, basta que um não prefira para a justificação metodológica usada do vencedor de Condorcet não poder ser usada. É um pouco como um teste estatístico, se não tivermos a possibilidade de negar a hipótese nula, não podemos usar os resultados que obtivemos. O que não quer dizer que eles não sejam verdade...

      Eliminar
    5. O Luís pretende tirar conclusões sem os dados objectivos necessários para elas. Sem conseguir estimar qual a percentagem de votantes do BE e do PCP que votaram nestes partidos porque preferem Costa a Passos Coelho e sendo essa estimativa inferior à margem de erro, não consegue, de maneira nenhuma, provar de forma irrefutavel a preferência de mais eleitores por Costa do que por Passos Coelho.

      Não se trata de pretender mudar a realidade mas sim de ver a realidade, a exacta realidade e nada mais do que a realidade objectiva e mensuravel para além de qualquer dúvida possivel. O Luís o que pretende é, misturando realidade com cheiro e intuição chegar a uma ideia pretensamente válida. Não sobrevive ao escrutínio dado não conseguir prova-la matematicamente. Pondo doutra forma, as premissas não permitem suportar a conclusão.

      Eliminar
    6. Trata-se exactamente disso, iv. A hipótese até pode ser verdade (e pessoalmente até assumo que o seja) mas ao não poder ser demonstrada vale o que vale. Ou seja, nada em termos de conclusões efectivamente fiaveis e objectivas.

      Já agora, Luís, no caso do BE não sei mas no caso do PCP há muitos e muitos que são perfeitamente indiferentes a PS ou PSD. Mormente os mais ortodoxos.

      Eliminar
    7. "Na realidade não."

      Este é daqueles casos em que eu leio o comentário e penso ou (1) esta pessoa é tão burra que não vale a pena tentar explicar nada (o que eu sei não ser o caso, portanto não tome isto como um insulto); ou (2) esta pessoa é incrivelmente desonesta pelo que não vale a pena tentar explicar nada (o que eu sei não ser o caso, portanto não tome isto como um insulto); ou (3) a pessoa está apenas a largar hipóteses académicas sem estar a pensar nas implicações dos dados que são conhecidos, situação para a qual, neste momento, não tenho disponibilidade; ou (4) a pessoa apenas quer desconversar pelo que não vale a pena tentar explicar; ou (5) eu sou tão burro que nunca irei perceber o que me estão a tentar dizer pelo que também não vale a pena.

      PS Não leve a mal, no facebook já devo ter trocado mais de 50 comentários com isto, até já me deram os parabéns. Mas estar a ler os mesmo argumentos outra vez e ter de os rebater todos outra vez, quando isto
      é tão óbvio que só não vê quem não quer... já não tenho paciência. De qualquer forma, esteja à vontade para rebater o meu não-argumento.

      Eliminar
    8. Entretanto apareceram comentário pelo meio, pelo que pode não ser óbvio a quem me estava a dirigir no comentário anterior. Estava a referir-me ao úktimo comentário do iv.

      Eliminar
    9. Luís, penso que a questão é outra. Permita-me uma pergunta ao iv para testar a minha hipótese quanto ao assunto. Iv, se não estou a ser indiscreto, o iv é engenheiro, físico ou algo por estas linhas?

      Eliminar
    10. Efetivamente as sondagens não perguntam aos eleitores a sua ordem de preferências, mas se grande parte do eleitorado do BE ou da CDU fosse contra o apoio a Costa, seria de esperar uma queda nas sondagens desses partidos em relação às eleições (devidos aos eleitores que viram que o seu voto, ao contrário das suas expetativas, afinal serve para viabilizar um governo burguês); tirando aquelas oscilações típicas de sondagem para sondagem, não me parece que se esteja a observar a essa vaga de deserções.

      Eliminar
    11. Sou engenheiro de formação, sim. Mas ocasionalmente faço trabalho na área de (computational) social choice, pelo que preciosismos técnicos nesta área, que provavelmente são irrelevantes para o LA-C, para mim são importantes.

      Provavelmente estarei a ser demasiado "picuinhas" para uma discussão de blog, mas na minha vida profissional, se afirmamos qualquer coisa recorrendo a modelos matemáticos, temos de conseguir mostrar que estamos a respeitar as condições desses modelos. Doutra forma é "conversa de café" e pior ainda, usar a ciência como um bêbado usa um candeeiro...

      Eliminar
    12. Voilá!!!

      É precisamente aqui que está a questão, iv. Os economistas, mormente os economistas académicos, usam e abusam da atribuição de probabilidades por convicções sem verificarem a sua validade inequívoca até em coisas em que, por falta de dados, não é possivel sequer o cálculo preciso. O que é aceitavel para muitos economistas não o é, de todo, para engenheiros ou mesmo para economistas em certos ramos de trabalho que requerem efectiva precisão. E, note, iv, estou totalmente de acordo consigo. O que diz não é picuinhice mas sim adequado uso da matemática e da estatística. Há n casos (este um deles, claramente) onde um engenheiro conclui simplesmente que, por ausência de dados, é impossivel concluir o que quer que seja e a questão fica pendente à espera de dados que permitam avançar com o problema mas na exacta mesma coisa o economista académico recorre à atribuição de probabilidades, ainda que mentalmente, para forçar uma conclusão. Que, evidentemente, por não poder ser demonstrada matematicamente, não pode demonstrar-se válida.

      O que o iv elencou não são preciosismos. É, precisamente, ao falar de quantidades usar as ferramentas certas para as trabalhar, ou seja, a matemática e a estatística.

      Eliminar
    13. O Zuricher é muito perspicaz. Provavelmente tem toda a razão. Para mim são incompreensíveis certos argumentos. Incompreensíveis... Agora começo a perceber porque é que não estava a perceber... ;-)

      Susana V.

      Eliminar
  2. "se assumirmos que uma percentagem significativa dos votos nos demais partidos eram na realidade votos preferindo Costa para governar o país. O que, de todo, com os dados objectivos existentes não pode concluir-se."

    Pelo contrário. Com todos os dados objetivos existentes, só se pode concluir precisamente isso. Grande parte da direita portuguesa parece oscilar periodicamente entre duas posições. A primeira é a de negar a realidade e dizer que o povo português foi enganado (como após o primeiro governo Sócrates e após a formação do atual governo); a segunda é dizer que o povo português é estúpido (como após a vitória dada a Sócrates nas segundas eleições). E não saímos disto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Luís G., como assim?
      Não, não sabe quais as motivações que levam as pessoas a votar em determinados partidos ou candidatos.

      Eu, por exemplo, nas presidenciais votei em Henrique Cardoso, candidato de esquerda. Não quer isso dizer que eu preferia Sampaio da Nóvoa (esquerda) a Rebelo de Sousa (direita). NÃO preferia. Aliás ponderei votar Rebelo de Sousa para evitar que Sampaio da Nóvoa fosse eleito...

      Susana V.

      Eliminar
  3. Eu leio os seus artigos porque me agrada ver as coisa por outro prisma, desde que a argumentação seja minimamente sólida, ou pelo menos não seja desonesta. Mas já não sei...

    O seu artigo é interessante, mas as suas conclusões são uma extrapolação totalmente desprovida de sentido. Os comentários aqui escritos pelo Zuricher e iv são muito pertinentes (assim como alguns do observador), e o Luís A-C não está a sair-se nada bem na desconstrução dos mesmos.

    Não, o tenta demonstrar no artigo não é nada, nada óbvio. Nem provavelmente correcto.

    Conheço pessoas que votaram no BE (ou no PAN) como voto de protesto, só para não votarem nos partidos do arco da governação. Não quer dizer que prefiram o Costa ao Passos, de todo.

    O facto de o seu artigo ter tantos comentários bem articulados que tenta (sem sucesso) rebater indica muito provavelmente que alguma coisa lhe está a falhar... Procure reflectir...

    Cumps.

    Susana V.


    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Creio que ele já viu os disparates que escreveu...apenas nunca o cai assumir...vai contra a sua natureza.

      Eliminar
  4. Mesmo usando apenas essa lógica, nada lhe permitiria afirmar que o Passos Coelho devia ter tento na língua e não chamar ao facto usurpação.

    Porque foi uma usurpação que aproveitou meras circunstâncias constitucionais para poder ser feita.

    Se fosse feita por vontade dos eleitores, não teria sido escondida na campanha.

    ResponderEliminar
  5. Eu continuo a achar que o dado que melhor defende a posição do Luís são precisamente as sondagens e estudos de opinião posteriores às legislativas, que na minha opinião validam a sua tese, mais do que o voto nas legislativas em si. Por isso também, acho que deviam ter sido mencionadas no artigo e post e não relegadas para os comentários.

    De resto, acho muito mais interessante o caso espanhol, não por envolver mais partidos e ser mais confuso, mas sobretudo porque as posições dos partidos são muito mais "multidimensionais" (e não esquerda/direita). Isso faz com que, na minha opinião, seja extremamente perigoso extrair do voto num partido as ilações que muitos comentadores querem tirar.

    Para dar um exemplo, em Espanha um voto no Ciudadanos pode ser sobretudo um voto pelo "centro" político; mas pode ser também contra a corrupção; ou mesmo contra Rajoy; ou ainda por um programa de reformas; ou pela unidade nacional acima de tudo; ou etc. Dada esta "multidimensionalidade" faz-me muita confusão que se pegue nestes votantes todos em bloco e se assuma que preferem isto ou aquilo, como se todas estas opções fossem independentes umas das outras.

    De volta a Portugal, considero plausível que a maioria dos votantes preferissem mesmo Costa a Passos. Mas a questão não é essa. É se uma maioria prefere Costa apoiado no BE+PCP+PEV a Passos apoiado no PS. As sondagens têm vindo a validar a solução encontrada, e ainda bem. Mas a principio não me pareceu nada óbvio que assim fosse.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "Mas a principio não me pareceu nada óbvio que assim fosse."

      Precisamente. por isso no início achei isto ilegítimo e depois mudei de opinião.
      De qualquer forma, o meu artigo não é sobre eleitores, mas sim sobre deputados. Afinal eles é que têm de interpretar o mandato que receberam Eu peguei na assembleia eleita e disse que para aquela assembleia o vencedor de condorcet era o Costa. Negar isto é, simplesmente, absurdo.

      Eliminar
    2. Depois, como é impossível de negar o que está dito acima, as pessoas usam o argumento do eleitorado. mas, mais uma vez, o argumento não colhe, porque as sondagens o desmentem.

      Eliminar
    3. As sondagens validam-no na medida em que os partidos que suportam o governo não perderam votos, donde me parece lícito concluir que os eleitores não acham a solução ilegítima.

      Já para dizer que este é (dentro dos vários possíveis) o governo desejado pela maioria dos eleitores, precisaria dum inquérito que perguntasse isso mesmo.

      Espero que não cheguemos à situação de espanhola, onde todas as soluções possíveis violam compromissos centrais dos partidos.

      Eliminar
  6. Mas, se percebesse que a lógica pode estar sujeita a regras, então nunca tinha escolhido esse exemplo de candidatos para, por pura aritmética, retirar um resultado necessário e obrigatório.

    As regras constitucionais condicionavam-no e até o poderiam ter evitado, caso não s estivesse num momento de excepção em que:

    1- O candidato Costa era desconhecido para este cargo e não seguiu a tradição do partido

    2- O presidente da República estava impedido de dissolver a assembleia.

    Introduza agora estas regras e tente provar o mesmo com o Condorcet a ver se consegue

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "1- O candidato Costa era desconhecido para este cargo"

      Nem percebo bem o que isso quer dizer

      "e não seguiu a tradição do partido"

      A tradição do PS tem sido sempre ou quase sempre votar contra e apresentar moções de censura/rejeição a governos do PSD - se alguém não seguiu a tradição foi o eleitorado, que nunca tinha, creio, produzido um resultado em que o PSD tivesse mais deputados que o PS, mas o PS+APU/CDU+UDP/BE mais deputados que o PSD+CDS

      "2- O presidente da República estava impedido de dissolver a assembleia."

      Tal como em praticamente todos os governos que se formaram desde 1976, que foram nomeados num momento em que o presidente estava impedido de dissolver a assembleia (as exceções, se não estou enganado, terão sido o 2º governo de Soares, o de Nobre da Costa, o de Mota Pinto, o de Pintassilgo, o 2º de Balsemão e o de Santana Lopes, que em conjunto devem ter governado uns quatro anos).

      Eliminar
  7. Desculpem lá, mas só quero perceber isto. Está mesmo alguém a argumentar que as sondagens feitas desde as eleições até hoje permitem outra leitura que não a de que a maioria das pessoas que votaram nos 3 partidos que se vieram a coligar não estão arrependidas de terem votado nesses partidos? Não há certezas no mundo, estamos sempre a falar de probabilidades. Portanto pergunto também: acham mesmo provável que as pessoas, não estando arrependidas de terem votado nos 3 partidos, são ainda assim contra a solução governativa encontrada, encabeçada por António Costa?

    ResponderEliminar
  8. As sondagens indicam que a solução governativa está de facto a ser apoiada pela maioria população. Mas isso é outra questão. Não é o mesmo que afirmar que "face à votação nas legislativas era razoavelmente evidente que a maioria dos votantes preferia Costa a Passos Coelho como primeiro-ministro". Esta afirmação esta no post de Luís A-C não é NADA evidente.

    Não sabemos o que passaria agora se tivesse havido coligação PSD-PS. Não apoiariam a maioria dos votantes essa solução governativa? Não podemos saber.

    Para mim:
    1) É obvio que as sondagens de hoje não podem ajudar a "descobrir" o real vencedor das eleições. Assim como as sondagens daqui a um mês não podem "descobrir" o real vencedor das eleições.
    As eleições já aconteceram. Os resultados foram o que foram: PSD >PS>.... O vencedor das eleições foi o PSD. Ponto.

    2) É óbvio que nenhumas sondagens ou eleições de cruz podem sugerir as segundas escolhas dos eleitores. Sem mais dados (1ª, 2ª, 3ª, etc escolha de cada eleitor) não se pode concluir nada sobre o vencedor de Condorbet.

    3) É óbvio que o parlamento (e não os votantes como está no post) preferiu A.C a P.C como primeiro ministro. Mas para chegar a esta conclusão basta constatar que o governo proposto pelo PSD foi chumbado no parlamento enquanto que o proposto pelo PS foi aceite. Não é preciso andar a fazer contas...

    Susana V.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Face à votação nas legislativas a única dúvida que pode haver é sobre se os eleitores do BE e da CDU preferiam Costa ou PPC. Pergunte-lhes e verá a resposta.

      PS Quanto à sondagens, sondagens feitas mal a geringonça foi anunciada davam votações iguais às das legislativas. Ou seja, ninguém, excepto meia-dúzia se sentiu traído.

      PS vejo que ao menos concorda com a tese do artigo no Observador. A tese era, lembro, que face à assembleia eleita o candidato preferido pela maioria era Costa. Fico feliz por concordar.

      PPS com a sua licença, vou-me retirar. Alguém que está convencida de que há um número sensível de eleitores do BE e da CDU que não preferem Costa a Passos Coelho é alguém que está para além das minhas capacidades argumentativas.

      Eliminar
    2. Além disso tudo (e já saindo um pouco do essencial), tenho uma forte suspeita que os eleitores do BE e da CDU que pudessem, em abstrato, não preferir Costa a Passos Coelho coincidem largamente com os mais dados a "se o coletivo decidiu, está decidido" (logo, na situação concreta em que BE, PCP e PEV apoiam o Costa, eles preferem um governo do Costa)

      Eliminar
    3. "Face à votação nas legislativas a única dúvida que pode haver é sobre se os eleitores do BE e da CDU preferiam Costa ou PPC."

      Não concordo que seja a única duvida, nem sequer a mais importante.

      Como tem sido aqui comentado, há um dado muito importante que (me parece) o LAC desvaloriza, o facto de efectivamente a gerigonça, enquanto tal, não ter concorrido.

      Pelo menos eu, não sei se mais alguém, tem uma dúvida grande (e dificilmente a deixarei de ter já que o tempo não volta para trás) que é a de saber qual o efeito nos votantes do PS e nos que deixaram de votar PAF abstendo-se (eleitores em 2011 do PSD e PP). Há por aí um gráfico algures no blog do Pedro Magalhães que mostra ser importante este último grupo.

      Não estou a dizer que toda essa gente fosse votar PAF com medo do papão, mas que tenho a dúvida sobre qual o efeito que a clarificação da geringonça teria sobre o eleitorado do centro, aquele que tem decidido eleições, tenho. E essa dúvida é, para mim, maior que essa outra que para o LAC é a única.

      Digo mais, olhar para isto hoje, em o efeito da resiliência da geringonça tem alterado percepções, não me parece auotorizar tanta certeza sobre como votariam as pessoas numa eleição PAF X Geringonça (com cologação formal ou apenas o anúncio da sua real possibilidade antes de eleições).

      Eliminar
    4. O gráfico de que falava está aqui: http://www.pedro-magalhaes.org/transferencias-de-voto-em-2015/

      As 2 barras mais significativas em termos de transferências são da abstenção para o PS e do PSD para a abstenção. Esses grupos, eleitorado do centro, são muito mais relevantes que as eventuais oscilações nos eleitorados PC e BE.

      Dito de outra forma. O BE e o PC, num cenário da gerinçonça a concorrer não conseguiriam atrair mais eleitorado. O PS poderia perder parte destes que ganhou à abstenção. O PSD poderia ganhar alguns dos que perdeu.

      É disparatado o que estou a dizer? Não me parece.

      São apenas dúvidas.

      Eliminar
  9. Ainda não percebi se o seu argumento é que o resultado está dentro da lei- fruto de oportunidade de abertura nas regras e de manha do candidato, ou se tinha de ser assim por vontade dos eleitores.

    Para se saber tinha de argumentar sem fazer desaparecer comentários

    ResponderEliminar
  10. Repare- o resultado podia ser diferente usando a mesma lógica.
    Daqui pode-se retirar que o resultado não pode ser medido matematicamente nem teria de ser sempre este para satisfazer qualquer lógica-
    Em qualquer dos casos, o governo era legítimo com Passos Coelho ou Costa como PM. Donde o Condorcet não basta para se entender que o Passos Coelho não precisava nada de ser mais sensato e o que disse é verdadeiro- houve golpada.

    ResponderEliminar
  11. "usar a ciência como um bêbado usa um candeeiro"
    (iv em 21 de julho de 2016 às 16:23)
    http://destrezadasduvidas.blogspot.com/2016/07/estados-de-negacao.html?showComment=1469114588016#c2355278826336223133

    Se for como em "O Passeio do Bêbado", de Leonard Mlodinow, ora procuramos conhecer a trajectória (LA-C) ou nos limitamos a assegurar que o protagonista não sairá do mesmo sítio (IV).

    O que sugere a existência de um copo cujo conteúdo foi realisticamente medido pelo LA-C enquanto o IV se limita a dizer que, se o copo fosse mais pequeno, estaria cheio.

    O artigo é bom, muito bom, fazendo justiça certa definição existente no Dicionário Aurélio:

    ÓBVIO [Do lat. obviu.]
    Adj.
    1. Que está diante dos olhos; que salta à vista; MANIFESTO, claro, patente;
    2. AXIOMÁTICO, evidente, incontestável.

    ResponderEliminar
  12. Peço desculpa pelo engano. Afinal o comentário não foi censurado.
    Está é por argumentar a descoberta da legitimidade Constitucional e de onde retirou a ilegitimidade política de Passos Coelho ter dito que o lugar foi usurpado.

    Ambas as questões são verdadeiras- houve usurpação legal- daí ter sido golpada que escolheu particularidade específica para o poder fazer e tal não deriva de obrigatoriedade lógica de voto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "houve usurpação legal"

      O que é que quer dizer com usurpação legal - que a usurpação foi feita de acordo com a lei (mas assim, porque é que é usurpação?), o que de acordo com a lei o que se passou foi uma usurpação?

      Eliminar
  13. Na minha opiniao ha um erro importante na analise do Luis entre outros menos relevantes que é de excluir os efeitos do impacto da mudanca de criterio eleitoral na campanha, na votacao e na abstencao. É o mesmo que dizer que Portugal nao passaria o grupo no Euro se se mantivesse o criterio dos 2 primeiros. Obviamente que nao esta correcto. Portugal procuraria o quarto golo contra a Hungria.

    O senso comum que diz ao Luis que a maioria dos votantes de esquerda prefere Costa ao Passos, o que eu acho logico. Mas sera que essa logica se pode aplicar aos que nao votaram ou votaram em branco. E qual sera o efeito dos que entre os 2 prefereriam abster-se? Sao muitas variaveis por responder para poder dar um toque cientifico à coisa.

    As coisas estao a correr bem com a coligacao o que parece tornar obvia uma legitimidade que nao era assim tao obvia (veja-se este mesmo blog) no momento das eleicoes.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Voltamos sempre ao mesmo argumento. Mal a geringonça foi anunciada, ainda não tinha havido qualquer tempo de governação, as sondagens mostravam resultados praticamente idênticos aos das eleições. (Sondagens que acertaram na mouche, no dia 4 de Outubro, diga-se.)
      Portanto, a única inferência que é razoável é que o eleitorado aceitou pacificamente a solução. Portanto os deputados, que é a quem compete interpretar o voto que receberam, não tiveram nenhum motivo para achar que estavam a ir contra as preferências dos seus votantes.

      Eliminar
    2. http://www.dn.pt/portugal/interior/passos-devia-ser-o-primeiroministro-mas-costa-e-aceite-4922761.html

      A maioria dos inquiridos nesta sondagem - que foi efetuada nos dias 5 e 6 de dezembro, ou seja já após a tomada de posse do governo de António Costa - considera que Pedro Passos Coelho deveria ter sido o primeiro-ministro a sair das eleições, com 52% a pronunciarem-se nesse sentido, contra 37% a escolherem o líder do PS para liderar o executivo e só 11% a não saberem ou quererem responder

      Eliminar

Não são permitidos comentários anónimos.