Marco Rubio, Senador Republicano que representa a Florida no Congresso e membro do U.S. Senate Select Committee on Intelligence, em entrevista na NPR, dizia que não iria participar nem numa caça às bruxas, nem num encobrimento da verdade. Rubio era um dos oponentes mais sonoros à Administração Obama e foi um dos candidatos à Presidência nas Primárias americanas, durante as quais Donald Trump lhe deu a alcunha de "Little Marco". Quando o ouvi a ser entrevistado, ocorreu-me que ele não terá problemas em virar-se contra Trump se vir uma boa oportunidade para o fazer. E como ele, há outros Republicanos assim. Parece-me que iremos assistir a um processo de canibalismo político dentro do Partido Republicano americano.
Depois de Mike Flynn, Jeff Sessions é a segunda pessoa próxima de Trump associada a russos e há quem exija a sua demissão ou, pelo menos, a sua recusa de participar na investigação do papel da Rússia nas eleições. Há umas semanas, noticiava-se que a lista de pessoas próximas de Trump contactadas pela Rússia incluía pelo menos três nomes; falta ainda saber a identidade da terceira. No New York Times de hoje, há mais detalhes acerca do tipo de informação que os serviços secretos americanos têm, há conversas entre oficiais russos onde se discutiam contactos com membros da equipa de Trump:
"The warning signs had been building throughout the summer, but were far from clear. As WikiLeaks was pushing out emails stolen from the Democratic National Committee through online publication, American intelligence began picking up conversations in which Russian officials were discussing contacts with Trump associates, and European allies were starting to pass along information about people close to Mr. Trump meeting with Russians in the Netherlands, Britain and other countries.
But what was going on in the meetings was unclear to the officials, and the intercepted communications did little to clarify matters — the Russians, it appeared, were arguing about how far to go in interfering in the presidential election. What intensified the alarm at the Obama White House was a campaign of cyberattacks on state electoral systems in September, which led the administration to deliver a public accusation against the Russians in October in Mr. Trump’s favor. In early December, Mr. Obama ordered the intelligence community to conduct a full
assessment of the Russian campaign.
[...]
Beyond leaving a trail for investigators, the Obama administration also wanted to help European allies combat a threat that had caught the United States off guard. American intelligence agencies made it clear in the declassified version of the intelligence assessment released in January that they believed Russia intended to use its attacks on the United States as a template for more meddling. “We assess Moscow will apply lessons learned,” the report said, “to future influence efforts worldwide, including against U.S. allies.”"
Fonte: The New York Times
É estranho que os russos tenham sido tão descuidados; não seria muito difícil usar um código de forma a que o nome de Trump e pessoas associadas a ele não fossem facilmente identificáveis nas escutas dos serviços secretos americanos. É como se os russos quisessem ser apanhados. Se era essa a ideia, está a funcionar bem, pois não parece que a história da Rússia morra tão facilmente porque, para além de haver informação que ainda está a ser analisada, o potencial para fugas de informação é enorme pois a Administração Obama deixou tudo o que sabia documentado e disseminado.
A parte pôdre do establishment democrata e republicano, após ter perdido as eleições de forma surpreendente, tenta por todos os meios incendiar uma onda de histeria paranóica russófoba para aliviar o desprezo que o eleitorado lhe manifestou. É de cair o queixo ver orgãos de comunicação que julgavamos institucionais transformados em orgãos de propaganda a esse serviço. Doeu ver a CNN conceder tempos de antena, com uma semana de campanha dedicada e descargas constantes no twitter, aos velhos senhores da guerra , McCain e Graham, companheiros de foto de terroristas, e símbolos vivos do intervencionismo americano dos últimos 40 anos que resultou na expansão do fundamentalismo islâmico, muitos milhares de mortos e vastas regiões do globo sob anarquia. É uma desgraça mil vezes maior do que a eleição de Trump.
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