sexta-feira, 26 de maio de 2017

Contas improváveis

Esta semana, Mário Centeno sugeriu numa entrevista à Reuters que era possível que a economia portuguesa crescesse mais de 3% em termos homólogos no segundo trimestre de 2017. Se isto se verificasse, passaríamos de uma taxa de 2,8% no primeiro trimestre, para uma de mais de 3% no segundo trimestre, ou seja, uma aceleração de pelo menos 0,2%.

Lembrei-me de ir ver os dados históricos e contar quantas vezes é que a variação homóloga do PIB acelerou do primeiro para o segundo trimestre. Construí o seguinte quadro sumário, a partir dos dados do INE:


Nota: anos sombreados a verde indicam que
a Páscoa calhou em Abril nesse ano

Usando dados de 1996 até agora, uma aceleração só aconteceu sete vezes. Duas vezes, não houve diferença entre primeiro e segundo trimestre, e 12 vezes, houve desaceleração. Ou seja, desde 1996, a probabilidade de haver uma aceleração é de 33%.

Na minha contagem, também vi em que mês calhava a Páscoa. Desde 1996, a Páscoa calhou em Abril 15 vezes (anos sombreados a verde); dessas, apenas seis vezes houve uma aceleração. Em dois anos, ficou na mesma, e sete vezes houve uma desaceleração.

Se olharmos apenas para o desempenho histórico da economia portuguesa, concluímos que as expectativas de Mário Centeno não são impossíveis, mas são improváveis. O mais provável é haver uma desaceleração. Continuo a não perceber a metodologia usada para fazer projecções para a economia portuguesa e tenho dúvidas acerca dos benefícios de criar expectativas irrealistas na imprensa estrangeira.



1 comentário:

  1. Durante o governo PAF empobrecemos 3,7% em relação a 2010 e 6,5% em relação a 2016).
    Anos pós crise do governo PS crescemos e anos pós crise do governo PAF decrescemos
    Anos pós Crise
    2008 178.872.581
    2009 175.448.191
    2010 179.929.812


    Anos igualmente Pós Crise
    2011 176.166.578
    2012 168.397.967
    2013 170.269.327
    2014 173.079.055

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.