Tem-se falado muito do perigo do populismo, mas pouco do chamado elitismo. O elitismo é uma espécie de populismo virado do avesso. Para os “elitistas”, a democracia é uma “hooligania”, dominada por escroques, ignorantes e estúpidos. O mundo caminharia assim para o abismo. É, por conseguinte, necessário proteger o povo de si próprio. Soluções? Entregar a política às elites, que, a bem do povo, governariam muitas vezes contra a vontade deste. E, como defendem alguns teóricos, só votariam, por exemplo, os que passassem num teste de literacia política. Nada disto me parece realista ou viável. De qualquer maneira, não há nenhuma razão para acreditarmos que as elites acertam mais do que o povo. Nem menos, já agora. Como explicam, por exemplo, Maquiavel ou Hobbes, a natureza humana é a mesma, os instintos do povo e das elites são os mesmos. Nem melhores, nem piores.
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