Independentemente do que se possa achar de jantares no Panteão, devia ser consensual que um líder do governo português tem de trabalhar para salvaguardar a boa reputação do país, especialmente quando os portugueses passaram ndurante a última década por dificuldades e humilhações a nível internacional. Realizar a Web Summit em Lisboa foi vendido aos portugueses como uma oportunidade de dinamizar o país e de o colocar mais próximo da vanguarda da inovação tecnológica. Se realmente será isso, ainda é cedo para saber; mas o que devia ser óbvio é que todas as oportunidade têm os seus riscos e estes têm de ser geridos e idealmente minimizados.
O jantar no Panteão demonstrou-nos que um evento que não tem nada a ver com os objectivos iniciais da Web Summit é o suficiente para mostrar ao mundo que Portugal não se governa, desgoverna-se. Caberia ao Primeiro Ministro, face às reacções viscerais ao jantar, assegurar aos portugueses que apesar do descontentamento, ir-se-ia ter mais cuidado no futuro não só no Panteão, mas com outros monumentos, e que o importante era que a Web Summit tinha corrido bem e que tínhamos de continuar a dar ao mundo uma imagem de profissionalismo e capacidade de lidar com situações menos agradáveis.
Em vez de um discurso apartidário, que realinhasse os ânimos dos portugueses para o interesse maior de levar Portugal ao mundo, preferencialmente de uma forma positiva -- afinal não é isso o que fizeram as pessoas cujo corpo descansa agora no Panteão? --, o Primeiro Ministro serviu-nos um discurso divisivo, em que demonstra que continua a colocar os interesses do seu partido à frente dos interesses do país. E ainda temos o Paddy Cosgrave, da Web Summit, a pedir desculpa no Twitter e a dizer que na Irlanda a relação dos mortos com os vivos é diferente e que não tinha feito por mal.
Concluindo, demos a impressão ao mundo de que somos um povo incapaz de gerir o nosso património cultural, desconhecemos a nossa própria lei, e somos intolerantes dos costumes de pessoas de culturas diferentes; tudo isto depois de gastarmos milhares de euros a tentar atrair estrangeiros para Portugal. Julgo que não era esta a imagem que queríamos cultivar e é uma vergonha que tenhamos deixado a situação chegar a este ponto -- os nossos mortos do Panteão mereciam melhor.
Como se explica que em 2013, tenha havido um jantar no Panteão chamado " Fado in Lisbon" e o Decreto que regulariza aluguer de espaços históricos só saíu em 2014? Era possível alugar patrimonio histórico e cultural sem ser necessário ser votado por unanimidade na AR ou haja algo escrito? Isto é quase tão mau como ter um carro do Estado a fazer serviços de UBER...
ResponderEliminarA Segunda estranheza é a Associação do turismo de Lisboa ter fins privados mas a presidência é assumida pelo Presidente da CML, na altura era o Costa, vir agora dizer que o Costa, não teve interferência na escolha do local nem qualquer conhecimento da mesma... ?
No mês passado houve lá um jantar organizado pela NAV..... No jantar do SUMMIT foram convidados membros do Governo, e o Costa vem dizer que não sabia de nada e repudia o jantar? Pelos vistos ninguém autorizou nada... Sem dúvida uma péssima imagem que passa para o exterior e só me faz lembrar aquela expressão " Sem rei nem roque" :)
"Como se explica que em 2013, tenha havido um jantar no Panteão chamado " Fado in Lisbon" e o Decreto que regulariza aluguer de espaços históricos só saíu em 2014? "
EliminarO decreto, no preâmbulo, diz precisamente que serve para homogeneizar práticas que já existiam e que eram decididas casuisticamente. Ou seja, independentemente do caso concreto, pelo que está escrito no decreto percebe-se que estas situações já teriam ocorrido antes.
De repente fiquei a saber que montes de pessoas já alugaram estes espaços e que até já existia um regulamento antigo que dizia que a receita angariada com os alugueres tinha de ser revertida para as obras de conservação do monumento que estava-se a alugar e pelos vistos naquela sala não estão mortos portanto não vejo como pode considerar que o regulamento novo seja melhor que o antigo porque homogeneíza práticas e se não é respeitado e pelos vistos até fazem jantares sem ninguém autorizar. LOL
EliminarMas alguém considerou que o novo regulamento é melhor ou pior?
EliminarPois não disse. :_)
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