Quando o Presidente Trump acusou alguns países de serem "shitholes" e questionou porque é que os EUA não atraíam mais pessoas da Noruega, a pessoa que o opôs foi Lindsey Graham, um senador republicano da Carolina do Sul que disse "A America é uma idea, não é uma raça" e ofereceu a diversidade dos EUA como uma força, em vez de uma fraqueza.
Ontem, na Marcha das Mulheres, em Houston, o Mayor da cidade, Sylvester Turner, um homem democrata e negro, afirmou o mesmo no seu discurso. Houston é a cidade com mais diversidade dos EUA: uma em cada quatro pessoas nasceu noutro país e os residentes de Houston falam mais de 140 línguas. "A causa é justa", disse, acerca da motivação da Marcha das Mulheres, mas diversidade é apenas uma condição necessária, não é uma condição suficiente para honrar os valores mais altos pelos quais marchamos. Também é necessário que haja inclusão, alertou o Mayor, que todos tenham representação democrática: que haja maior diversidade nos candidatos, no voto, e na eleição e nomeação de pessoas. É importante que todos os residentes encontrem uma forma de participar na construção do futuro da cidade para que o processo de inclusão seja aprofundado. Nesse aspecto, apresentou Houston como um farol para o resto do país: o futuro dos EUA é tornar-se ainda mais diverso e inclusivo, não há como parar este movimento e quem o opuser estará do lado errado da história.
Quem olha para a Marcha das Mulheres e acha que para os americanos é suficiente que haja mais mulheres no governo não compreende a natureza dos EUA. A causa da Marcha das Mulheres é elucidativa: procuram-se candidatos, homens e mulheres, de raças e etnias diferentes, de orientação sexual diferente, de estratos sociais diferentes, etc. Ser mulher não é suficiente. Aliás, é essa uma crítica que se faz à Casa Branca de Trump: não há diversidade étnica, nem racial, nem socio-económica. Omarosa Manigault-Newman, uma mulher negra assessora de Trump na Casa Branca, que era uma linha de defesa contra esta crítica, demitiu-se recentemente. Em fotografias oficiais, o Presidente Trump rodeia-se de mais homens, quase todos brancos, em contraste com as fotos da Administração Obama -- a equipa de Trump contem mais homens do que as equipas dos últimos seis presidentes.
A 20 de Março irão realizar-se as eleições primárias para as mid-terms de 2018, nos EUA. Nessa altura, poderemos avaliar se a mensagem de diversidade e inclusão está a ganhar força.
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