O Brock Long demitiu-se da FEMA (Federal Emergency Management Agency), depois de um pequeno escândalo em que se soube que ele usava o carro oficial para viagens a casa, o que instigou uma investigação. Já vos falei do Brock Long antes a propósito de tempestades que atingiram os EUA. Mas as verdadeiras manchas do seu desempenho são o furacão Maria, que atingiu Porto Rico e causou a morte de mais de três mil pessoas, número que só foi admitido cerca de um ano depois, e o furacão Michael, cujo número de fatalidades ainda não sabemos ao certo.
O fulcro da questão não é o Brock Long em si, mas o seu mau desempenho. Houve coisas que correram bem quando estava em funções, por exemplo, acho que a resposta ao furacão Harvey foi bastante boa, mas dada a inconsistência de resultados, é credível que a responsabilidade desse sucesso se deva mais ao governo local de Houston e do Texas, do que à FEMA.
Frequentemente penso no conceito de sucesso e do que significa ser bom. Para se saber se alguém é bom, é necessário que haja repetição e adversidade, ou seja, temos de observar a pessoa em várias circunstâncias e, idealmente, essas cirscunstâncias são caracterizadas por serem difíceis. A repetição serve para controlar o factor sorte e a adversidade para controlar a maior probabilididade que está associada a resultados em torno da média.
Estas ideias são bastante pertinentes na selecção de pessoas que se quer num Conselho de Administração; o ideal é mesmo alguém que tenha uma riqueza de experiências e que se tenha distinguido consistentemente em situações adversas. A razão é muito simples: queremos pessoas com capacidade de pensar e imaginar os extremos de risco a que a entidade está sujeita. Assim, essa pessoa faz as perguntas necessárias e conduz as investigações que acha pertinentes. E tendo um grupo de pessoas com estas características num Conselho de Administração, conseguimos controlar o risco e minimizar a probabilidade de resultados negativos.
Em Portugal não se pensa assim porque os resultados desastrosos que a banca tem obtido demonstram que as pessoas que são nomeadas para os Conselhos de Administração não agem de forma a minimizar o risco; ser membro é mais uma questão de honra do que de dever. Até penso que devem achar que a probabilidade das coisas correrem mal é tão baixa que não vale a pena estar a perder tempo com isso; só que quando se conclui tal coisa estamos a inferir fora da amostra. O facto de as coisas más não aconteceram tão frequentemente não é tanto que sejam tão improváveis, mas mais o resultdo de ser-se negligente, cometer-se ilegalidades, etc. serem comportamentos eles próprios improváveis.
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