domingo, 24 de março de 2019

Irrevogável, a sério

Uma coisa que noto na minha interacção com os portugueses é que não têm noção do tempo em que vivem. Hoje em dia está tudo documentado e nada do que dizemos ou fazemos na Internet será apagado. Há pessoas que nem precisam de andar na Internet para terem a sua vida documentada, é o caso de políticos. Posto isto, acho curioso que não se tenha noção do nosso lugar na história--como é que cada um de nós quer ser lembrado daqui a 100 anos?

Portugal continua a sua tendência de decadência, houve apenas um interregno proporcionado pelos fundos comunitários, mas o empobrecimento vai acelerar por causa da dinâmica da população. Não só se empobrecerá porque a taxa de natalidade é baixa, como se irá empobrecer porque os jovens mais qualificados e que têm opção de sair, irão sair porque hoje em dia trabalhamos ao nível planetário.

Um dia, Portugal será um "case study" sobre o empobrecimento acelerado e nesse dia, quando a capacidade analítica for mais bem avançada do que o é hoje, tudo o que os portugueses publicam online será vasculhado para se tentar construir o porquê da coisa. Ir-se-ão encontrar as patetices do Presidente da República a dizer que as mulheres portuguesas são as melhores do mundo, um Primeiro Ministro que enche o Governo de famílias porque depois de ter criado uma alvo para a participação das mulheres, não soube criar um processo que investisse na formação e promoção delas, deferindo tal tarefa para pais e maridos, partidos que se dizem pró-mulheres e nunca tiveram uma mulher líder, etc.

Pode-se dizer que o nosso passado passará a ser irrevogável, mas a sério...

1 comentário:

  1. Por falar em vasculhar o passado. Que tal recordar aquilo que, nesta casa, se disse e escreveu, em posts e comentários, aquando das últimas eleições legislativas? https://www.ft.com/content/0037f404-4fea-11e9-9c76-bf4a0ce37d49

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