President Trump was booed loudly by the fans at Nats Park when he was shown on the big screen.
— Adam Longo (@adamlongoTV) October 28, 2019
Then came a loud chant: “Lock him up.” @wusa9 pic.twitter.com/LBbgSAHd6k
Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
Viva, viva!
Os Nationals ganharam a World Series! Estou um bocadito triste porque os Astros perderam, mas os Nationals andaram pela TV esta semana porque, quando o Presidente Trump os foi ver jogar contra os Houston Astros em Washington, D.C. (os Nationals são de lá), o público desatou a cantar "Lock him up!"
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
Mais vale
Mais vale a busca infeliz do que um destinozinho de pseudo-felicidade, que nos reduz a uma coisa rasa, frívola, e inconsequente. Alimente-se a ilusão e procure-se a profundidade que nos afoga em emoções e desejos impossíveis. Sinta-se plenamente, mesmo sem sentido algum porque nada tem ou pode ter sentido. Nada pode ser sentido a não ser aquilo que buscamos indefinidamente.
~ 25/3/2016
~ 25/3/2016
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Variedade de sotaques
Não sei se já vos tinha dito, mas depois de viver em Houston, onde a NPR passa programas de notícias a toda a hora, fiquei completamente sem paciência para ouvir música clássica na rádio. Prefiro mesmo estar a ouvir notícias. Não imaginam o quão anormal isto é porque a minha mãe chateava-me imenso de eu não ler jornais, nem ver o telejornal, e só ligava a filmes e música pop. Trinta anos depois e sou o completo oposto, se bem que não vejo TV, a não ser que esteja no ginásio no treadmill.
As estações locais membros da NPR, National Public Radio, normalmente estão situadas em universidades americanas. Por exemplo, havia uma na Oklahoma State University onde eu estudei (era a KOSU) e outra na Universidade do Arkansas onde trabalhei (a KUAF). Em ambas, passavam notícias logo de manhã, mais ou menos das 6 da manhã à 9 e depois a partir das 15 horas. O tempo entre estes dois blocos era consumindo por música clássica. Esta é a fórmula da estação principal da NPR aqui em Memphis, a WKNO, mas, como vos disse no outro dia, têm mais dois canais de HD (alta definição, será?).
O terceiro canal, o tal que passa a BBC World service, é o que me mantém mais calma. Para além de eu achar completamente sublime que se ouça tantos sotaques diferentes de inglês numa só rádio -- ele há os britânicos, os americanos, os indianos, os africanos, australianos, etc., e também há pessoas que falam inglês como segunda língua, que é o meu caso, -- aprende-se imenso de história, arte, cultura, economia, etc. Por falar em economia, sempre que eu ouço o Tim Harford, que é o Undercover Economist, fico completamente em êxtase. Ele tem um inglês tão lindo, que podem ouvir no programa da BBC, 50 Things That Made the Modern Economy.
Este fim-de-semana, um dos programas falava sobre se a matemática apenas descrevia a realidade ou se era uma coisa que existia e nós a descobríamos. É uma questão filosófica bastante interessante e, se os vosso filhos sabem inglês, aconselho vivamente a que partilhem este programa, o Crowd Science, com eles. Hoje, à hora de almoço passaram outro programa muito bom, o People Fixing Things, em que falaram de jogos online que têm uma componente lúdica, mas também servem para avançar a ciência, pois são usados para descobrir coisas como novas proteínas. Um dos entrevistados, bastante optimista, dizia que os computadores ao terem a capacidade de fazer as tarefas repetitivas, libertavam os humanos para pensar em problemas mais interessantes e criativos. A economia do futuro, dizia ele, era a economia pensante -- thinking economy.
Já não vivo em Portugal há mais de 20 anos, não faço ideia do que se ouve na rádio, mas acho que não há programas deste género. Aliás, até tenho dúvidas que em Portugal os apresentadores de rádio tenham uma grande variedade de sotaques e pontos de vista. E é pena, pois há bastantes países no mundo que falam português com sotaque diferente do nosso--bem, do vosso, porque me dizem bastantes vezes que o meu sotaque quando falo português já não é português.
As estações locais membros da NPR, National Public Radio, normalmente estão situadas em universidades americanas. Por exemplo, havia uma na Oklahoma State University onde eu estudei (era a KOSU) e outra na Universidade do Arkansas onde trabalhei (a KUAF). Em ambas, passavam notícias logo de manhã, mais ou menos das 6 da manhã à 9 e depois a partir das 15 horas. O tempo entre estes dois blocos era consumindo por música clássica. Esta é a fórmula da estação principal da NPR aqui em Memphis, a WKNO, mas, como vos disse no outro dia, têm mais dois canais de HD (alta definição, será?).
O terceiro canal, o tal que passa a BBC World service, é o que me mantém mais calma. Para além de eu achar completamente sublime que se ouça tantos sotaques diferentes de inglês numa só rádio -- ele há os britânicos, os americanos, os indianos, os africanos, australianos, etc., e também há pessoas que falam inglês como segunda língua, que é o meu caso, -- aprende-se imenso de história, arte, cultura, economia, etc. Por falar em economia, sempre que eu ouço o Tim Harford, que é o Undercover Economist, fico completamente em êxtase. Ele tem um inglês tão lindo, que podem ouvir no programa da BBC, 50 Things That Made the Modern Economy.
Este fim-de-semana, um dos programas falava sobre se a matemática apenas descrevia a realidade ou se era uma coisa que existia e nós a descobríamos. É uma questão filosófica bastante interessante e, se os vosso filhos sabem inglês, aconselho vivamente a que partilhem este programa, o Crowd Science, com eles. Hoje, à hora de almoço passaram outro programa muito bom, o People Fixing Things, em que falaram de jogos online que têm uma componente lúdica, mas também servem para avançar a ciência, pois são usados para descobrir coisas como novas proteínas. Um dos entrevistados, bastante optimista, dizia que os computadores ao terem a capacidade de fazer as tarefas repetitivas, libertavam os humanos para pensar em problemas mais interessantes e criativos. A economia do futuro, dizia ele, era a economia pensante -- thinking economy.
Já não vivo em Portugal há mais de 20 anos, não faço ideia do que se ouve na rádio, mas acho que não há programas deste género. Aliás, até tenho dúvidas que em Portugal os apresentadores de rádio tenham uma grande variedade de sotaques e pontos de vista. E é pena, pois há bastantes países no mundo que falam português com sotaque diferente do nosso--bem, do vosso, porque me dizem bastantes vezes que o meu sotaque quando falo português já não é português.
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Actualização de Garrett
“Foge, cão, que te fazem Barão! Para onde, se me fazem Visconde?”
~ Almeida Garrett
Não andes acordado, que te fazem Secretário de Estado! Mas eu mal o olho pisco e querem me fazer Ministro.
~ Almeida Garrett
Não andes acordado, que te fazem Secretário de Estado! Mas eu mal o olho pisco e querem me fazer Ministro.
sábado, 19 de outubro de 2019
História Ambiental
Já disse aqui várias vezes que a área que escolhi para o meu mestrado e depois para o doutoramento foi problemas ambientais. Na altura, segunda metade da década de 90, apesar de se começar a falar bastante em ambiente em Portugal, principalmente por causa da CEE, a única cadeira dedicada ao ambiente na FEUC era Direito Ambiental.
Não sei se havia alguma universidade em Portugal onde fosse possível estudar economia e ambiente, mas mesmo que houvesse, eu não tinha dinheiro para ir estudar fora de Coimbra, nem sequer tinha notas, logo a solução era mesmo emigrar. E como adoro inglês, foi ouro sobre azul poder viver num país onde tenho o enorme luxo de poder falar e escrever a minha língua predilecta todos os dias.
Uma das melhores coisas que há nos EUA é os programas de rádio da National Public Radio. Em Memphis, a estação local da rede da NPR tem três canais em HD. Os primeiros dois alternam programação de música clássica e programas informativos ou de tópicos mais ligeiros; o terceiro canal tem quase sempre a emissão da BBC World Service.
Na BBC costumo ouvir diariamente o BBC Witness History, com o qual aprendo imenso: demora cerca de 10 minutos e é sobre um tema histórico. Esta semana, têm estado a passar episódios sobre História Ambiental. Se ouvirem estes últimos cinco episódios, ficarão bastante informados acerca de alguns dos tópicos mais importantes sobre como aprendemos o que sabemos sobre o ambiente.
Quando comecei a estudar nos EUA, era bastante idealista e lembro-me de ter dito ao meu orientador que o ambiente tinha de ser sempre preservado, mas ele disse-me que não. Havia um equilíbrio, mas esse equilíbrio não era um ambiente sem actividade humana. Ou seja, onde há raça humana ou outra raça qualquer, haverá sempre modificação do ambiente; nem sempre essa modificação é sustentável no curto prazo, mas a longo prazo, as espécies que abusam do ambiente acabam por sofrer reduções na taxa de sobrevivência.
Os últimos 100 anos são caracterizados por um enorme sucesso no aumento da sobrevivência da raça humana, mas o que é desconhecido é a população mundial de equilíbrio. Sabemos, no entanto, que é inferior à população actual.
Recomendo dois episódios desta semana: um sobre Norman Borlaug e o seu trabalho na selecção de espécies agrícolas resistentes a doenças e com maior rendimento agrícola através do uso de fertilizantes químicos, que foi tópico da minha cadeira de Conservação de Solos e Água. Estima-se que o trabalho de Borlaug tenha permitido a sobrevivência de mil milhões de pessoas, quase um sétimo da população mundial. O outro sobre Charles Keeling, que foi o primeiro cientista a medir a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, tendo este trabalho sido iniciado nos anos 50.
Não sei se havia alguma universidade em Portugal onde fosse possível estudar economia e ambiente, mas mesmo que houvesse, eu não tinha dinheiro para ir estudar fora de Coimbra, nem sequer tinha notas, logo a solução era mesmo emigrar. E como adoro inglês, foi ouro sobre azul poder viver num país onde tenho o enorme luxo de poder falar e escrever a minha língua predilecta todos os dias.
Uma das melhores coisas que há nos EUA é os programas de rádio da National Public Radio. Em Memphis, a estação local da rede da NPR tem três canais em HD. Os primeiros dois alternam programação de música clássica e programas informativos ou de tópicos mais ligeiros; o terceiro canal tem quase sempre a emissão da BBC World Service.
Na BBC costumo ouvir diariamente o BBC Witness History, com o qual aprendo imenso: demora cerca de 10 minutos e é sobre um tema histórico. Esta semana, têm estado a passar episódios sobre História Ambiental. Se ouvirem estes últimos cinco episódios, ficarão bastante informados acerca de alguns dos tópicos mais importantes sobre como aprendemos o que sabemos sobre o ambiente.
Quando comecei a estudar nos EUA, era bastante idealista e lembro-me de ter dito ao meu orientador que o ambiente tinha de ser sempre preservado, mas ele disse-me que não. Havia um equilíbrio, mas esse equilíbrio não era um ambiente sem actividade humana. Ou seja, onde há raça humana ou outra raça qualquer, haverá sempre modificação do ambiente; nem sempre essa modificação é sustentável no curto prazo, mas a longo prazo, as espécies que abusam do ambiente acabam por sofrer reduções na taxa de sobrevivência.
Os últimos 100 anos são caracterizados por um enorme sucesso no aumento da sobrevivência da raça humana, mas o que é desconhecido é a população mundial de equilíbrio. Sabemos, no entanto, que é inferior à população actual.
Recomendo dois episódios desta semana: um sobre Norman Borlaug e o seu trabalho na selecção de espécies agrícolas resistentes a doenças e com maior rendimento agrícola através do uso de fertilizantes químicos, que foi tópico da minha cadeira de Conservação de Solos e Água. Estima-se que o trabalho de Borlaug tenha permitido a sobrevivência de mil milhões de pessoas, quase um sétimo da população mundial. O outro sobre Charles Keeling, que foi o primeiro cientista a medir a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, tendo este trabalho sido iniciado nos anos 50.
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Contagem final
Ora, hoje são 16 de Outubro, que era o dia até ao qual iam contar os votos dos emigrantes. A ver se amanhã os jornais portugueses falam do final da contagem oficial dos votos. Já sabemos que nós emigrantes somos as ovelhas negras aí do burgo, mas a ver se o pessoal disfarça melhor porque parece mal serem tão mal-educados.
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
Pela vizinhança
Um casal de vizinhos que mora perto de mim tem um enorme horror aos Democratas e frequentemente me explica que o partido Democrata não tem qualquer ideia do que os Estados Unidos são. Os meus vizinhos têm mais de 80 anos e são do tempo em que os Democratas eram o partido dos negros, da classe trabalhadora branca, e dos segregacionistas do sul dos EUA.
sábado, 12 de outubro de 2019
Feliz para sempre
Segundo o que relatam os jornais, depois do debate na RTP, André Ventura cumprimentou todos os representantes de partidos, mas Joacine Katar Moreira recusou-se a apertar-lhe a mão. Ele diz que ela lhe disse para desaparecer; ela diz que lhe disse adeus e levantou a mão. Nas redes sociais, ele pergunta aos seguidores se irá ter de aturar este "tipo de gente" por quatro anos; Joacine por seu lado diz que daqui para a frente lhe irá oferecer o tratamento do silêncio.
Os membros do Parlamento português representam os cidadãos portugueses e não os seus eleitores. Como tal, penso que o mais prudente não é evitarem-se, mas pedirem desculpa um ao outro porque dá ideia que reagiram a sangue quente. Ele deve ter ficado ofendido de ela não lhe ter apertado a mão novamente; ela não deve ter querido ofendê-lo, pois já o tinha cumprimentado antes.
Os dois deviam demonstrar serem pessoas maduras e fazer um favor a Portugal: dão um beijinho, fazem as pazes, e dizem que têm muitas opiniões diferentes, mas irão ultrapassar este mal-entendido e trabalharão um com o outro quando houver oportunidade.
E Portugal viveria feliz para sempre...
Os membros do Parlamento português representam os cidadãos portugueses e não os seus eleitores. Como tal, penso que o mais prudente não é evitarem-se, mas pedirem desculpa um ao outro porque dá ideia que reagiram a sangue quente. Ele deve ter ficado ofendido de ela não lhe ter apertado a mão novamente; ela não deve ter querido ofendê-lo, pois já o tinha cumprimentado antes.
Os dois deviam demonstrar serem pessoas maduras e fazer um favor a Portugal: dão um beijinho, fazem as pazes, e dizem que têm muitas opiniões diferentes, mas irão ultrapassar este mal-entendido e trabalharão um com o outro quando houver oportunidade.
E Portugal viveria feliz para sempre...
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
Abstencionista e ausente
Desde há umas semanas, nos grupos de Facebook frequentados por emigrantes portugueses, notou-se um enorme interesse em participar nas últimas eleições. As pessoas perguntavam umas às outras como podiam votar, se já tinham recebido o boletim de voto, se tinham tido problemas em enviar por correio, se o boletim tinha sido devolvido, etc.
Parece que o governo português decidiu enviar boletins de voto com um envelope de retorno, em que a morada do remetente e do destinatário no envelope estavam pré-preenchidos na face do envelope e alguns correios não percebendo de como encaminhar a carta, devolveram para o remetente. Foi o que se pagou com alguns votos enviados do Reino Unido. Aliás os correios de sua majestade estavam a investigar o que se passava com os votos portugueses. Depois também houve problemas porque o envelope de retorno era pré-pago e alguns correios não o reconheceram. A modos que há uma petição "Também somos portugueses" que visa que o Parlamento passe uma lei que facilite o voto aos emigrantes.
Mas será que vale a pena? Os emigrantes tinham até 6 de Outubro para enviar os votos pelo correio, o que é difícil de comprovar porque um envelope pré-pago não leva carimbo, e os votos teriam de chegar a Lisboa até 16 de Outubro. Hoje são 9 de Outubro e o Presidente da República já indicou ontem que quer indigitar o Primeiro Ministro porque os votos já estão contados. Ainda por cima, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao voto antes da eleição e agora, pela sua atitude, apela a que não se contem os votos restantes. Depois quem não vota, os chamados abstencionistas, são maus.
Eu não votei. Quando contactei o consulado para pedir um boletim de voto lamentaram, mas já tinham enviado o boletim e já era tarde para actualizar a morada -- temos de o fazer 60 dias antes das eleições. Eu não sabia do prazo, logo não actualizei a tempo. O engraçado é que na Primavera passada os senhores da Autoridade Tributária enviaram-me um email a mandar-me limpar o pinhal porque era obrigatário os donos limparem os pinhais. Só que eu não sou dona de nenhum pinhal; mas sou recenseada, logo sou eleitora, logo porque é que o mesmo governo que me manda limpar um pinhal que eu não tenho, não me pode mandar actualizar a morada a tempo e horas?
Não se preocupem comigo, que sei cuidar muito bem de mim, pois para além de abstencionista, decidi ser ausente. Já não vou a Portugal desde Junho do ano passado, apesar de ter 30 dias úteis de férias por ano e também tenho direito a dois feriados flutuantes, quer dizer, que posso tirar quando me apetece, então 32 dias úteis livres por ano (são mais de seis semanas) na América, onde o capitalismo reina em força.
Desde a ultima vez que fui a Portugal, já fui a Nova Iorque três fins-de-semana longos, Washington, D.C., por duas semanas, Houston dois fins-de-semana longos, Nashville fim-de-semana longo, e agora vou passar um fim de semana longo a Bentonville, AR, para visitar o Crystal Bridges Museum, e depois vou passar um fim-de-semana longo em Miami, em Dezembro, e o meu hotel vai ser mesmo na praia--cheguei a dizer-vos que em Nova Iorque fiquei no Hotel Roosevelt uma vez e noutra fiquei no Park Lane, que é mesmo em Central Park, é só atravessar a rua?
Ou seja, desde que estive em Portugal, já gastei bem mais de 10 mil euros em viagens e Portugal não recebeu nada.
Parece que o governo português decidiu enviar boletins de voto com um envelope de retorno, em que a morada do remetente e do destinatário no envelope estavam pré-preenchidos na face do envelope e alguns correios não percebendo de como encaminhar a carta, devolveram para o remetente. Foi o que se pagou com alguns votos enviados do Reino Unido. Aliás os correios de sua majestade estavam a investigar o que se passava com os votos portugueses. Depois também houve problemas porque o envelope de retorno era pré-pago e alguns correios não o reconheceram. A modos que há uma petição "Também somos portugueses" que visa que o Parlamento passe uma lei que facilite o voto aos emigrantes.
Mas será que vale a pena? Os emigrantes tinham até 6 de Outubro para enviar os votos pelo correio, o que é difícil de comprovar porque um envelope pré-pago não leva carimbo, e os votos teriam de chegar a Lisboa até 16 de Outubro. Hoje são 9 de Outubro e o Presidente da República já indicou ontem que quer indigitar o Primeiro Ministro porque os votos já estão contados. Ainda por cima, Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao voto antes da eleição e agora, pela sua atitude, apela a que não se contem os votos restantes. Depois quem não vota, os chamados abstencionistas, são maus.
Eu não votei. Quando contactei o consulado para pedir um boletim de voto lamentaram, mas já tinham enviado o boletim e já era tarde para actualizar a morada -- temos de o fazer 60 dias antes das eleições. Eu não sabia do prazo, logo não actualizei a tempo. O engraçado é que na Primavera passada os senhores da Autoridade Tributária enviaram-me um email a mandar-me limpar o pinhal porque era obrigatário os donos limparem os pinhais. Só que eu não sou dona de nenhum pinhal; mas sou recenseada, logo sou eleitora, logo porque é que o mesmo governo que me manda limpar um pinhal que eu não tenho, não me pode mandar actualizar a morada a tempo e horas?
Não se preocupem comigo, que sei cuidar muito bem de mim, pois para além de abstencionista, decidi ser ausente. Já não vou a Portugal desde Junho do ano passado, apesar de ter 30 dias úteis de férias por ano e também tenho direito a dois feriados flutuantes, quer dizer, que posso tirar quando me apetece, então 32 dias úteis livres por ano (são mais de seis semanas) na América, onde o capitalismo reina em força.
Desde a ultima vez que fui a Portugal, já fui a Nova Iorque três fins-de-semana longos, Washington, D.C., por duas semanas, Houston dois fins-de-semana longos, Nashville fim-de-semana longo, e agora vou passar um fim de semana longo a Bentonville, AR, para visitar o Crystal Bridges Museum, e depois vou passar um fim-de-semana longo em Miami, em Dezembro, e o meu hotel vai ser mesmo na praia--cheguei a dizer-vos que em Nova Iorque fiquei no Hotel Roosevelt uma vez e noutra fiquei no Park Lane, que é mesmo em Central Park, é só atravessar a rua?
Ou seja, desde que estive em Portugal, já gastei bem mais de 10 mil euros em viagens e Portugal não recebeu nada.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Ufa!
Safamo-nos de boa, vamos ter um PM genial outra vez, e que acha bem bater em velhinhos para defender a honra, logo temos um homem honrado. Mas o mais importante é ser genial porque, no fim de Outubro, o Reino Unido pode sair da UE e, soubemos há poucos dias que a administração Trump vai impor tarifas de 25% a centenas de produtos portugueses--logo os EUA, com os quais Portugal tem um excedente comercial. Mas não há-de ser nada, temos um génio ao leme e um Cristiano Ronaldo das Finanças na retaguarda.
Hmmm, será que o génio já sabe?
Hmmm, será que o génio já sabe?
domingo, 6 de outubro de 2019
A última das liberdades
"Everything can be taken from a man but one thing: the last of the human freedoms—to choose one’s attitude in any given set of circumstances, to choose one’s own way."
~ Viktor Frankl, Austrian neurologist and psychiatrist as well as a Holocaust survivor.
~ Viktor Frankl, Austrian neurologist and psychiatrist as well as a Holocaust survivor.
Descubra as diferenças
Cidadão confronta Boris Johnson, Primeiro Ministro do Reino Unido
Cidadão confronta António Costa, Primeiro Ministro de Portugal
Cidadão confronta António Costa, Primeiro Ministro de Portugal
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
À espera da resposta certa
Os empresários portugueses têm, ao longo do último ano, exibido publicamente uma peculiar dificuldade em perceber porque é que não conseguem recrutar trabalhadores em número suficiente. O primeiro artigo de que me recordo de ler sobre o assunto foi sobre o setor da hotelaria e da restauração, especificamente no Algarve. Mais recentemente, sai novo artigo, desta vez citando empresários do setor florestal, que se queixavam que “nem com salários de mil euros” conseguiam encontrar trabalhadores suficientes. Já esta semana, apareceu mais um artigo, novamente citando os empresários da hotelaria e restauração, mas agora de todo o país.
É verdade que não é a primeira vez que portugueses fazem uma pergunta com resposta óbvia, e que isso faz notícia. Há sempre o exemplo de Cavaco, que um dia perguntou o que era preciso fazer para que nascessem mais crianças. O curioso não é que fazer uma pergunta óbvia seja notícia - o facto de um empresário assumir que desconhece noções básicas de Economia merece ser notícia -, mas que a pergunta continue a ser feita, que continue a ser notícia, e que ninguém lhes responda.
A explicação de primeira aula de Microeconomia para este fenómeno é muito simples: Um empresário que procura trabalhadores, mas os trabalhadores não querem trabalhar para ele, terá de subir o salário. Se não conseguir subir o salário, e se o seu negócio não sobrevive sem esses trabalhadores, então não são os trabalhadores que estão a menos: é o negócio que está a mais. Tudo isto é relativamente simples, não é? Então o que é que os empresários não compreendem?
Se calhar os gestores não percebem mesmo nada de Economia. Isso é uma das primeiras coisas que se ensinam nas faculdades de Economia - ainda antes, se calhar, daquela lição sobre os salários. Mas não é lá muito plausível - ao contrário da teoria dos salários. Uma explicação mais convincente é que sabem a resposta, mas não gostam dela. Eu também sei porque é que tenho um Clio, e não um Maserati, mas preferia outra resposta. Em vez de ser sincero comigo próprio e com os demais, podia, por exemplo, querer que alguém pagasse uma parte do Maserati, de modo a que o pudesse comprar ao preço do Clio. Só que não há muita gente que alinhe nisso.
Conscientes disso, os empresários prefeririam que outros pagassem os salários que eles não querem pagar. Que o governo baixasse impostos, ou que aumentasse os subsídios, para os salários mais baixos. Ou que se reduzissem as prestações sociais, para que os trabalhadores fossem obrigados a aceitar trabalhar por menos.
Deteriorar as condições laborais e sociais, ou atribuir subsídios a atividades onde já há tanta oferta, não soa lá grande ideia, pois não? Os empresários concordam que não soa. Daí continuarem a fazer a pergunta errada, à espera que alguém lhes dê a resposta certa.