sábado, 12 de outubro de 2019

Feliz para sempre

Segundo o que relatam os jornais, depois do debate na RTP, André Ventura cumprimentou todos os representantes de partidos, mas Joacine Katar Moreira recusou-se a apertar-lhe a mão. Ele diz que ela lhe disse para desaparecer; ela diz que lhe disse adeus e levantou a mão. Nas redes sociais, ele pergunta aos seguidores se irá ter de aturar este "tipo de gente" por quatro anos; Joacine por seu lado diz que daqui para a frente lhe irá oferecer o tratamento do silêncio.

Os membros do Parlamento português representam os cidadãos portugueses e não os seus eleitores. Como tal, penso que o mais prudente não é evitarem-se, mas pedirem desculpa um ao outro porque dá ideia que reagiram a sangue quente. Ele deve ter ficado ofendido de ela não lhe ter apertado a mão novamente; ela não deve ter querido ofendê-lo, pois já o tinha cumprimentado antes.

Os dois deviam demonstrar serem pessoas maduras e fazer um favor a Portugal: dão um beijinho, fazem as pazes, e dizem que têm muitas opiniões diferentes, mas irão ultrapassar este mal-entendido e trabalharão um com o outro quando houver oportunidade.

E Portugal viveria feliz para sempre...

16 comentários:

  1. O extremismo combate-se, não se cumprimenta. O que acabou de fazer chama-se falsa equivalência (os "very fine people" de Charlottsville) e contribui para normalização de extremistas. Definiu o seu posicionamento politico aqui mesmo. A Rita é mais um guarda do paiol que abre a porta com agrado a maníacos! Depois, se a coisa der para o torto, vá repetindo para si mesmo... É tudo culpa da esquerda, é tudo culpa da esquerda...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estava aqui a pensar que a melhor maneira de derrotar o André Ventura nas próximas eleições era ele ser amiguinho da Joacine, mas suponho que o posicionamento político d@ ATAV é capaz de ser mais adequado: faça-se um combate do bem vs. mal e faça-se do André Ventura um coitado ao olhos dos racistas de Portugal. Decerto que perderá votos...

      Eliminar
  2. Os racistas votarão sempre em alguém como o André Ventura. E o André Ventura há-de vitimizar-se por tudo e por nada.
    Mas quem define os vencedores das eleições é o centrão. Foi a normalizar extremistas que o Trump, o Bolsonaro, o Orban e outros conseguiram chegar ao poder. Não foi só com o voto racista, foi com o eleitor típico do Centrão. Foram pessoas como a Rita que andavam a dizer a todos que não vinha mal ao mundo em votar neles e que lhes abriram a porta.

    Já deu para ver que está ansiosa para que os Venturas deste mundo comecem a mandar em todo o lado. Está no seu direito. Mas então escusa de escrever aqueles textos cheios de lágrimas de crocodilo como quando foi aquilo de El Paso. É deprimente! São apenas as consequências do que defende. Viva com isso na sua consciência!

    NOTA: O Churchill também foi achincalhado por ter sido hostil ao Hitler assim que lhe pôs os olhos em cima. Ele, apesar de todos os seus defeitos e pecados, viu bem o monstro que estava ali a nascer.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se o que eu escrevo não lhe agrada, não seja masoquista. Em Democracia, as pessoas têm de conviver com coisas que não lhes agrada. É a vida...

      Eliminar
  3. É bem verdade. Em democracia temos de aguentar aquilo que não nos agrada. E isto inclui aqueles que lutam para minar a democracia por dentro. Pessoas como o André Ventura e aqueles que lhes dão cobertura como a Rita.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu sou um leitor assíduo seu e respeito muito a sua opinião, mas não retiro nada do que escrevi. A Rita é claramente uma apreciadora de protofascistas e logo uma ameaça à democracia. O post seguinte dela é mais uma tentativa de branqueamento de indivíduos como o André Ventura. Antes de me atacar devia passar os olhos por aquilo. Ou prefere que eu desmonte aquilo ponto a ponto? Mas não se preocupe, também tenho amigos de longa data que se revelaram apreciadores de populistas e racistas nos últimos tempos. O choque eventualmente passa...

      Eliminar
    2. Desmontar ponto por ponto parece-me bem. Estar com parvoíces a dizer que a Rita apoia o André Ventura é que me parece mal.

      Eliminar
    3. Já escrevi qualquer coisinha no outro post. E sim, a Rita apoia o Ventura. Fá-lo usando o método Manfred Weber. Desculpando-o, obnubilando e desviando as atenções. Quer mais exemplos? É tipo aquelas pessoas que começam uma frase " Eu não gosto do Trump mas..." e depois defendem o quer que seja que ele tenha feito nessa semana. Com certeza que conhecerá alguém assim...

      Eliminar
    4. Eu não apoio o André Ventura, nem sequer falei nele antes da eleição, mas apoio que o André Ventura vá para o Parlamento porque houve umas pessoas em Portugal que votaram nele. E como está no Parlamento, as suas ideias têm de ser combatidas através de argumentos, dado que censura não é legal, e matar o André Ventura também não.

      Eliminar

    5. O que a Rita está a tentar aqui chama-se "Strawman argument". Consiste em atribuir uma posição ao seu adversário que ele não defende e ataca-lo com base nisso.Vamos ver isso por partes:

      "Eu não apoio o André Ventura, nem sequer falei nele antes da eleição, mas apoio que o André Ventura vá para o Parlamento porque houve umas pessoas em Portugal que votaram nele."

      Nesta frase tenta passar a ideia que eu defendo que o André Ventura deve ser impedido de assumir o seu mandato pervertendo o processo democrático. Em lado algum eu alguma vez disse isso.

      "E como está no Parlamento, as suas ideias têm de ser combatidas através de argumentos, dado que censura não é legal, e matar o André Ventura também não."

      E aqui está a dar a entender que defendo o uso de violência ou a perseguição de políticos de quem eu não gosto. Mais uma vez eu nunca defendi semelhante coisa.

      Vou resumir esta questão: a Rita defende que o André Ventura é um deputado como os outros e deve ser tratado como os outros. E eu defendo que esse individuo extinguirá a nossa democracia se tiver a oportunidade. E como eu considero o André Ventura uma ameaça ao nosso regime não deve ser tratado como os outros porque isso seria uma forma de normalização. E também defendo que quem tenta normalizar extremistas está na realidade a apoiá-los.

      Eliminar
    6. "E também defendo que quem tenta normalizar extremistas está na realidade a apoiá-los."

      O problema é que você acusa a Rita de apoiar o André Ventura em vez de a acusar de ter a táctica errada para derrotar o André Ventura.
      Repare que a Rita também que a sua táctica irá favorecer o André Ventura, ao permitir usar a carta da vitimização, um risco real. No entanto, a Rita não diz que você defende o André Ventura.

      Quem está a criar um strawman, ou uma straw-woman, é você.

      Eliminar
    7. "O problema é que você acusa a Rita de apoiar o André Ventura em vez de a acusar de ter a táctica errada para derrotar o André Ventura."

      Pois... Creio que não me fiz entender. Eu acho que o objectivo da Rita não é derrotar o Ventura. É permitir que ele, ou outros como ele, venham a mandar nisto tudo. Tal como acho que o Manfred Weber nunca quis impedir o Orban de fazer o que fez. Tornou-se no seu cúmplice de boa vontade e protegeu-o
      politicamente.

      Como é obvio isto é apenas a minha opinião e não tenho maneira de o provar, mas fica aqui registada e fundamentada.

      "Repare que a Rita também que a sua táctica irá favorecer o André Ventura, ao permitir usar a carta da vitimização, um risco real."

      Não há risco de isso acontecer. A vitimização irá acontecer de certeza! Faz parte do modus operandi dos populistas. Não há maior vitima profissional que um populista. Portanto mais vale ataca-lo pelo que ele é: um fascista que quer transformar isto numa ditadura. Outra coisa: não conheço politico algum que tenha sido eleito através da vitimização. Mas conheço políticos extremistas eleitos com o voto do centrão com o apoio de falsos moderados.

      "No entanto, a Rita não diz que você defende o André Ventura"

      ???? E quem acreditaria nesse argumento tão estapafúrdio? Comecei logo por chamar o André Ventura de extremista e depois disse que ele queria minar a nossa democracia por dentro. Desde quando poderia isso ser considerado um apoio? Lamento mas isso não faria sentido nenhum.

      Eliminar
    8. "Quem está a criar um strawman, ou uma straw-woman, é você."

      Não creio que seja aplicável neste caso porque estou a acusar uma pessoa de ser dissimulada. Assim sendo então qualquer um que acusasse outro de mentir estaria a recorrer ao "strawman argument" por definição.

      Eliminar
    9. "E quem acreditaria nesse argumento tão estapafúrdio?"

      Para ser honesto, não me parece mais espatafúrdio do quee dizer que a Rita apoia o André Ventura.
      Eu não tenho certezas sobre as melhores tácticas para o anular. Mas temo (sme ter a certeza) que a sua seja pior e lh dará mais visibilidade e o permitirá crescer mais a curto prazo.
      Se quisesse fazer processos de intenção, como você está a fazer com a Rita, podia igualmente dizer que você o apoia e a coberto de o criticar está a dar a táctica para ele crescer mais depressa.

      Mas,discutindo desta forma desconfiada, atribuindo intenções obscuras ao interlocutor, dificilmente se tem um diálogo produtivo.

      Eliminar
  4. "Eu não tenho certezas sobre as melhores tácticas para o anular. Mas temo (sme ter a certeza) que a sua seja pior e lh dará mais visibilidade e o permitirá crescer mais a curto prazo"

    É possível mas não provável. O Ventura vai sempre ganhar o o voto fascista que estava nos outros partidos. Olhe o que aconteceu no CDS. Os racistas foram para o CHEGA! e os plutocratas para a IL. Só lá ficaram os beatos e a velha guarda. Quem quer que o fascismo regresse já percebeu onde votar. Iria sempre acontecer de uma maneira ou outra. Apontar ao que o Ventura vem e o que ele é permite que o eleitor médio saiba exactamente no que está a votar. Deixa de haver aquelas coisas do " é apenas retórica para se eleger" ou " vai governar como os outros". Não é e não vai! Aliás, ele próprio já disse que pretende "mudar a democracia".

    "Se quisesse fazer processos de intenção, como você está a fazer com a Rita, podia igualmente dizer que você o apoia e a coberto de o criticar está a dar a táctica para ele crescer mais depressa."

    Isso não é plausível. Todos os populistas e fascistas recentes tiveram que vir a público garantir que não iriam alterar a constituição dos países ou que iriam respeitar as instituições democráticas caso fossem eleitos. Logo não é uma estratégia politica viável dizer frontalmente ao eleitorado que um candidato pretende acabar com a democracia.

    "Mas,discutindo desta forma desconfiada, atribuindo intenções obscuras ao interlocutor, dificilmente se tem um diálogo produtivo."

    Normalmente concordaria consigo. Neste caso não. Produz algo: clarificação da posição das pessoas perante terceiros.

    Vou dar um exemplo prático disto. Há muita gente que é contra o aborto, não por causa dos direitos do feto, mas porque querem cercear a liberdade das mulheres. Mas como andar dizer que o lugar das mulheres é na cozinha é um argumento que repugna a maioria das pessoas, escolhem o "direito à vida" como subterfúgio. Geralmente dá para ver bem quem pensa assim porque vão todos a correr defender o feto, mas depois de nascer já não querem saber de mais nada. Estado social? É preciso reduzir o peso do estado na economia! Mãe solteira? Que arranje homem! Abono de família? Há que acabar com a subsidiodependência. Etc, etc, etc...

    Portanto o processo de intenção pode ser utilizado com legitimidade se as intenções do interlocutor forem efectivamente obscuras.

    Posso no entanto dizer o seguinte: como tenho a tendência em assumir o pior das pessoas, gosto muito de estar errado. Gostaria que esta fosse uma dessas situações.

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.