domingo, 16 de maio de 2021

Culpa das rosas

Passei grande parte do dia a trabalhar no jardim. Aquilo nunca mais acaba e nem consigo decidir se gosto ou não do trabalho até aqui realizado. Em princípio, à medida que o jardim amadurece, as coisas irão ficar com outro aspecto e a escala das plantas irá ser diferente. Não sei o porquê de pensar nisto, dado que pior do que o que estava não ficou (antes tinha relva plástica, ideia da dona anterior). Para além de que, a passarada parece estar a apreciar todo o meu esforço. 

Hoje apareceu um colibri que ficou suspenso quase à minha frente, com as asinhas a bater a 1000 à hora, como se estivesse a perguntar se lhe tinha preparado a refeição. Fiz tudo direitinho: bem sei que o jardim ainda não tem muitas flores, mas meti comedouros de colibri e plantei duas dedaleiras que comprei já em flor e tenho mais plantadas, mas que ainda não floriram. Ele lá foi a uma dedaleira e desamparou a loja.

Enquanto tratava da porção do jardim da parte da frente de casa, passou uma vizinha, que vejo amiúde, a passear o seu cão, mas com quem nunca tinha conversado. Não é que eu seja antipática ou difícil (às vezes sou, mas só quando dá jeito), mas a senhora está sempre com pressa e raramente sorri, logo presumi que nem valia a pena meter conversa--também quase que não houve oportunidade. 

A propósito das minhas roseiras que estão a abarrotar de flores, hoje ela iniciou conversa -- as roseiras dela não têm muitas flores e estão infestadas com uns bicharocos. Disse-lhe que tinha aplicado fertilizante nas minhas, o que ela achou revolucionário, como se nunca tivesse ouvido falar. No entanto, a vizinha disse que aplicava muito pesticida nas dela por causa dos besouros. O único pesticida que meti nas minhas foi uma solução de sabão, mas já deve ter desaparecido com a chuva. Fiquei de lhe dar o nome do fertilizante das roseiras e, ao fim da tarde dei um pulo à loja de ferragens, pois precisava de comprar sementes para os pássaros, e comprei um saco para lhe oferecer.

Quando nos despedimos, perguntou-me o nome e depois disse-me que se chamava Ming, que penso ser chinês. Da próxima vez que conversar com ela, talvez lhe pergunte de onde ela é.

Julian vai às compras à loja de ferragem

 

 

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