Na reunião de moradores da nossa vizinhança, que se realizou hoje, tivemos um curto recital da Opera Memphis, a companhia de ópera local, patrocinado por mim. Estava um dia glorioso. Eu que sou meio tosca, estive a trabalhar até quase à hora da reunião. Aliás, até troquei as horas, o que é normal para mim: pensava que era às três e era mesmo às duas. Por sorte, terminei de organizar o trabalho uns minutos antes (tive de trabalhar um bocado para ter tudo alinhavado antes de ir de férias) e fui ver o último boletim da vizinhança e lá estava: era às duas e faltavam 5 minutos. Troquei de camisola à pressa, apanhei o saco e saí porta fora. Só que o Julian tinha percebido que era para sair e ficou super-entusiasmado com a ideia. Antes de poder sair, tive de andar a correr de porta para porta a ver se lhe escapava, porque não dava mesmo para levá-lo, senão não conseguia prestar atenção a nada.
Fui a casa da minha vizinha, bati à porta e entrei esbaforida, dado o meu atraso. Temos de ir, temos de ir, dizia eu... A mãe dela, que estava a recusar-se a ir, concordou em sair até de sapatos de quarto--ia no carro, não fazia mal, disse-lhe. Apanhei-a mesmo desprevenida, o que foi sorte, porque estávamos com medo que não quisesse mesmo ir. Desde que se instalou a pandemia que, com os cuidados extra de a manter segura, quase que não sai de casa, o que acelerou a sua demência. Mas, pronto, dá-se um jeitinho e lá vamos conseguindo que ela faça algumas coisas mais audaciosas.
Penso que estariam perto de 50 pessoas no parque do gazebo. A reunião atrasou-se um pouco e a ópera só começou depois das três da tarde, mas todos ficaram e participaram. Tinha pedido que cantassem Puccini, mas o especialista em Puccini estava doente e fomos brindados com Verdi, Bizet, Rossini, musicais da Broadway... Foi magnífico, na mesma, e houve duas coisa que me fizeram felizes: a primeira é que os dois cantores da Opera Memphis ficaram muito contentes com a recepção que tiveram; a segunda é que, no final, uma das minhas vizinhas veio agradecer aos cantores e disse que as suas interpretações lhes tinham aberto todo um mundo.
Quanto a mim, tantas vezes me agradeceram durante o espectáculo, que agora toda a gente sabe quem sou. E eu que sou uma pessoa tão privada, mas não havia volta a dar-lhe: se eu não visse um espectáculo de ópera este ano, dava-me qualquer coisa má. No final, conversei com os cantores e eles informaram-me dos programas que estão agendados. O calendário está a normalizar -- estamos a aprender a conviver com o vírus.
A Ópera Memphis tem das pessoas mais simpáticas que já conheci. Sempre que lhes faço uma doação, mesmo qualquer coisa pequena, enviam sempre uma nota muito amorosa a agradecer. Nota-se mesmo que gostam do que fazem e esforçam-se por servir a comunidade. É muito gratificante apoiá-los.
Acho isto o máximo.
ResponderEliminarBoa, Rita.
Obrigada. Estive bem, de facto. Beijinhos...
EliminarImpecável!
ResponderEliminarFoi uma tarde muito bem passada. Beijinhos...
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