Numa semana, uma pessoa está aqui a receber fotos de PR Marcelo a beijar a barriga de uma grávida; na semana seguinte, notícias que uma menina de três anos, até há pouco ao cuidado dos tribunais portugueses, é morta violentamente. E note-se que violência contra crianças e mulheres em Portugal não é novidade. Depois há serviços de obstetrícia fechados em Portugal porque, como bem disse PR Marcelo, os portugueses, que inclui as portuguesas, sabem de antemão quando podem e não podem ficar doentes.
Diz o José Manuel Pureza, no Facebook, que os direitos das mulheres são o primeiro alvo da extrema direita nos EUA, como em todo o mundo, porque os EUA não fazem parte de todo o mundo. Portugal faz e deduzi que PM Costa se tinha filiado no Chega, pois só assim se compreende que as mulheres nem possam andar grávidas sem que o Presidente da República lhes venha beijar a barriga, como se o seu corpo estivesse ao bel-prazer das instituições portuguesas. E que mulheres e crianças continuem a ser alvo de violência sem que o estado português sequer se interesse em contabilizar oficialmente o tamanho da tragédia ou a Justiça vele pelos direitos das vítimas que estão consagrados na lei. Pelo contrário, há nos Tribunais portugueses juízes tão sofisticados como os americanos.
Obviamente que o mais chocante é a reversão de Roe vs. Wade nos EUA, que acaba por criminalizar o aborto em alguns estados. Pior ainda, quem nos vale nesta confusão são as grandes empresas, que se disponibilizam a pagar os custos das empregadas terem um aborto--o capitalismo a vir ao auxílio das mulheres, mas só das capazes porque quem tem empregos precários está por conta própria. Vale-nos que os americanos passem o tempo todo a contabilizar e a publicitar as suas próprias desgraças para o resto do mundo poder respirar de alívio porque, ao menos, não são americanos.
Estou enojada com ambos os meus países.
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