segunda-feira, 17 de junho de 2024

Um progresso estranho

Não gosto da Inteligência Artificial. Não tenho mada contra o progresso, mas da maneira como as coisas estão, parece que estamos a regredir. Há dias, tive de colocar o meu telefone em modo "pessoal" para não receber telefonemas de pessoas que não constassem da minha lista de contactos, isto porque tenho estado a receber à volta de 20 chamadas por dia. São quase todas de telemarketers, em que me dizem que eu tenho direito a subsídios para me ajudar com as despesas de mercearia, casa, etc. No início, ainda tentei explicar ao fulano que me estava a telefonar da India que não tinha direito a nada. Ele insistia e dizia que trabalhava para o governo federal e sabia que eu tinha direito. Eu perguntava se ele era americano e ele dizia que não e eu respondia que então não podia trabalhar para o governo federal. E andávamos nestes rodopios verbais até eu desligar o telefone.


Entretanto, vi noticias que umas das tendências do uso da Inteligência Artificial é a criação de vozes idênticas às das pessoas. O Instagram está cheio de vídeos com audio que oarece ser as "vozes" do Anthony Hopkins, Morgan Friedman, etc., mas nenhum deles leu o texto; foi tudo gerado por um computador. Fui às preferencias para tentar optar não ter posts com Inteligência Artificial, mas não há essa opção em lado nenhum. Depois pensei que se calhar alguns destes telefonemas dos telemarketers estavam a gravar a minha voz para depois usar para roubar a minha identidade. É que a minha informacao está toda na Dark Web devido a roubos de informação de bancos com os quais tenho conta, a minha e a de toda a gente por estas bandas. É só uma questão de tempo até os pontos se unirem.


Tenho saudades da Internet do início do século; nessa altura, podíamos confiar na opinião dos internautas; aliás, nem se comprava nada sem ir ver o que diziam as opiniões postadas no epinions.com, uma página que agora já não existe. Quando leio as avaliações dos consumidores agora não sei o que é real nem o que é manipulado. Mesmo o marketing online, já nem dá para saber que vendedores são legítimos, nem quais são os desonestos que tentam roubar o nosso número do cartão de crédito, ou que vendem porcaria, etc.

Durante a maior parte da minha vida, progresso significava algo melhor, mas agora já não. Imagine-se o que irá acontecer à Internet quando qualquer totó puder usar a inteligência artificial para implementar qualquer maluqueira que lhe passe pela cabeça. Nem estamos muito longe de descobrir: até às proximas eleições presidenciais a tecnologia evoluirá o suficiente para tornar as eleições num caos maior do que o costume.

3 comentários:

  1. O marketing agressivo de que teve de defender-se é muito antigo, tem vindo a assumir novas tonalidades e a da inteligência quase nunca sobressai.

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  2. As técnicas de vendas agressivas com que se deparou são muito antigas, têm sido refinadas e, no limite, só existe um modo de defesa que é o que usou - corte.

    Acaba por ser ténue a diferença entre a antiga venda de banha da cobra e alguns falsários nossos contemporâneos. Contudo, a boa notícia é que nós também aprendemos - em Portugal, uma importante associação de defesa dos consumidores tem alertado bastante bem alguns grupos que são tipicamente mais vulneráveis.

    Com e sem inteligência artificial e reconheço que esta última já me atrapalhou em alguns momentos.

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  3. Os telefonemas da "Índia" podem ser feitos da própria cidade e isso tem sido uma variante das modernas "vendas agressivas" ao jeito da velhinha "banha da cobra" usada nas antigas feiras rurais de Portugal. Tudo aparentemente diferente, é mais do mesmo e, quase sempre, apenas existe um antídoto que em nada difere do que usou. E, mesmo sabendo bem, eu mesmo consegui ser enganado num dia destes.

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