Neste texto apaixonado, fala dos livros como objectos de desejo, aprendizagem e tacto.
Já há uns tempos que ando para escrever sobre isto. É comum ouvir os defensores dos livros e revistas em papel argumentarem que nunca
o prazer, a sensualidade, a tactilidade ou o próprio cheiro de ler um livro
poderão ser substituídos por um frio ecrã de computador (ou de iPad). O livro como um objecto de prazer não pode ser trocado por um gadget
electrónico.
Como eu os entendo. Do imaginário adolescente, lembram-se dos
poemas eróticos que leram em papel, do Kama Sutra em noites eruditas, da literatura porno de Henry Miller ou, os mais sensíveis, de alguns livros de Anaïs. Possivelmente, ainda têm guardadas as revistas da Playboy que compraram às escondidas e leram fechados no quarto. Imagino as sensações que se despertaram com a primeira capa da Playboy que foi, nem mais nem menos, com a voluptuosa Marylin Monroe.* Claro que gostam da fragrância do papel, quase que os imagino de nariz enfiado vasculhando as páginas centrais da revista.
Só que a malta de hoje lê o mesmo género de literatura, as
mesmas revistas, vê as mesmas fotos e um pouco mais de vídeos, é certo. E fá-lo na
privacidade de um ecrã, fechados no quarto. Assim, os seus sentidos
são transferidos não para o papel, mas para o gadgets que cumprem as mesmas
funções.
Em suma, a volúpia e a sensualidade, com todos os seus
sentidos, estarão lá sempre, com ou sem papel. Não se preocupem que nada se perde.
* Não percam a edição de Natal da Playboy deste ano. Promete.
Disfarçar um post sobre porno como um post sobre livros... genial!
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