Anunciação, com Santo Emídio |
Onde passei mais tempo foi na National Gallery (e no Tate, mas não é desse que quero falar). Como costumo fazer, quis um guia-áudio do museu. Eles tinham duas modalidades. Um guia em inglês, com reflexões sobre mais de 1000 dos quadros expostos, e um guia em português (e em outras línguas) com uma selecção de 40 das obras mais importantes (o ideal para quem não conhece a galeria e não dispõe de mais de duas horas para a visita). Alugámos os dois.
Como certamente percebem, a primeira coisa que fiz foi ir à procura de Crivellis. Encontrei-os na sala 59. Quase ninguém ligava aos Crivellis. Passavam por lá sem parar. Rapidamente percebi o porquê. O guia-áudio com a selecção mais curta das obras não incluía nenhuma explicação sobre os Crivellis. Basicamente, mandava-nos passar saltar da sala 56 para a 60. Nós, claro, desobedecemos e parámos na sala 59, cravejada de Crivellis. Sendo Agosto, as galerias estavam cheias. Nesta sala, só havia três casais, todos portugueses. Era óbvia a curiosidade dos portugueses com os Crivellis. A julgar pela amostra, a National Gallery de Londres contribui bastante mais pela divulgação de Crivelli entre portugueses do que a colecção privada de Miguel Pais do Amaral.
Na ala das pinturas dos séculos XIII a XV, estas eram as mais luminosas, com cores muito vivas. A sala contrastava com as outras da mesma época. Era como se fosse de uma época bastante mais recente. Não sei avaliar as pinturas, mas a de que gostei mais foi a da Anunciação, com Santo Emídio, que ilustra esta entrada. Não fiquem com a ideia errada. Esta imagem não faz, nem de longe, jus à vida que o quadro transmite no local e não é possível explicar os seus detalhes e riquezas com base numa imagem tão pequena.
Antes de nos virmos embora, ainda tentámos sugerir aos responsáveis que valia a pena incluir nos guias-áudio em português, um ou dois quadros do Crivelli. Mas ninguém nos recebeu.
A utilização do tempo de verbo "pilharam" para designar o que os ingleses, no tempo da recuperação romântica da civilização grega revela uma lamentável ignorância da História.
ResponderEliminarCaso os ingleses não tivessem salvo as peças que diz terem "pilhado", e as tivessem deixado onde estavam, elas estariam hoje feitas em cacos, depois de terem sido usadas na construção de casas, como aconteceu às do Parthenon em Atenas. Nem tão pouco hoje se conheceria tanto das civilizações egípcia e grega, como realmente se conhece. E não foram nem os gregos nem os egípcios que as deram a conhecer ao mundo moderno.
Não ficava mal um certo comedimento no uso de um verniz pseudo progressista que por aí se vai vendo, tendente a desvalorizar o esforço civilizacional dos povos europeus.
Manuel Saraiva Santos
Figueira da Foz
"A utilização do tempo de verbo "pilharam" para designar o que os ingleses, no tempo da recuperação romântica da civilização grega revela uma lamentável ignorância da História."
ResponderEliminarNão seja estúpido. O que não faltam são arqueólogos e historiadores a usarem exactamente o mesmo termo, ou semelhantes, para descrever o que Inglaterra e França fizeram neste domínio. Pode perfeitamente não concordar com a opinião, dizer que é ignorância é, simplesmente, estúpido.
A primeira frase do comentário não tem sentido, falta-lhe qualquer coisa (talvez um verbo):A utilização do tempo de verbo "pilharam" para designar o que os ingleses, no tempo da recuperação romântica da civilização grega (???) revela...
ResponderEliminarIgnorância revela também o comentarista sobre a Língua Portuguesa: Caso os ingleses não tivessem salvo... Este quadro foi salvo; caso os Ingleses não tivessem salvado... Um pouco de gramática não faz mal a ninguém. Repito: ser salvo, ter salvado; ser entregue, ter entregado; ser morto, ter matado; etc. Nunca ouviu falar nos verbos com dois particípios passados, um regular e o outro irregular?
Cristóvão de Aguiar
O carteira Vazia - eu sei que talvez este local não seja o mais próprio para divulgar uma página, mas não custa nada dar uma olhada rápida pelo meu blog. penso que toda a todos, a crise...
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