quinta-feira, 26 de maio de 2016

Dirait-on



O meu coro já está a preparar a próxima maratona: um trabalho intenso com o Rundfunkchor Berlin, e um programa variado e exigente. A arte também se quer organizada, e muito: já nos deram uma folha com as peças que vamos cantar, e uma tabela de datas para fins-de-semana do coro, ensaios normais e ensaios com o Rundfunkchor. Quem se inscrever, compromete-se a faltar o menos possível aos ensaios normais e a não falhar nenhum dos outros.

Ainda tenho a missa do Schubert feita ear worm nos meus dias, ainda falta mais de uma semana para terminar o prazo de inscrições para o próximo projecto, mas uma colega do meu naipe já começou a ouvir as peças propostas e já nos avisou que há uma que a tocou de forma especial. Chama-se "dirait-on", e é a música de Morten Lauridsen para um dos poemas que Rainer Maria Rilke escreveu em francês. Como estamos na Alemanha, o entusiasmo espontâneo é muito organizado: enviou-nos o poema em francês e a tradução para alemão, e um filme no qual o compositor explica como criou a música.

Esta manhã estive a ouvi-la repetidamente: a tranquilidade e a simplicidade que se instalam em nós sem remissão.

Venha a próxima maratona! Quero corrê-la intensamente e devagar, passo a passo, compasso a compasso, inteiramente.


Les roses  

Abandon entouré d'abandon, 
tendresse touchant aux tendresses... 
C'est ton intérieur qui sans cesse 
se caresse, dirait-on; 

se caresse en soi-même, 
par son propre reflet éclairé. 
Ainsi tu inventes le thème 
du Narcisse exhaucé.




3 comentários:

  1. Durante muitos anos, fiz parte do coro de uma pequena cidade do interior. Só abandonei porque saí de Portugal. E também porque passava os concertos a chorar. O maestro morreu este mês. Era fisicamente parecido com este senhor. Obrigado, Helena.

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  2. Muito bom, o Lauridsen, tambem cantei o "Les roses" e o "O Magnum Mysterium" ha uns meses.

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