Há de facto uma tensão entre o discurso de que as medidas de austeridade do anterior governo eram desnecessárias, e ser contra a correção retroativa das carreiras com base nos anos em que estiveram congeladas. Claro que se podem sempre adiantar racionalizações para mitigar a tensão - por exemplo, dizer que o congelamento das carreiras não fazia parte do pacote de austeridade considerada excessiva, ou alegar que com base nos congelamentos, algumas pessoas decidiram sair da função pública e que seria agora injusto alterar as regras do jogo agora. Mas essas explicações são parciais e até um bocado forçadas. O pragmatismo parece-me ser a única solução para isto, mas não nos iludamos: esse pragmatismo, sendo provavelmente necessário, não é coerente.
Só uma pequena nota: quando escreveu que "há de facto uma tensão entre o discurso de que as medidas de austeridade do anterior governo eram desnecessárias (…)", parece-me que a referência ao governo anterior pode induzir o leitor em erro, uma vez que o congelamento das carreiras começou no governo Sócrates, muito antes da chegada da Troica.
ResponderEliminarE é só.
Eu não percebo muito bem a questão da coerência das correcções. Parece que as correcções só são más quando são feitas no sentido de retirar benefícios, como se toda a gente não soubesse que muitos dos benefícios foram atribuídos não por mérito, mas por manobras políticas cujo intuito era comprar votos. Ou seja, pelos critérios de coerência, faz mais sentido retirar o que não se deu por mérito do que repor.
ResponderEliminarSó uma pequena nota: quando escreveu que "há de facto uma tensão entre o discurso de que as medidas de austeridade do anterior governo eram desnecessárias (…)", parece-me que a referência ao governo anterior pode induzir o leitor em erro, uma vez que o congelamento das carreiras começou no governo Sócrates, muito antes da chegada da Troica.
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