terça-feira, 22 de maio de 2012

Uma das conclusões possíveis do caso argentino

Num dos meus últimos posts manifestei, de passagem, o meu espanto com a recuperação económica fulgurante da Argentina depois da bancarrota de 2001 - considerado o maior incumprimento de dívida da história. Convém acrescentar que, à época, o desemprego rondava os 15% e o PIB per capita caiu uns agonizantes 12%. Desde então o crescimento económico subiu em flecha – estamos a falar de taxas de 6 a 9% ao ano, com uma desaceleração a partir de 2009.
Alguns leitores simpaticamente elucidaram-se sobre algumas das causas possíveis para esse milagre económico: a procura externa de produtos agro-pecuários (uma fonte tradicional de receitas do país), o petróleo que começou a jorrar, o investimento estrangeiro, etc. Enfim, o país tinha (ao contrário da Grécia, como alguém lembrou) potencial. Muito bem.
Sobra-me uma questão: o que levou os credores (quinhentos mil na altura) a aceitarem a maior “carecada” (hair cut, como dizem os entendidos) da história do mercado de obrigações? Arrisco uma conclusão: ao contrário do que muita gente gosta de pensar e pregar, o mercado de obrigações é bem menos poderoso do que, à primeira vista, possa parecer.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Existe ou não um plano, eis a questão

Existe ou não um plano para nos proteger do colapso da Grécia? Existe ou não um plano para nos "tirar" do euro, sem uma excessiva miséria e brutalidade, se for absolutamente necessário?

Vasco Pulido Valente, Público

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Os credores também ardem

Se a Grécia entrar em incumprimento ou bancarrota, os credores – “especuladores”, se quiserem, designação que até me parece apropriada, dado que o que eles fazem de facto é especular sobre o futuro - ficam a arder com os gregos.
Não seria a primeira vez que tal aconteceria. A história está cheia desses exemplos dramáticos: pessoas que foram à ruína de um dia para o outro.
A inflação e o incumprimento são desde sempre os inimigos mortais dos credores. Antes, no século XIX, a Inglaterra bonbardeava os países incumpridores (em especial os latino-americanos, que rapidamente descobriram as vantagens de não pagar) para os pôr na ordem. A hiperinflação que se seguiu às duas grandes guerras foi devastadora  e deixou os credores a penar. Nos anos 1920, Keynes falava na  "eutanásia dos credores".
No pós-guerra, com Bretton Woods e o seu sistema de câmbios fixos e as moedas atreladas ao dólar, mas com a circulação de capitais controlada pelos Estados, os ventos também não lhes corriam de feição. Em Agosto de 1971, quando Nixon declarou o fim da convertibilidade do dólar em ouro, soou o sino fúnebre do sistema idealizado, entre outros, por Keynes. No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, primeiro na Inglaterra com Margaret Thatcher e depois nos EUA com Ronald Reagan, começaram a vingar as chamadas teorias monetaristas. Uma inflação baixa e estável passou entretanto a ser uma prioridade dos governos. Resultado: nunca se emprestou tanto dinheiro e nunca os credores obtiveram tanto lucro, a ponto de muitos considerarem que eles mandam hoje no mundo. A verdade é que nada disto os livrou de apanhar vários escaldões. Basta recordar, por exemplo, o brutal perdão de dívida que se seguiu à bancarrota da Argentina em 2001 – como é que este país conseguiu, mesmo assim, começar a crescer a bom ritmo a partir de 2004 é uma questão que me escapa.
Há muito que os credores deixaram de poder contar com os navios de guerra de Sua Majestade para intimidar os caloteiros. O melhor que arranjaram nesse aspecto foi o FMI, uma relíquia de Bretton Woods. Mas o FMI é um polícia desarmado, munido de uma cartilha conhecida como consenso de Washington, aplicada a países em dificuldades. Grosso modo, a receita costuma ser: 1. Impor disciplina fiscal; 2. Reformar a tributação; 3. Liberalizar as taxas de juro; 4. Aumentar a despesa na saúde e educação; 5. Assegurar os direitos de propriedade; 6. Privatizar as indústrias estatais; 7. Desregular os mercados; 8. Adoptar uma taxa cambial competitiva, 9. Remover os obstáculos ao comércio; 10. Remover os obstáculos ao investimento directo estrangeiro.
Ao que consta, estes princípios, políticas ou simples desejos foram escritos originalmente por um tal de John Williamson em 1989. Muitos consideram-nos autênticas armas de destruição maciça; outros, mero bom senso. Seja como for, entre os bombardeamentos do século XIX e a prescrição de uma terapia de efeitos por vezes duvidosos, parece-me preferível a segunda hipótese – estou a falar, claro, na perspectiva de quem está à beira da bancarrota.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

É a realidade

Nos finais de 1942, os ventos da guerra começaram a soprar noutra direcção. A ocupação do norte de África pelos aliados foi o prenúncio do fim dos nazis. Quem diria que 70 anos depois o destino da Europa estaria tão dependente da Alemanha, como ontem, inadvertidamente, François Hollande comprovou ao correr para os braços de Merkel mal tomou posse. 70 anos não é nada, é a duração de vida de uma pessoa. Nenhum romance consegue superar a realidade histórica.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Férias & Feriados

A comparação do número de dias de férias e feriados entre países presta-se normalmente a erros de vária ordem. O blog freakonomics faz referência à recente decisão do corte de 4 feriados, em 14. De facto em Portugal há doze feriados obrigatórios, uma vez que o domingo de Páscoa é redundante. O dia de Carnaval não é feriado nacional. Se considerarmos os feriados municipais teremos um total de 13 feriados. 
Quanto ao número de dias de férias, uma coisa é contar o número mínimo estabelecido por lei geral, outra coisa é considerar o número de dias acordados em sede de contratação colectiva. Aqui as disparidades são grandes entre países: a título de exemplo, na Alemanha, o número mínimo de dias férias é de 20, mas a média prevista nos convenções colectivas de trabalho é de 30, enquanto que na Austria não há diferença (25 dias em ambos os casos).
A OCDE publicou em 2007 um estudo, reportando ao ano de 2005, com uma comparação dos dias feriados e de férias entre vários países. Resumi a informação contida na tabela 7.1 do referido estudo, incluindo apenas os países europeus com informação quanto ao número de dias feriados e de férias acordadas em sede de contratação colectiva. O resultado é o que está abaixo. Portugal apresenta um número de dias de férias e feriados ligeiramente acima da média (36.5 contra 35.6), mas inferior aos números da Alemanha, Luxemburgo, Itália e Suécia. Com o corte de 4 feriados, Portugal ficará com o número mais reduzido de dias de não-trabalho pagos, inferior ao do Reino Unido, actualmente com 32.6.

Especulando

A ser verdade que a Grécia está a ser empurrada para fora do Euro, e dada a sua instabilidade interna, o mais provável é mesmo que saia. Se tal acontecer, o mais provável é que as poupanças de outros países periféricos, como Portugal, Espanha, Itália e Irlanda voem para outras paragens mais seguras, como Alemanha e Inglaterra. Mesmo a França não deverá estar a salvo. Os bancos ficarão sem liquidez. Proibir a livre circulação de capitais será uma possível solução conjugada com injecções de liquidez ainda maiores por parte do Banco Central Europeu.

É possível, e até provável, que o Euro não resista. Ou vários países abandonarão voluntariamente a moeda única, ou será a Alemanha e alguns dos seus satélites (a Áustria, Holanda, Luxemburgo, etc) que irão sair e criar (quem sabe se com a Dinamarca) a sua própria moeda.

Mais uma vez, Milton Friedman tinha razão. Sempre considerou o Euro uma experiência destinada ao fracasso e, em 1999, predisse que o Euro cairia à primeira forte recessão que a Europa enfrentasse.

PS Eurodämmerung -- Paul Krugman

Multidão em Fátima

Ontem, durante todo o santo dia, as televisões falavam nas centenas de milhar de pessoas que foram a Fátima. Falavam em números imensos e discutiam as toneladas de velas já ardidas. E sempre havia uma explicação: foi a crise económica que causou tamanha afluência. 
Longe de mim querer subestimar o papel da economia no comportamento das pessoas, mas atrevo-me a propor uma explicação alternativa: este ano, o dia 13 de Maio foi a um Domingo. Vão ver que para o ano haverá menos gente.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Concorrência na Economia Portuguesa

Numa altura em que tanto se fala de concorrência (ou da falta dela), destaco este artigo de João Amador e de Ana Cristina Soares, "Concorrência na Economia Portuguesa: Uma visão sobre os Setores Transacionável e Não-Transacionável", publicado no Boletim de Primavera do Banco de Portugal de 2012. Um excerto:

"O artigo conclui que, embora não haja aparentemente problemas generalizados, existe bastante espaço para melhorias no ambiente de concorrência em vários mercados, especialmente no setor não-transacionável."

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cálice/cale-se

O fim dos anos 60 e início dos anos 70 no Brasil foram anos de forte repressão. Durante os “anos de chumbo” vários artistas foram presos e muitos foram parar ao exílio. Entre as vítimas estão artistas que venero, como Chico Buarque, preso nos anos 60 e exilado em Itália no início dos 70, Caetano Veloso e Gilberto Gil, também presos nos anos 60 e também desterrados, neste caso em Inglaterra, nos anos 70.

Quando presos já eram celebridades. Um dos que prendeu Chico Buarque pediu-lhe, no acto, que assinasse um autógrafo para levar à sua filha. Caetano Veloso descreve no seu livro “Verdade Tropical” os seus tempos de prisão. Há um episódio que sobressai. Imaginem Caetano Veloso de cuecas, sob um sol escaldante, com uma metralhadora encostada às costas, a cantar, sozinho e a cappella, para o director da prisão, uma canção romântica.

Os anos negros no Brasil marcaram os artistas com a censura. Chico Buarque disse um dia que duas em cada três músicas eram censuradas. Tinha de retorcer tanto a escrita para driblar a censura que hoje, quando lê algumas letras passadas, já nem sabe o que queria dizer com elas. A censura era tão desmedida que chegou a ter todas as músicas de um álbum censuradas. Nesse álbum, Sinal Fechado, nenhuma das letras tinha a sua assinatura.

É também destes anos a sua primeira colaboração com Gilberto Gil. Em 1973, já os dois tinham regressado do exílio, a editora desafiou-os a cantar juntos num festival. Gil e Buarque eram líderes de movimentos musicais distintos e rivais. Um dueto improvável da época. Desse encontro saiu “Cálice”. A ideia do cálice partiu de Gilberto Gil que, em época pascal, se sentia seduzido pelo sacrifício de Cristo,
           Pai! Afasta de mim esse cálice
           De vinho tinto de sangue.

Foi Chico Buarque quem se apercebeu que “cálice” e “cale-se” tinham a mesma sonoridade (especialmente no sotaque brasileiro), aproveitando a ambiguidade para fazer desta música uma canção de combate,
           Como é difícil acordar calado
           Se na calada da noite eu me dano
           Quero lançar um grito desumano
           Que é uma maneira de ser escutado.

Chegados ao festival, já a canção tinha sido censurada. Chico Buarque e Gilberto Gil vão para o palco e tocam a música sem, no entanto, a cantarem. Apenas a entoam e vão largando gemidos desconexos, ficando bem claro que estavam a ser censurados. Durante a actuação, o microfone de Chico é desligado. No fim, desabafasei bem que não posso cantar nem o “Cálice” nem a “Ana de Amesterdã”. Não cantarei, desligar o som não está no programa. 

Poucas semanas depois, em concerto próprio, Gilberto Gil é desafiado a cantar Cálice. Não se lembrava da parte da letra de Chico Buarque. Alguém do público acena com a letra e passa-a a Gilberto, que a canta. É obrigado a cantá-la duas vezes. A gravação desse momento pode ser encontrada no youtube.
Mais tarde, penso que em 1978, já quando a ditadura militar amansava, a música foi liberada e Chico pôde cantá-la. Cantou-a com Milton Nascimento uma versão com letra e música já consolidadas.

domingo, 6 de maio de 2012

O mal existe

No mundo pós-cristão em que vivemos, a discussão sobre o mal tem um odor anacrónico, tal como a invocação do diabo. Hannah Arendt foi talvez quem mais chamou a atenção para o problema do mal, sublinhando a sua importância na compreensão dos regimes totalitários do século XX, nomeadamente o nazismo e o regime soviético. A “banalidade do mal” foi a expressão que utilizou ao analisar Eichmann e outros oficiais nazis, muitos deles bons pais, assalariados comuns, cumpridores maquinais de ordens, mas que, segundo Arendt, eram pessoas essencialmente estúpidas, vulgares; numa palavra, banais. A intuição de Arendt foi muito importante e reveladora. É claro que esta ideia continua a ser muito difícil de engolir por psicólogos, sociólogos e historiadores. O mal é do domínio da metafísica e não encaixa em modelos racionais. E, no entanto, o mal existe.
Desculpem lá estes preliminares, mas parecem-me apropriados para falar de um filme perturbante. Refiro-me a We Need to Talk About Kevin (Temos de falar sobre Kevin) que estreou esta semana nas salas de cinema em Portugal.
Como refere Jorge Leitão Ramos no Expresso, “É o mais radical filme sobre educação que me lembro de ter visto”. É desesperante assistir à impotência de uma mãe (uma soberba Tilda Swinton) para educar o filho, filho que desde o nascimento parece ter como única missão na terra infernizar-lhe a vida, enquanto o pai ternurento nunca chega a perceber o que se passa à sua volta.
Não são apresentadas explicações para a crescente monstruosidade de kevin, que descamba numa cena de terror - felizmente, a realizadora teve o bom senso de nos poupar aos pormenores. A comunidade responsabiliza a mãe pela monstruosidade do filho, uma culpa que ela resignadamente carrega, sem nunca deixar de o amar incondicionalmente. O que falhou? Não sabemos. E é isso que perturba.
Há anos vi uma reportagem sobre um jovem americano que matou vários colegas do liceu. Percebemos que o jovem homicida era aparentemente como os outros, sem nenhum trauma especial. Às tantas, a mãe diz uma coisa terrível: “o meu filho sempre foi mau”. Ficou-me registado o ar incrédulo e atrapalhado da jornalista que a entrevistava. Não contava com uma resposta daquelas, queria saber os porquês, e com certeza era mais uma vítima da crença rousseana do “bom selvagem”.
O mal existe e o mundo está infestado de demónios. Vade retro, Satana!

Uma personagem de Dostoievski na Campanhã

No dia seguinte à minha participação no Prós e Contras tive um estranho encontro na estação de Campanhã. Entrei num café e o meu olhar cruzou-se com o de um jovem sentado na mesa do lado. Tenho o hábito de olhar nos olhos mesmo as pessoas que não conheço. Sentei-me e voltei a observar o jovem que me olhava fixamente - podia ser um ex-aluno. Tinha a aparência de um jovem revolucionário anarquista de finais do século XIX, início do século XX - podia ser a personagem de um romance de Dostoievski. Comia uma sopa, acompanhada de um copo de água, e era muito magro. Disse-me: 
- É economista, não é?
- Sou. - respondi.
- Só podia ser economista, com as barbaridades que disse ontem à noite... - redarguiu.
Continuou perguntando-me se era de direita. Respondi-lhe que, sendo esse o leque de escolhas, seria provavelmente de esquerda. Não me deu tempo para justificar. Atirou-me uns dados biográficos - fazia um doutoramento na Sorbonne e que ele e os amigos iam revolucionar o mundo. Planeavam um regresso à troca direta, tornando o sistema financeiro inútil. Apesar da arrogância, própria de quem é jovem e acredita que compreende o mundo e o consegue mudar, fiquei com pena dele.
Uns minutos mais tarde voltei a cruzar-me com o jovem revolucionário, que sentado na sala de espera lia uma revista. Mais uma vez não resisti ao meu voyeurismo e desviei-me uns metros do meu trajecto para conseguir ver o título da publicação. Lia a Vogue.

Estou a reler Os Demónios de Dostoievski (a tradução do António Pescada, na Relógio de Água, faz-me sentir que o estou a ler pela primeira vez)  e lembrei-me da personagem do café da Campanhã.    

sábado, 5 de maio de 2012

Ainda sobre o LAC sobre o Dia Pingo Doce

No poste anterior o LAC toca num aspecto essencial do Dia Pingo Doce: talvez tenha sido o início de uma guerra de preços que vai esmagar as margens do setor que tem um dos mais elevados graus de concentração em Portugal (e um dos mais concentrados da UE). E não foram os reguladores/Estado que puseram fim a isso - até vão investigar se foi crime. Talvez tenham sido as quebras nas vendas que levaram ao fim dum equilíbrio penalizador para os cidadãos.
Que a concorrência pode ser muita feia já todos sabíamos.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Santa paciência para tanta parvoíce


Há anos que nos queixamos da falta de concorrência que existe em Portugal. Há livros escritos a explicar como a falta de concorrência no sector não transaccionável (aquele que não está muito sujeito a concorrência externa) é uma das causas da estagnação da economia portuguesa dos últimos 12 anos.
Agora que, finalmente, se avizinha uma guerra de preços num desses sectores, mais precisamente o dos supermercados e hipermercados, levanta-se um conjunto imenso de vozes em coro a protestar, tendo já a ministra da agricultura prometido legislação adequada.
Caramba, mas querem competição, ou querem sectores protegidos a viver das tão propaladas rendas? Toda esta discussão em torno do Pingo Doce só me merece mais um comentário: tanta estupidez junta devia pagar imposto.

A propósito do penúltimo post do Luís

Naturalmente, dizem-nos que a pessoa que saudavelmente se dirige para o seu interior também se preocupará com os outros. Ao que eu apenas respondo: se podes acreditar nisso, podes acreditar em tudo.

                                                                                              Allan Bloom in a A cultura Inculta

Não há dúvidas de que os pressupostos da economia radicam na moderna filosofia fundada por Hobbes e Locke no século XVII. A visão dual dos gregos, em que a alma (representando as virtudes)  luta tenazmente com o corpo (símbolo dos desejos e vícios), dá lugar a um Homem solitário e egoísta, que apenas visa o seu bem-estar - em bom rigor, podemos considerar Maquiavel o pai desta moderna visão da natureza humana.
Esta nova visão do Homem está por detrás das análises das ciências ditas humanas ou sociais – nomeadamente da economia. Nas “análises científicas” do comportamento humano, qualquer acção ou efeito tem uma causa e, portanto, não há espaço para valores elevados e nobres como o altruísmo ou a generosidade: é irracional supor que alguém possa agir desinteressadamente.
Este tipo de análise racionalista, fria, mecânica e redutora da complexidade humana pode ser bastante útil na política ou no mundo dos negócios, mas é perniciosa quando baixa ao Homem comum e se transforma na visão dominante – até a amizade, por exemplo, corre o risco de ser vista como uma mera contabilidade de favores.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Grotesco*

Lembro-me de ter lido, há uns tempos, que ser de esquerda ou de direita eram simplesmente duas formas diferentes de ser estúpido.
Hoje, leio isto -- no extremo esquerdo no nosso espectro partidário -- e leio isto -- de uma governante no extremo direito do nosso espectro partidário -- e concluo que, em Portugal, ser de  esquerda ou de direita são simplesmente duas formas de ser igualmente estúpido.

* Título roubado ao André. Lamento o plágio, mas não encontro um título mais adequado.

Pergunta

Facto: os economistas são pessoas egoístas e más que desejam o mal para os outros.
Explicações possíveis:
  1. As pessoas egoístas e más escolhem tirar cursos de economia.
  2. É o curso de economia que torna as pessoas más e egoístas
Pergunta: qual das explicações é a correcta.
A resposta virá logo que tenha tempo para me coçar.

Adenda: A Priscila oferece uma primeira resposta.