sábado, 17 de maio de 2014

A ignorância que nos dói...

A princípio não acreditei quando li este post do Pedro Lains.  Infelizmente, é mesmo verdade: o nosso Primeiro-Ministro considera que não é missão do BCE a recuperação económica e, como tal, recusa um programa de "quantitative-easing". Prefere também um papel menos interventivo do BCE na economia europeia. Será que o Dr. Passos acredita mesmo que a "saída limpa" será sustentável sem a "almofada" mais ou menos encoberta do BCE e que a descida das taxas de juro da dívida pública portuguesa se deve apenas às suas políticas?  
Aqui vai um resumo da entrevista de Passos Coelho ao canal CNBC, na passada quinta-feira:
"Passos Coelho also commented on nascent signs that the European Central Bank (ECB) could be considering buying bonds and other assets in an effort to stump up the euro zone's economy.
An asset-purchase, or quantitative-easing (QE), program would be something of a drastic change in policy - and is not something supported by Passos Coelho.
"No one in the ECB can tell we ever conceived a situation where a policy like this could be adopted, but it's not the mission of the ECB to improve the economic recovery," he said.
Instead, Passos Coelho said he would prefer the central bank to play a less active role in Europe's economy. "It's important that the European economy can recover by its own possibilities," he said."
Nota final: acredito mesmo que o nosso PM desconheça que, para além do objectivo primordial da manutenção da estabilidade dos preços, o Sistema Europeu de Bancos Centrais e o Banco Central Europeu têm também como objetivo (sem prejuízo da estabilidade de preços) apoiar "... as políticas económicas gerais na Comunidade, tendo em vista contribuir para a realização dos objectivos da Comunidade, tal como se encontram fixados no art.º 2 do presente Tratado." Ora o art. 2º do Tratado da União Europeia é suficientemente claro quando refere que: "A União atribui‑se os seguintes objectivos:  a promoção do progresso económico e social e de um elevado nível de emprego e a realização de um desenvolvimento equilibrado e sustentável..." 

2 comentários:

  1. Ou seja, no que toca a interpretacoes temos que escolher entre:

    1. O nosso PM ignora conscientemente parte do mandato do BCE.
    2. O nosso PM desconhece parte do mandato do BCE.

    Ou está-me a falhar alguma coisa no meio disto tudo?

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  2. E onde é que um QE ajuda verdadeiramente a economia no longo prazo? E sobretudo, tendo em conta o desastre que tal pode ser numa uniao de nacoes independentes, sera que tal traz desenvolvimento equilibrado e sustentavel?

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