Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje
“Good resolutions are useless attempts to interfere with scientific laws. Their origin is pure vanity. Their result is absolutely nil.” —Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray
Fez um ano que o Luís me convidou para escrever para a Destreza. Lembro-me perfeitamente onde estava. Tinha aterrado em Lisboa vinda de um natal passado em Londres. Fiquei muito contente com o convite, foi como chegar a casa duas vezes. A Destreza tinha a minha cara e enchia-me as medidas. Dias depois surge o convite do Expresso para o qual me comprometi em escrever todas as semanas e por vezes duas vezes por semana, para o online e para o papel. E como tenho a mania da perfeição, sabia que escrever não ia ser uma tarefa feita em cima do joelho. Semana após semana tinha ideias, quer para o Expresso, quer para a Destreza, mas não tinha tempo. Mas passado um ano a falta de tempo que é (e foi) real não é desculpa.
Acabo de ler uma mensagem do Luís: “Menina, tens de escrever para a Destreza. 1 vez por mês, não é quase nada. Que seja essa a tua resolução de ano novo”. Mas a verdade é que as resoluções de ano novo raramente funcionam. No fundo, não são mais do que uma oficialização da procrastinação. Deixar para amanhã o que se poderia já fazer hoje.
A procrastinação é uma mal que afeta todos, em maior ou menor grau, e para o qual já aplicamos estratégias de combate. Estabelecer prazos, oferecermo-nos alguma gratificação como prémio por acabar uma tarefa ou impor alguma penalidade. Os economistas acreditam em incentivos, pelo que sistemas de bónus são muitas vezes implementados para combater a procrastinação e aumentar a produtividade no local de trabalho. Outro exemplo da aplicação de incentivos é o website/aplicação Stickk, que permite estabelecer um objetivo que deverá ser alcançado num prazo determinado. Por forma a potenciar o sucesso é preciso estabelecer uma quantia em dinheiro que será doada a uma instituição que não se gosta caso o objetivo não seja cumprido. Esta aplicação ajuda, mas tanto mais quanto tornamos público o nosso objetivo. Ou seja, partilha-lo com amigos e colegas que monitorizam o nosso desempenho.
Enquanto os economistas pensam em incentivos, os psicólogos focam-se mais nas emoções. E ao que parece existe outra via para combater a procrastinação: melhorar a nossa disposição e humor. No fundo, estar feliz. Considere-se, por exemplo, uma experiência* que usou estudantes universitários que tinham de se preparar para um exame. A estes foram facultadas distrações e foram induzidos diferentes estados de espírito por via de leituras diversas. A um grupo de estudantes foram dadas velas de aromaterapia e foi-lhes dito que estas criam bem-estar e melhoram a disposição.
Os resultados mostraram que quem mais procrastinou foi 1) quem estava com mais mau humor; 2) a quem foi dito que as velas tinham poder de melhorar a disposição; 3) quem mais teve acesso a distrações.
A todos os destrezianos deixo então aqui a minha palavra. Escreverei para a destreza com regularidade. Começo já hoje porque amanhã pode ser tarde de mais. Vou oferecer as velas aromáticas que estão no meu gabinete aos meus colegas. E já agora, um ano muito feliz a todos. Mantenham-se de bom humor e continuem a fazer da Destreza um blogue que me enche as medidas.
* Do Emotions Help or Hurt Decision Making? A Hedgefoxian Perspective; Kathleen D. Vohs, Roy F. Baumeister, George Loewenstein. Editors, 2007.
Decência e tempo 'coisificado'
"A liberdade e a democracia são uma espécie de oxigénio, que serve para respirar num tempo tão complexo como o nosso. Mas é preciso mais, é preciso construir. E temo que isso não seja possível com a polarização do debate, com a falta de respeito por um sentimento tão simples e elegante como é a decência."[...]
"O tempo ‘coisificado’ não me apetecia."
~ João Lobo Antunes, em entrevista à Revista E, 24/12/2015
Esta última frase é capaz de ser a minha frase preferida do ano. Nunca tive uma frase preferida do ano, mas quando a li, achei que era uma, talvez por hoje ser o último dia do ano. Não sei...
Memória de um 31 de Dezembro
Coisas
que se revelam, em conclusão, as mais obscuras e difíceis?
Não é a própria vida, na sua naturalidade,
que é misteriosa -- e não as suas complicações?"
~ Pier Paolo Pasolini, "Teorema"
Frases famosas 46
46. Farto da rotina, o Lopes saltou os degraus da escada à velocidade de vinte e cinco quilómetros por hora.
Casamento por conveniência
Tormentas...
É uma coisa hedionda,
Que nasce, que brota,
Não há quem a esconda,
Quem a afogue e mate,
Quem a condene à sombra.
Para algures, longe de mim,
Leve-a uma pomba...
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Act accordingly!
"It is the great joy of my life, and Michelle's life: Our daughters." —President ObamaWatch as the President answers questions from White House interns—including one where he shares his advice on family and parenting: go.wh.gov/POTUSadvice
Posted by The White House on Wednesday, December 30, 2015
A minha passarinha
Eu não acredito
O colectivo de juizes considera que o «empurrão» sofrido pela vítima por acção física do arguido não constitui «um acto de violência que atente gravemente contra a liberdade da vontade da ofendida» e, por isso, «impõe-se a absolvição do arguido, na medida em que a matéria de facto provada não preenche os elementos objectivos do tipo do crime de violação».Ele não a agrediu sexualmente com força suficiente, logo não era violação. Disse-se isto a uma mulher grávida! Com a recente criminalização do assédio sexual verbal, surje na sociedade portuguesa uma certa segurança, que eu acho falsa. Pede-se aos portugueses que acreditem que agora temos mais uma forma de lutar contra quem nos agride. Eu não acredito, chamem-me cínica. Estou a imaginar vítimas a ser chamadas a tribunal para testemunharem no julgamento dos casos, e os juízes a concluírem que a agressão não tinha sido verbalmente violenta demais, se calhar até quem ofendeu riu-se, numa clara indicação que estava a brincar. A intenção não devia ser má.Fonte: In Verbis
Há apenas uma lei nova--essa é a novidade. Nós já tinhamos protecções na lei, mas esta apenas introduz a especificidade do tipo de ofensa. Os juízes e polícias, que a irão aplicar, não me parece terem adquirido nenhuma sensibilidade maior ao problema da vítima do que tinham há um mês atrás antes da lei existir, tal como os juízes que absolveram o psiquiatra inicialmente não demonstraram nenhuma. Nesse caso, houve apenas um juiz que discordou.
Quando eu tinha 15 anos, em 1987, estava à espera de uma amiga minha do outro lado da rua da Pastelaria Briosa, em Coimbra. A minha mãe dizia-me que era feio as meninas irem para os cafés sozinhas e eu fiquei na rua. A minha amiga não apareceu e quando desisti de esperar e me fui embora, um homem seguiu-me. Começou a abraçar-me, a falar-me ao ouvido, queria levar-me para algures. Disse-lhe que estava enganado, eu não fazia isso, mas ele não desistiu e por uns 15 minutos andou em meu redor a assediar-me. Finalmente, virei-me para ele e dei-lhe uma bofetada. Ele deu-me outra. Apareceu um polícia e perguntou o que se passava, eu expliquei. O homem disse que eu o tinha esbofeteado do nada.
E ali, na Rua Adelino Veiga, fiquei a chorar à frente de um polícia, do meu agressor, e transeuntes, até que o polícia nos mandou dispersar. Fui para casa a chorar. Agora dizem-me que o homem não fez nada de mal, que a lei lhe permitia fazer-me o que me fez, que era legal na altura. Eu não acredito que fosse legal. Acredito que não houvesse vontade de aplicar a lei da altura e o polícia não se quisesse chatear.
Nada me diz, hoje em dia, que haja vontade de aplicar esta lei, assim como não houve vontade de aplicar a lei no caso da mulher grávida violada, na primeira vez que o caso se deu em tribunal. Nada mudou, apenas se pede às vítimas que acreditem que sim. E eu não acredito, até porque a lei é má. A lei devia ter contemplado claramente que quem assistisse ao crime e não fizesse nada fosse acusado de cumplicidade no mesmo. Uma lei desse tipo surtiria muito mais efeito em modificar o comportamento da sociedade.
Resposta a uma pergunta
Pergunta: Se alguém estivesse na paragem do autocarro e do outro lado da estrada alguém se pusesse aos berros com bocas ordinárias, não havia enquadramento legal para isto?Detesto recorrer a argumentos de autoridade, mas quando é uma juíza do STJ a dizer isto, no mínimo têm de reconhecer que não era nada óbvio que a lei actual enquadrasse situações destas.
Resposta: se houvesse insultos podia ser crime de injúria. mas as frases "comia-te toda" e apreciações do corpo de forma ordinária não são insultos. na nossa cultura até são considerados elogios embora ditos de uma forma ordinária e feia. por outro lado, houve sempre um silêncio enorme em relação a isto e se não fizermos um tipo legal de crime novo, que tenha em conta a ofensa à liberdade e autodeterminação sexual, as mulheres não se vão lembrar de apresentar queixa por injuria e nenhum juiz consideraria estes dichotes incluídos no crime de injúria por até serem vistos como elogios ou piropos. recordo-me que uma vez, há quase 20 anos, disse a uma colega de trabalho, professora universitária prestes a doutorar-se, que quando tinha 14 anos um homem me tinha dito na rua "ia-te pela frente e ia-te por trás" e que me tinha sentido muito mal com isso. ela respondeu, não sintas isso Clara, só significa que és lindíssima!
Aviso: adem nus!
Não eram pedreiros
Acontece que o piropo malicioso já estava contemplado na lei. Basta ler a Constituição da República Portuguesa para se saber que nós, portugueses, temos o direito à dignidade humana. Se há portugueses que acham que assediar sexualmente contribui para a dignidade humana de alguém, então há desconhecimento da lei; não há falta de lei. No Código Penal português já havia leis que contemplam o crime. Se a Polícia e a Justiça portuguesas preferem não aplicar a lei existente, não estou a ver como é que produzir uma lei nova irá resolver o caso e devolver às vítimas a sua dignidade humana. Talvez alguém na Comunicação Social queira perguntar o porquê disto aos nossos queridos deputados parlamentares.
Já fui assediada sexualmente por muitas pessoas, tanto em Portugal, como nos EUA. Como dizia a minha mãe, há 30 anos: as coisas são assim, já eram assim no tempo dela, e não mudarão tão cedo. No meu caso, eram todos homens, mas também há mulheres que assediam. A maior parte das pessoas que me assediaram eram conhecidos meus ou tínhamos amigos em comum. Nunca fui assediada por um pedreiro.
No outro dia, à guisa de comédia, contei-vos o meu último caso de assédio. Aposto que muitos leitores pensaram que eu inventei; mas foi tudo verdadeiro. Um homem, com o qual eu tenho amigos em comum, contactou-me no Facebook. Eu excitava-o e ele masturbava-se a pensar em mim. Vocês sabem que eu falo abertamente de sexo, gosto de poesia erótica, às vezes escrevo uns poemas muito maus, que têm alguma carga sexual. Há quem ache que isso indica que eu sou uma mulher fácil, ou talvez tenha um apetite sexual voraz e leve para a cama tudo o que se mexa. Não é verdade. Gosto de bom sexo e não tenho vergonha disso, é só. Já agora será que alguém gosta de mau sexo? Acho que todos preferímos bom sexo. Nos dias de hoje, as pessoas já deviam ter noção que ler ou ouvir uma mulher falar abertamente de sexo não indica que essa mulher tenha pouca fibra moral. O que vocês pensam acerca de uma mulher que assume a sua identidade sexual reflecte os vossos preconceitos; não reflecte o que a mulher é.
Aconteceu que o meu último caso de assédio se deu antes desta lei absurda, mas, como vos disse, já havia enquadramento legal para tratar do caso. E houve vários crimes, chegando a pessoa a ameaçar a minha reputação só porque eu não colaborava com os seus avanços. Porque é que não fiz queixa? Em primeiro, porque achei que a pessoa estava a ser estúpida e não tinha noção das consequências do que estava a fazer. Em segundo porque estava tudo documentado e, se ele prosseguisse com as ameaças que fez, eu teria como o denunciar e provar o meu caso. Em terceiro, como já vos disse eu não posso fazer queixas via Internet porque o meu cartão de cidadão não funciona, logo teria de arranjar outra forma. Em quarto, a Justiça portuguesa é uma bela merda e isto ir-me-ia dar umas dores de cabeça e custar dinheiro, que eu prefiro não usar para sustentar um sistema mau.
Já agora, o Parlamento tem planos para continuar a produzir leis redundantes? É que hoje em dia eu só ouço o som de dinheiro, que o país não tem, a cair num poço sem fundo.
Pedreiros em extinção
Jogos de poupanças
Nos EUA, este tipo de jogos são comuns. É normal aconselharem as pessoas a ter guardado em dinheiro o equivalente a seis meses de despesas e estes jogos podem servir como ponto de partida. Como em Portugal há um estado social (muito) mais generoso, talvez três meses seja um bom objectivo. Mas não se sintam mal se não conseguirem ter tanto, o importante é progredir e, pouco a pouco, ficamos sempre melhor do que quando começámos.
Se vêem que não conseguem continuar com um jogo, mudem para outro que não requeira tanto esforço. Vou começar pelo mais ambicioso e terminar com o menos exigente. O menos exigente seria bom para treinarem os vossos filhotes a poupar. Logicamente, também podem inventar um outro. O objectivo é apenas chegar ao final de 2016 e dizer que se poupou qualquer coisa.
- O jogo mais exigente que vos proponho é todas as semanas pouparem o número de euros que corresponde ao número da semana. Se começarem no primeiro dia do ano, que é uma sexta-feira, terão 53 sextas-feiras em 2016. Então €1 no dia 1/1, €2 no dia 8/1, €3 no dia 15/1, etc. Na última sexta-feira do ano terão acumulado €1.431. Notem que à medida que o ano progride, este jogo torna-se mais exigente. Dezembro requer que se poupe o equivalente às semanas 49-53, ou seja, um total de €255.
- Um jogo mais moderado é todas as semanas meterem de lado €10, o que vos dará um total de €530 no final do ano. Alternativamente podem colocar €5 e acumular €265.
- Se todos os meses colocarem no mealheiro €1 na primeira semana do mês, €2 na segunda, etc. acumularão €145. Este jogo seria bom para treinar os vossos filhotes.
Governo poupa 25 milhões de euros com renegociação da PPP do Siresp
O processo de renegociação da Parceria Público-Privada (PPP) do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (Siresp) deu o passo final este mês com a aprovação da minuta do aditamento ao contrato Siresp, que data de 2006. A medida foi aprovada por resolução do Conselho de Ministro de 23 de Dezembro e resultará numa poupança para o Estado de 25 milhões de euros.
O Governo fechou a 8 de Abril deste ano um pré-acordo com a Galilei (ex-SLN), mais de um ano depois do início das negociações. (...) “Os temas acordados e vertidos na minuta de alteração ao Contrato Siresp contemplam, essencialmente, a redução da Taxa Interna de Rentabilidade Accionista (...) A renegociação desta PPP, liderado pelo anterior Governo de coligação, resultou ainda num "aumento dos níveis de serviço" em termos de disponibilidade e cobertura, "exigíveis à operadora" - a PT.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
E tu, Peppone?
Mas há uma coisa que preciso de saber. Dom Camilo está inocente?
Substituição na equipa azul: sai Burke, entra Robespierre
Fico feliz quando me explicam as coisas assim, sem mas nem meios mas. Se quer voltar a ser merecedora de respeito e honorabilidade, a direita portuguesa tem de pensar em voltar aos únicos trilhos moralmente decentes, sejam os da social-democracia nórdica ou, Deus lhes valha, o da extinta democracia-cristã. Presume-se assim que a infâmia cairá sobre as vidas desta gente, tenham eles o ensejo de persistir nessa enorme imbecilidade que é ser de direita sem ter uma matriz de esquerda.
Verdade e falsidade
Pssst...
Importam-se de fazer um decreto a dizer aos maridos que é ilegal matar as esposas? É que, de acordo com o Correio da Manhã, que me dizem ser um jornal péssimo e até faz fotogalerias das vítimas, já houve muitas esposas que morreram este ano vítimas de abuso doméstico.
Se calhar, o abuso é ilegal, mas a morte por abuso não é. De qualquer das formas, já nem dá para contar pelos dedos das mãos e dos pés o número de mulheres mortas. Ilegalizem isto, se faz favor, a ver se resolvemos tudo a bem. Eu tenho uma sugestão: talvez ajudasse obrigar os conjuges a gravar na aliança "Proibido matar o meu parceiro", já que prometer amar para o resto da vida não surte efeito.
Obrigada!
Rita do Texas
P.S. Nem todas as vítimas eram casadas com os agressores? Também há vítimas homens e crianças? Ah, mas isso são detalhes... Ilegalizem a morte por violência doméstica e já dá para tudo!
Um dos nossos gurus...
What is a digital inclusion manager and what do they do?
I collaborate on cross sector projects in the private and public sectors related to digital inclusion, social media and business intelligence. I am focussed on the analytics, so I use data to help our customers create sustainable and measurement digital experiences. The team also helps our customers engage with clients, potential clients and build communities. Digital inclusion goes beyond accessibility for people with disabilities and is designed at engaging the widest possible cross section of society in life online.What is neurodiversity?
Neurodiversity is a positive way of addressing the fact that many people’s brains are wired differently. Whilst the term originated in the Autism community it has since been adopted by people with other neurological differences such as Dyslexia, Dyspraxia, Attention Deficit Disorders and Dyscalculia. Neurodiversity celebrates the positive aspects of people’s differences recognising that whilst neurodiverse people may struggle in some areas they often have great strengths and talents that need to be recognised and nurtured.Fonte: Irish Tech News
Não é sobre nada; mas sobre tudo...
Portas entreabertas ou o sorridente “pai tirano”
Frases famosas 23
A geringonça
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Finalmente, a paz...
Não tentem enviar-me piropos via Facebook Messenger porque é ilegal. Não me digam que sou só sexo e vocês batem 10 punhetas ao dia a pensar em mim. Não me acusem de ser uma pessoa tão cruel e falsa porque não correspondo a tão generosos avanços. E escusam de enviar fotografias das vossas erecções para a minha caixa de mensagens--ou será que isso ainda é legal? [Valha-me S. Rita, que eu vejo-me aflita! A lei portuguesa é muito complicada...]
Assinado,
Rita do Texas
O ano do cocó...
Quando estamos no ventre das nossas mães, não temos nenhumas bactérias no nosso tracto gastro-intestinal, mas assim que nascemos somos colonizados. A colónia que recebemos depende das bactérias que estão presentes no nosso nascimento: as da nossa mãe e de outras pessoas em nosso redor. São essas bactérias que permitem que nós retiremos nutrientes da comida que digerimos. Algumas bactérias são mais eficientes, do que outras. Se não tivessemos a nossa colónia, quase tudo o que comíamos voltaria a sair.
Há bactérias que podem contribuir para a obesidade e outras para termos um peso saudável sem que para isso tenhamos de fazer grande esforço físico ou restrições alimentares. A bactéria clostridium difficile é resistente a antibióticos, mas é susceptível de ser tratada com uma terapia de transplante de matéria fecal. Ou seja, "a merda da saúde" terá outro significado em 2016...
Os virtuosos
A folga nas taxas de juro, permitida pela intervenção do BCE no mercado de dívida soberana, está a ser usada, não para consolidar dívida pública e diminuir os custos da sua manutenção no futuro, permitindo um alívio nos impostos, mas sim para se maximizar o endividamento do estado durante um período de taxas de juro baixas--esta foi a receita para a desgraça do governo Sócrates. Mário Centeno, como outros Ministros das Finanças anteriores, cala e consente.
A depreciação do euro está a ser desperdiçada. O sector privado já encolhe. Nas redes sociais, os empresários já se queixam da voracidade com que o estado os persegue. As escolas privadas, onde os empregados estrangeiros de algumas empresas a actuar em Portugal colocam os seus filhos, já estão a perder alunos, indicando que essas empresas estão a reduzir a sua presença em Portugal e a minimizar a sua exposição a uma governação que parece ser desastrosa para o sector privado.
O ano de 2016 irá provavelmente ser o fundo dos preços de petróleo. A extração de petróleo e gás natural dos depósitos de xisto não é, dada a tecnologia actual, rentável com petróleo a $35/barril; precisa pelo menos de $50/barril. Em algumas partes dos EUA, os produtores de petróleo/gás natural já venderam produto a preços negativos, pagando a alguém para o levar porque não têm onde o guardar. Os traders aconselham os barcos que transportam petróleo a irem mais devagar porque não há capacidade de armazenamento.
Este ano, o el Niño está a produzir um inverno anormalmente quente, logo os produtores de gás natural não irão conseguir escoar produto a bons preços e irão reduzir ainda mais o número de poços, reduzindo a produção de gás e petróleo nos EUA a médio prazo. Como diz um amigo meu na indústria: "não há melhor remédio para preços baixos do que preços baixos." (O mesmo é verdade para preços altos.) Nada disto dura para sempre.
Que faz Portugal perante esta baixa histórica nos preços de energia? É simples: o preço da gasolina é agora 2/3 impostos. O estado usa a baixa de preço das commodities para se financiar, mas não diminui a despesa, compromete-se ainda mais, numa altura em que devia estar a poupar para quando não pudesse cobrar tantos impostos e a passar parte das poupanças às famílias e às empresas para estimular a economia.
O pano de fundo disto tudo é uma situação demográfica catastrófica: somos o terceiro país mais envelhecido do mundo, mas comportamo-nos como se fossemos um país jovem. Continuamos a seguir políticas que nos garantem a pobreza, como se isso fosse um sinal de virtude.
Frases famosas 52
domingo, 27 de dezembro de 2015
Pessoas educadas
On top of this knowledge, a liberal education should make certain habits of rationality second nature. Educated people should be able to express complex ideas in clear writing and speech. They should appreciate that objective knowledge is a precious commodity, and know how to distinguish vetted fact from superstition, rumor, and unexamined conventional wisdom. They should know how to reason logically and statistically, avoiding the fallacies and biases to which the untutored human mind is vulnerable. They should think causally rather than magically, and know what it takes to distinguish causation from correlation and coincidence. They should be acutely aware of human fallibility, most notably their own, and appreciate that people who disagree with them are not stupid or evil. Accordingly, they should appreciate the value of trying to change minds by persuasion rather than intimidation or demagoguery."
sábado, 26 de dezembro de 2015
Sincretismo poético
Pedro, não morras!
Nos fins-de-semana, lá vinha ela com a filha. Eu arrumava coisas, ela desfazia as caixas e arrumava-as na garagem. Ela é quatro anos mais velha do que eu, nasceu em El Salvador, não fala inglês, tem o sexto ano de escolaridade, mas nota-se que não é uma pessoa de muita cultura. Por exemplo, nem sequer sabia, ou se lembrava, que havia um país chamado Espanha e era por isso que a sua língua nativa era espanhol. A bem dizer, já nem escreve muito bem espanhol. Muitas vezes, quando ela me manda mensagens eu tenho de as ler em voz alta para perceber o som do que escreve porque ela dá muitos erros ortográficos.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
Um Natal diferente
Feliz Natal!
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Umas facas dão sempre jeito
Produtividade, risco sistémico, etc.
"O Banif tem uma rede de 150 balcões, que servem 400 mil clientes. Possui uma carteira de cerca de 6000 milhões de euros em depósitos e 5500 milhões de euros em créditos.* A instituição é especialmente relevante nas regiões autónomas da Madeira e Açores, nas quais conta com quotas de mercado muito elevadas.Na sexta-feira, havia seis entidades interessadas no Banif. Diz o Observador que, no Sábado, o Santander e o Popular foram ambos convidados para apresentar propostas. O Santander Totta é convidado a apresentar uma proposta no Sábado, no Domingo o governo decide que o Banif será vendido ao Santander, e Terça-feira, já há balcões Banif com os nomes trocados no exterior para indicar que esses balcões são agora do Santander Totta. Em Portugal, as coisas não funcionam assim tão eficientemente. Será que foi milagre de Natal? Ou talvez um surto de produtividade devido ao elevado consumo de fatias de bolo rei? Ou será que estão a reinar connosco?Fonte: Público, 21/12/2015
Uma linha de justificação, que ouço nas redes sociais, para a intervenção centra-se em dizer que o Banif, cujos depósitos e créditos eram de 2,5% do mercado português, representava risco sistémico para o sistema financeiro do país. Isto não me parece ser verdade, até porque a solução encontrada apresenta maior risco sistémico. Como é que vender o Banif ao Santander Totta mitiga o risco sistémico do sistema financeiro, dado que o Santander Totta é o segundo maior banco privado a operar em Portugal, detendo agora 14,5% do mercado português? Que procedimentos foram adoptados pelo Banco de Portugal e o governo português para minimizar o risco sistémico do Santander Totta? E porquê vender a uma entidade espanhola? Dada a forte integração do sistema financeiro de Portugal e Espanha, parece-me que seria muito mais cauteloso, do ponto de vista de gestão de risco, não integrar ainda mais os dois sistemas financeiros.
O artigo do Observador indica que o Banif começou a perder depósitos após as eleições legislativas devido à incerteza causada pelas acções de António Costa. As perdas de depósitos avultaram-se após a notícia incorrecta da TVI, tendo nessa semana saído €900 milhões. Dado que o Banco de Portugal apresentou uma solução que diz que em princípio custará €2.255 milhões de euros, concluo que as perdas em depósitos do Banif numa semana sob a governação Costa representam 40% do custo anunciado. Se formos a considerar as perdas de depósitos desde Outubro, cujos números ainda não vi, especulo que essa proporção exceda 50%. Este ano a maior parte do risco enfrentado pelo Banif ocorreu, então, durante o último trimestre do ano, que coincide com o período de grande incerteza governativa gerada por António Costa. Esta asserção foi confirmada pelo ex-Presidente executivo do Banif.
Ontem à noite, Jorge Tomé, ex-Presidente do Banif, deu indicação de que o banco se encontrava em situação relativamente estável, e obteve lucros de €6,2 milhões até ao terceiro trimestre deste ano. Acha Jorge Tomé que solução encontrada é "estranha", pedindo uma auditoria independente externa. Como é parte interessada, não podemos apenas acreditar no que diz.
Todos nós queríamos ver uma explicação independente e isenta dos factos e dos porquês das decisões tomadas, mas quando a justificação do actual governo nem sequer concorda com a justificação da Comissão Europeia, julgo que podemos ter a certeza que bastou um mês para o governo Costa vergonhosamente nos aldrabar. Mas isso já é costume: seria completamente anormal sermos governados por alguém que não aldrabasse.
Adenda:
* Convém mencionar que, num banco, os depósitos recebidos pertencem ao lado do passivo e os créditos concedidos ao lado do activo. Como há incerteza acerca do pagamento ao banco do crédito concedido, pois nem todos os empréstimos serão pagos, há uma certa flexibilidade na valorização destes activos, pois se se assume que o risco de não pagamento é grande, então os activos não valem tanto. Um dos argumentos de Jorge Tomé é que, na intervenção do Banif, a valorização destes activos está feita de forma a dar uma imagem pior do banco e poder justificar perdas muito superiores às que se verificariam se não houvesse intervenção.
Reportagem 10
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Onze anos de rendimento mínimo garantido
O que acho mais impressionante neste processo todo não é a decisão do PC em votar contra, mas a certeza do PC de que o PSD nunca deixaria de votar a favor, se fosse preciso para garantir esta solução. É que, há dois meses, o PSD garantia que nunca daria apoio a nenhuma iniciativa de um possível governo PS: "Ó senhor deputado, se chegar a haver um Governo PS ..., quem tem de o apoiar são aqueles que andaram a negociar acordos bilaterais ...", disse Montenegro, acrescentando "é sobre si e o seu partido, sobre o PCP, sobre o PEV, sobre o PAN que recai a responsabilidade de sustentar politicamente o Governo, todo o seu posicionamento, mesmo em matéria europeia".
Reparem bem: a grande linha orientadora do Programa para a oposição a este Governo foi deixada cair passado dois meses. Dois meses. Eu sei que o PSD fez de dar o dito por não dito desporto em toda a governação, mas, caramba, na oposição é sempre mais fácil manter uma aldrabice. E, na verdade, é fácil imaginar milhares de medidas que, se precisassem da provação do PSD, seriam chumbadas. Estou a pensar, basicamente, em tudo o que não sejam orçamentos retificativos para salvação de bancos. O PC, numa jogada política tão fácil, mas tão esclarecedora, denuncia o bluff e o PSD mostra a mão, uma mão de banqueiros que não ganham ao poker mas ficam sempre com o pote.
Recalibração
Apaguem o sol,
Oprime-me a luz do dia.
Quero chuva, trovoada, vento.
Uma tormenta que me dê alento.
Já não suporto o azul,
Fonte de tanta alegria.
Sorrir já nem sequer tento,
Morreu-me a vontade desse momento.
Quanto terminei de escrever isto, olhei para o meu telefone e apareceu uma notificação do LA-C. Só apareceram as primeiras letras e dizia "Quero voltar a verte.Beij..." Achei aquilo tão estranho, que pensei estar a alucinar.
Abri o telefone e li a mensagem "Quero volta a verte.Beijinhos da Laura." Era a Lauríssima que irá ser, um dia, Primeira-Ministra de Portugal e depois Presidente da República. Ri e chorei aos soluços. A última vez que estive com a Laura, recebi instruções muito precisas, como atesta a nota abaixo:
E hoje eu não sabia, mas tinha saudades da Laura porque a Laura, como as outras crianças de Portugal, representam o melhor que Portugal tem. E nestes últimos dias, tenho sentido falta disso. A Laura meteu-me na ordem e voltou a lembrar-me do que era esperado de mim...
O socorrista
Às vezes mais vale citar
MOITA DE DEUS, Rodrigo [2015], 31 da Armada. 22/Dez, Post 3.
Ockham ou o catano
Corolário: se o Governo se safar com os votos do PSD, Passos deve demitir-se.
Costa vs. Britney
Yeah yeah yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah yeah yeah yeah
I think I did it again
I made you believe we're more than just friends that I was your friend
Oh baby
It might seem like a crush I rushed
But it doesn't mean that I'm not serious
'Cause to lose all my senses
That is just so typically me
Oh baby, baby
Que se lixe o centro
Retaliação à TVI
As empresas só existem enquanto os consumidores deixarem.
Valha-nos Jesus Cristo, “que não percebia nada de finanças”
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Fantasia: Não ao Orçamento Rectificativo
- "Agora só falta o orgasmo!"
- "Há proxenetas que tratam melhor as suas prostitutas!"
- "Não custa nada ter vergonha"
- "Esta laranjinha é amarga"
- "Não precisamos de rosas com picos"
- "Costa Concórdia a Passos de afundar Portugal"
- "Tão inimigos que eles eram..."
- "Que Passos tão esmerado a massajar o Costa"
- "A todos um Natal infeliz"
- "Os porcos têm pocilgas mais limpas"
- "Ladrão que rouba ladrão tem Centeno para o perdão"
- "Que estranha forma de dívida!"
- "Até o Passos tropeçou e acidentalmente entrou..."
Da próxima vez que for a Portugal, devia ir "Sem Fantasia", mas não consigo. Até é provável que me prendam no aeroporto. Tenho de começar a ir passar as férias às Ilhas Turcas e Caicos--é o único outro sítio onde me apetece ir...
Uma história macabra
Mas para manter um jovem de 29 anos vivo não dá porque é fim-de-semana e os médicos sendo mal pagos, preferem não trabalhar. Esta história é completamente incompatível com um país que se diz civilizado. Mas é pior. Não basta terem adiado a operação, estando cientes do risco a que sujeitavam a pessoa, como nem se dignaram a informar a família da morte do jovem. Entretanto, aproveitaram o tempo para tratar de fazer os preparativos para recolher os órgãos do rapaz. Isto é macabro! Alguém devia ser despedido.
Só asinhas de perú...
Contribuintes: Vocês fizeram merda outra vez. E daquela muito mal-cheirosa... Pior do que diarreia causada por campylobacter, quando até sai sangue!
Políticos: Nós?!? Não, é impossível; nós nem temos intestinos. Somos uns seres puros, angélicos, e alados -- com umas asas brancas e gloriosas, mais alvas do que as da águia do Benfica. Até só comemos asinhas de perú...
Cavaco Silva dixit
"Observando a zona euro, verificamos que a governação ideológica pode durar algum tempo, faz os seus estragos na economia, deixa faturas por pagar, mas acaba sempre por ser derrotada pela realidade"Aníbal Cavaco Silva, 22/12/2015
Fonte: Citado no Expresso
Especialistas na renúncia
A fome da verdade ainda nos aflige. Não somos menos curiosos ou criativos do que a maioria dos europeus. Mas tornámo-nos especialistas na renúncia. Entre nós Cassandra redobraria o choro por ser sua sina prever o futuro, e não apenas um rouxinol, como desejava.
Esclareçam-nos
- quando o governo Passos Coelho tomou posse,
- antes das eleições legislativas,
- na véspera da notícia da TVI, e
- no dia em que o BCE decidiu fechar a torneira.
Para além disso, alguém do governo Costa deveria explicar aos contribuintes o seguinte: no dia 16 de Dezembro, o BCE informou o governo que iria fechar a torneira ao Banif no dia 21 de Dezembro. Logo, subentende-se que no dia 16, o governo Costa sabia com certeza absoluta que teria de intervir no Banif e que isso teria um custo avultado. A 18 de Dezembro, António Costa comprometeu-se a desfazer o negócio da TAP a qualquer custo. Como é que o Primeiro Ministro sabendo que estava prestes a anunciar um desastre financeiro para os contribuintes, se compromete a prosseguir uma linha de acção com a TAP que custará ainda mais dinheiro para os contribuintes?
O bezerro de ouro
Nasceu uma criança entre nós
Ainda sobre o papel das finanças públicas na crise
Agora foi Simon Wren-Lewis, professor de economia na Universidade de Oxford e um dos conselheiros económicos do novo líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, a avançar a possibilidade de a crise portuguesa ter sido o resultado de políticas insuficientemente restritivas (ou demasiado expansionistas) nos primeiros anos deste século. Pelo menos, escreve Wren-Lewis, a política orçamental seguida entre 2001 e 2007 terá agravado a situação. Pelo contrário, acrescenta ainda Wren-Lewis, a Alemanha deveria ter seguido políticas menos restritivas (ou mais expansionistas), para aliviar o esforço de países como Portugal.
Público vs. Expresso
"Quando Bruxelas anunciou que a brincadeira estava para acabar (este fim-de-semana), bastou uma notícia especulativa na TVI para que mil milhões de euros desaparecessem do balanço e a salvação do Banif passasse a ser feita à custa dos impostos."
"O Banco Central Europeu (BCE) comunicou na quarta-feira às autoridades portuguesas que ia retirar o estatuto de contraparte ao Banif esta segunda-feira, decisão que ditou a venda do Banif ao grupo espanhol Santander."Fonte: Expresso, 21/12/2015
Caros editores do Público, não percebi o vosso editorial. O Expresso diz que a decisão do BCE foi comunicada às autoridades na quarta-feira passada, após a notícia da TVI, que já tem mais de uma semana. O vosso editorial diz-nos que a decisão do BCE precede a notícia da TVI. Quem é que está a mentir? Esclareçam-nos, por favor.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Num mar
Não vejo porto, nem bonança.
Apenas cumpro o meu destino
Sem nenhuma fé ou esperança.
The plot thickens...
"O Banco Central Europeu (BCE) comunicou na quarta-feira às autoridades portuguesas que ia retirar o estatuto de contraparte ao Banif esta segunda-feira, decisão que ditou a venda do Banif ao grupo espanhol Santander.Ao perder o estatuto de contraparte, o banco deixa de ter acesso a financiamento europeu, situação que já tinha ocorrido em julho de 2014 ao BES e que acelerou a queda deste banco.
No domingo à noite, o Banco de Portugal anunciou a resolução do Banif, através da qual o Santander fica com um conjunto de ativos e passivos do banco, desembolsando para isso 150 milhões de euros. Como tal, o BCE acabou por não avançar com a retirada do estatuto de contraparte, na medida em que o Banif deixou de existir com a medida de resolução anunciada."
Fonte: Expresso
Não deixa de ser curioso que o BCE tenha fechado a torneira ao Banif menos de um mês depois da tomada de posse do actual governo português, aquele governo que nos disse que havia alternativa à austeridade. E coincidentemente marca a resolução do Banif para o fim-de-semana em que a Espanha está a meio de um processo eleitoral complexo, influenciado pelos malabarismos políticos de António Costa.
Os governos populistas só existem enquanto o BCE deixar. E o BCE parece não estar muito interessado em subsidiar jogadas políticas e estratégias eleitorais populistas.
Um dos melhores no Tumblr
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Adeus, Pai Natal!
O nosso ilustre Primeiro-Ministro é uma pessoa muito trabalhadora, que até faz conferências de imprensa à meia-noite. Isto na semana do Natal e depois da saga para ele formar governo, faz-me suspeitar que o plano é roubar o emprego ao Pai Natal. Obviamente, o primeiro argumento será: "Qual é o país ridículo que precisa de um Pai Natal à meia-noite do dia 24, quando pode ter um Primeiro Ministro à meia-noite do dia 21?" Ah, a propósito do 21, Winter is no longer coming--it is here!
O Banif realmente foi ao ar, apesar da TVI ter pedido desculpa porque a notícia não era bem assim. Agora, parece que era mais para o assim do que para o assado, logo importam-se de pedir desculpa pela desculpa? E depois publiquem também um critério para nós sabermos distinguir quando devemos confiar na TVI de quando nos estão a amaciar o pêlo.
Eis que Mário Centeno volta a dar o dito pelo não dito. Não bastava nós, economistas, fazermos uns estudos que não tinham qualquer aplicabilidade ao mundo real, agora fomos informados que a meta do défice orçamental que iria ser cumprida com muito sacrifício porque este era um governo responsável, terá de ser violada porque os dois governos anteriores foram muito irresponsáveis. A culpa é sempre dos outros, uma teoria inovadora. Se o Banif tivesse sido vendido no dia 1 de Janeiro de 2016, a culpa teria sido de quem? (Eu já vos tinha dito que dava jeito ao PS violar a meta do défice. "Fool me once, shame on you; fool me twice, shame on me...")
Mas há mais! Os Sindicatos Bancários afectos à UGT estão felizes porque, imaginem!, esta solução permite salvar os empregos dos trabalhadores do Banif, pois o Santander tem preocupações sociais -- é um banco altruísta; afinal, há bancos altruístas, isto não era um oxímoro. Este banco altruísta supostamente quer que os trabalhadores, que trabalharam mal, pois o banco foi ao ar, continuem a trabalhar no mesmo conforto.
Já perceberam que o sistema não muda; só mudam os protagonistas? E agora, se calhar, até vamos ficar sem Pai Natal. Adeus, Pai Natal!
Bombeiros e pirómanos
Da urgência da "fraternidade" - "Rouge" (1994)
O fim de uma estratégia ruinosa
Cortes e dádivas
Frases famosas 7
7. Disse o Almirante Nelson, devo todo o meu sucesso a estar sempre quinze minutos à frente do meu tempo.
Em que ficamos?
E a Caixa Geral de Depósitos também está sob a supervisão do governo? Já há compradores prospectivos no caso de ser vendida? Vai haver escândalos antes para o preço ser mais barato?
Little Earthquakes
"Oh these little earthquakes
Here we go again
These little earthquakes
Doesn't take much to rip us into pieces[...]
Give me life, give me pain
Give me myself again..."~ Tori Amos, Little Earthquakes
domingo, 20 de dezembro de 2015
Boas festas
Ontem, tive o prazer de receber cá em casa um casal de amigos para jantar. Ele é português e ela é brasileira. Como é meu costume, fiz as broínhas de natal que a minha mãe costumava fazer. São excelentes e é uma forma de eu partilhar Portugal com os outros. Por exemplo, costumo oferecer a cada um dos colegas de trabalho com quem mantenho mais contacto profissional um saquinho com uma ou duas broínhas pelo Natal, em vez de lhes dar apenas um cartão de Boas Festas. Ou então levo um tabuleiro cheio de broínhas para a cozinha comum do escritório. Uma vez, cheguei a enviá-las pelo correio aos meus amigos nos EUA; certificando-me antes de que estaríam em casa para as receber assim que chegassem.
Agora é a vossa vez: não posso receber-vos em minha casa, nem enviar-vos um pequeno pacote, por questões logísticas, mas posso dar-vos parte das tradições de Natal da minha casa. Aqui está a receita da minha mãe, que partilho convosco com muito carinho e votos de Boas Festas -- ou Feliz Natal, como preferirem...
Broínhas de Natal
Ingredientes
(em parênteses, estão as quantidades para 2/3 da receita, que eu costumo fazer)
- 800 gr (533 gr) de batata
- 200 gr (133 gr) de abóbora
- 400 gr (267 gr) de açucar
- Canela em pó a gosto
- Erva doce a gosto
- 3 (2) ovos inteiros
- 500 gr (333 gr) de farinha de trigo com fermento, e mais alguma de reserva
- 2 (1 1/3) colheres de chá de fermento em pó
- Nozes a gosto: pinhões e nozes; podem também usar noz pecan (típica americana). Cortem as nozes em pedacinhos.
- Frutas cristalizadas a gosto: cortem em pedacinhos. Uma alternativa mais saudável, é usar frutas desidratadas, que levam menos acucar no seu processamento.
- Passas e sultanas, arandos secos (se tiverem), etc.
~ ~ ~
- Nos EUA não vendem erva doce em pó e eu tive de usar um substituto. Eu tenho um moínho, como os de pimenta, onde moo estrela-de-anis, que é muito fragrante por ser uma moagem na hora. Se compram erva doce em pó, aqueçam por uns segundos no microondas ou sobre uma frigideira para libertar a sua fragrância, tendo o cuidado de não queimar.
- Misturar a farinha de trigo juntamente com o fermento antecipadamente e peneirar para minimizar grumos e assegurar que o fermento está bem distribuído.
Preparação:
Cozam a batata e a abóbora em água suficiente ou a vapor. Assim que estiver cozido, escorram e coloquem num prato destapado para o excesso de água evaporar. Enquanto ainda quente, passem pelo passe-vite ou esmaguem para uma taça de barro ou vidro. Juntem o açucar e mexam bem. O calor da batata e da abóbora derreterão o ácucar.
Adicionem agora a canela e a erva-doce para aproveitar o calor e tornar as especiarias mais fragrantes. Estando esta mistura morna, é altura de adicionar os ovos inteiros e bater bem. Junta-se a farinha com o fermento ao preparado de cima e incorpora-se; depois junta-se as frutas e nozes, distribuindo bem pela massa.
Liguem o forno para pré-aquecer em temperatura média-alta. Preparem os tabuleiros de metal onde irão cozer as broínhas, forrando o seu fundo com uma camada fina de farinha.
Regressando à massa, nesta altura testa-se a sua consistência. A massa tem de estar seca o suficiente que se consiga tender. Se não estiver, tem de se adicionar farinha aos poucos, peneirando-a e misturando-a com cuidado. Não é ideal deixar que a massa fique muito dura, pois isso também irá produzir broínhas que são muito densas.
Retira-se colheradas da massa (eu uso um servidor de bolas de gelado para medir, para ter mais consistência no tamanho), que se colocam numa tigela pequena –uma malga de barro é o ideal–onde se colocou alguma farinha. Tende-se a massa em broínhas redondas ou ovais, como preferirem, que se colocam sobre os tabuleiros forrados de farinha, deixando alguns espaço entre elas para que possam crescer à vontade sem se deformarem umas às outras. Notem que as broínhas ficam cobertas de farinha.
Leva-se o tabuleiro ao forno e coze-se por 20-30 minutos: coze-se por 20 minutos e verifica-se o seu progresso na cozedura, que dependerá do vosso forno, do material de que são feitos os tabuleiros, e do tamanho das broínhas. Se ainda não conseguirem inserir um palito numa broínha e ele sair seco, precisarão de cozer mais tempo. Vai-se acompanhanhando com regularidade até chegar ao ponto. O ideal é o forno ter uma janela de vidro para que não seja preciso abrir com frequência. Depois de cozidas, retiram as broínhas do tabuleiro e podem usar um pincel para retirar o excesso de farinha da parte de baixo. Colocar num prato de servir e desfrutar acompanhadas por café ou chá.