Diz o povo sábio, mas eu tenho sérias dúvidas que tal seja o caso do povo português, que a tua fama longe soa e mais depressa a má do que a boa. Pois hoje, calhou enviarem-me o que o José Miguel Júdice escreveu acerca da Susana Peralta, mas para dizer mal dele.
O argumento da Susana de um aumento de impostos tem sido debatido em vários países (ver Reino Unido, EUA, França). A peça do Le Monde invoca mesmo uma situação semelhante que foi corrigida fiscalmente: o imposto extraordinário dos pós-grandes guerras mundiais que serviu para atenuar o sentimento de injustiça sentido pelos que combateram na linha da frente das guerras versus os que beneficiaram das guerras, mas não estiveram expostos a risco.
A pandemia voltou a evidenciar o problema de como valorizamos o trabalho: quem fica a trabalhar em casa costuma ganhar muito mais dinheiro do que muita gente que é considerada essencial, mas não pode trabalhar em casa, e, como tal, em situações deste tipo quem é essencial está exposto a mais risco, apesar dos salários mais baixos.
Criar um imposto que incida sobre o rendimento dos que ficaram em casa é apenas uma forma de corrigir esta falha de mercado, para além de financiar parte dos custos adicionais de lidar com a pandemia. Por exemplo, um estudo do Deutche Bank, no ano passado, propôs um imposto de 5% sobre quem trabalhar de casa após a pandemia que podia ser usado para financiar os trabalhadores essenciais.
Acho a proposta da Susana completamente razoável. Tratá-la como se ela tivesse enlouquecido ao avançar uma ideia que está a ser discutida noutros países é que demonstra falta de razão.
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