No início dos anos 1990, Passos Coelho era líder da JSD. Foi uma época marcada pelas lutas estudantis contra o aumento das propinas no ensino superior, que se cifravam em 1200 escudos/ano (equivalente a mais ou menos 6 euros), valor que vinha do tempo do Estado Novo. O governo de Cavaco Silva queria aumentá-las para, salvo erro, 40 000 escudos. Coutos dos Santos era o Ministro da Educação e o grande alvo das contestações.
O jovem Passos estava do lado dos estudantes – penso que foi aí que começaram as suas divergências com Cavaco. Curiosamente, ele usava a palavra “actualização”, ao contrário do desastrado Couto dos Santos que falava em “aumento” de propinas – ouvi um dia destes na rádio que o homem poderá ser candidato à Liga Portuguesa de Futebol, enfim, cada um tem o que merece. Esta pequena nuance entre “actualização” e “aumento” diz muito sobre a capacidade política dos dois homens.
É, por isso, estranho ver o Passos Coelho primeiro-ministro utilizar o termo “excedente” quando se refere aos 2 (na última versão já eram 3) mil milhões de euros a mais relativamente ao objectivo inicial de um défice público de 5,9% - repito: 5.9%. “Excedente” é uma palavra desastrosa, dada a situação calamitosa das finanças públicas e os esforços extraordinários que foram exigidos os portugueses.
Neste governo, sempre que um ministro abre a boca sai asneira. Há notórios problemas de comunicação – é no que dá escolher para ministros tecnocratas em vez de políticos. Se o primeiro-ministro começar também a engrossar o coro de disparates, não sei onde é que isto vai parar
Decadencia? O lumpen e, por definicao, imune a tao grandioso processo.
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