François Hollande declarou ontem que "não é possível impor uma prisão
perpétua a algumas nações que já fizeram sacrifícios consideráveis, se os seus
povos não vêem os resultados desses esforços".
Alguns viram logo estas palavras como uma
luz ao fundo do túnel da desgraça indígena. O desespero tem destas coisas.
Hoje, o jornal Público, no seu editorial, até decidiu expressar um merci ao Monsieur
President. E o Público explica que “nesta declaração há não só uma declaração
ética sobre a austeridade como uma constatação realista dos seus efeitos.”
Provavelmente, os editorialistas do
Público esqueceram-se que Hollande apresentou recentemente um orçamento de
austeridade, que vai contra tudo o que o homem tem andado a pregar. Dans la
realité, cela se passe autrement.
Ontem, Hollande declarou ainda que "a Europa da moeda única – “requer uma nova
forma de governar” e “deve assumir uma dimensão política”. Hoje, em resposta a
declarações de Merkel, o governo francês já fez saber que “não aceita novas transferências de soberania" para a UE em
matéria orçamental.”
A manifestação de solidariedade
com a dor dos gregos e portugueses não passou de um pretexto para Hollande pressionar a Alemanha a abrir os cordões à bolsa. E a “nova forma de governar” invocada
pelo Presidente resume-se basicamente a isto: os alemães têm de pagar as
políticas de crescimento económico. Da França. Bien sûr.
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