No início do escândalo BES, Carlos Costa foi levado ao colo
pela comunicação social e pelo governo. Ele não era o Constâncio, o problema
era o GES e não o BES - o facto de o presidente das duas instituições ser o
mesmo, o DDT, não era motivo mais do que suficiente para se desconfiar? Mas não,
eram coisas diferentes, diziam-nos. Agora sim, a regulação estava a funcionar,
a solução apresentada a 3 de agosto por Carlos Costa era boa, era mais justa do
que a do BPN, etc., etc.. Até que, a partir de determinado momento, a percepção das
pessoas começou a mudar. Hoje, com o que já sabemos, é possível perceber que
Carlos Costa foi, no mínimo, ingénuo em todo este processo - aconselho vivamente
a leitura do comentário do Rui Fonseca ao meu anterior post. Isto remete-nos
para a questão do perfil ideal para director de um banco central.
Em termos de uma regulação eficaz não há nada que substitua
a competência do director do banco central. Ultimamente, um pouco por todo o
lado, temos vindo a assistir à nomeação de académicos em vez de banqueiros
experientes, como acontecia noutros tempos, o que me parece um claro
retrocesso. O director de um banco central deve ser um banqueiro extremamente
experiente, que conheça muito bem o mercado financeiro, alguém arguto,
desconfiado, paranóico mesmo (os paranóicos também podem ser úteis à sociedade
e este parece-me ser um desses casos), alguém que cheire a muitas milhas de
distância fraudes e transacções corruptas. Começa a tornar-se claro que Carlos
Costa foi mais um erro de casting.
Não discordo, mas teria que ser um banqueiro sem ligações privadas (ou mesmo comerciais) aos nossos bancos. Ora nos dias que correm, isso é francamente complicado. O problema de Carlos Costa parece-me ser outro: excessiva lealdade a poderes dos quais devia ser independente. A nomeação do presidente do banco de Portugal deve ser repensada de forma a evitar a sombra da gratidão a quem nomeia.
ResponderEliminarPodiam, por exemplo (e isto é só na brincadeira!), nomear o Francisco Louçã. Economista de renome e absolutamente para além de qualquer suspeita de amizades para com instituições financeiras ou o actual Governo.
Tem razão, um dos problemas das entidades de regulação é mesmo as questões de lealdade aos poderes instituídos e muitas vezes a expectativa de um dia trabalharem, com salários chorudos, nas instituições que regulam e supervisionam. Num país pequeno como Portugal esse problema é ainda maior. O principal problema do Louçã é não ter, que eu saiba, experiência no sector. Não é de facto fácil arranjar alguém com as características ideais para o cargo.
EliminarMais um!! Neste tempo pejado de mitos mortos e outras gentes, igualmente mortas, já só há lugar a erros de casting!!
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