Não sei se já vos tinha dito, mas depois de viver em Houston, onde a NPR passa programas de notícias a toda a hora, fiquei completamente sem paciência para ouvir música clássica na rádio. Prefiro mesmo estar a ouvir notícias. Não imaginam o quão anormal isto é porque a minha mãe chateava-me imenso de eu não ler jornais, nem ver o telejornal, e só ligava a filmes e música pop. Trinta anos depois e sou o completo oposto, se bem que não vejo TV, a não ser que esteja no ginásio no treadmill.
As estações locais membros da NPR, National Public Radio, normalmente estão situadas em universidades americanas. Por exemplo, havia uma na Oklahoma State University onde eu estudei (era a KOSU) e outra na Universidade do Arkansas onde trabalhei (a KUAF). Em ambas, passavam notícias logo de manhã, mais ou menos das 6 da manhã à 9 e depois a partir das 15 horas. O tempo entre estes dois blocos era consumindo por música clássica. Esta é a fórmula da estação principal da NPR aqui em Memphis, a WKNO, mas, como vos disse no outro dia, têm mais dois canais de HD (alta definição, será?).
O terceiro canal, o tal que passa a BBC World service, é o que me mantém mais calma. Para além de eu achar completamente sublime que se ouça tantos sotaques diferentes de inglês numa só rádio -- ele há os britânicos, os americanos, os indianos, os africanos, australianos, etc., e também há pessoas que falam inglês como segunda língua, que é o meu caso, -- aprende-se imenso de história, arte, cultura, economia, etc. Por falar em economia, sempre que eu ouço o Tim Harford, que é o Undercover Economist, fico completamente em êxtase. Ele tem um inglês tão lindo, que podem ouvir no programa da BBC, 50 Things That Made the Modern Economy.
Este fim-de-semana, um dos programas falava sobre se a matemática apenas descrevia a realidade ou se era uma coisa que existia e nós a descobríamos. É uma questão filosófica bastante interessante e, se os vosso filhos sabem inglês, aconselho vivamente a que partilhem este programa, o Crowd Science, com eles. Hoje, à hora de almoço passaram outro programa muito bom, o People Fixing Things, em que falaram de jogos online que têm uma componente lúdica, mas também servem para avançar a ciência, pois são usados para descobrir coisas como novas proteínas. Um dos entrevistados, bastante optimista, dizia que os computadores ao terem a capacidade de fazer as tarefas repetitivas, libertavam os humanos para pensar em problemas mais interessantes e criativos. A economia do futuro, dizia ele, era a economia pensante -- thinking economy.
Já não vivo em Portugal há mais de 20 anos, não faço ideia do que se ouve na rádio, mas acho que não há programas deste género. Aliás, até tenho dúvidas que em Portugal os apresentadores de rádio tenham uma grande variedade de sotaques e pontos de vista. E é pena, pois há bastantes países no mundo que falam português com sotaque diferente do nosso--bem, do vosso, porque me dizem bastantes vezes que o meu sotaque quando falo português já não é português.
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