Ao acordarmos de manhã, deparámo-nos com um vulto à distância que a maré cheia e violenta tinha trazido para a praia. Ou talvez tivesse vindo voluntariamente, mas não teve oportunidade de regressar. Era uma enorme tartaruga e, quando digo enorme, era mesmo de um tamanho tal que eu teria dificuldade em tocar ambas as extremidades com os meus braços abertos. Suspeito que pesava perto de 150 Kg, com já várias décadas em cima, talvez perto de meio século.
Tinha morrido recentemente como se estivesse a caminho de regressar ao mar, a tal criatura, uma tartaruga "loggerhead", uma espécie protegida pelo Endangered Species Act, mas na areia não havia vestígio que tivesse ido às dunas deixar ovos ou coisa que lhe valesse. A única coisa que traía a sua aparência era os olhos, já sem qualquer parentesco com a vida. De resto, parecia mesmo prestes a entrar no mar. Se calhar morreu, por ter a idade avançada: estas tartarugas duram 47-67 anos.
Várias pessoas a rodearam durante perto de uma hora, até que os patrulhas que protegem a vida selvagem a levaram, decerto para analisar a carapaça e determinar o motivo da sua morte. Durante toda a semana, tenho lido informações acerca das tartarugas espalhadas pelo hotel, de como temos de ter cuidado com a poluição de luz à noite para as não desorientar e não interromper o seu ciclo de reprodução.
No átrio de entrada, uma enorme instalação tenta reproduzir o padrão que as tartarugas bebés deixam na praia depois de nascerem e de se dirigirem ao mar. No chão, os indicadores de distância para nos mantermos afastados por causa da pandemia são autocolantes de tartarugas. Apesar de tanta informação de sensibilização, não dava para ter noção do quão majestoso estes animais são, mesmo depois de mortos.
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