O Sr. Henrique Monteiro (HM) intitula a sua crónica “Chamem-me o que quiserem”. Eu podia chamar-lhe muitas coisas mas, por agora, chamo-lhe ignorante. Ele é ignorante na substância dos seus argumentos e no enviesamento dos mesmos. Vamos por partes. HM afirma que doutores em psicologia e especialistas da educação afirmaram que os exames traumatizavam as crianças, chegando mesmo a perguntar “(mas não somos todos especialistas em educação e doutores em psicologia?)”. Não Sr. HM, você não é nem doutor em psicologia nem especialista em educação. Primeiro ponto. É jornalista, desconhecendo eu a sua formação académica e profissional de base. A maior parte das pessoas com formação em educação e psicologia que se pronunciaram sobre os exames que tive a oportunidade de ler questionaram a pertinência dos mesmos para a melhoria do sistema de ensino, algo que se recusa a discutir (bem digo eu, uma vez que concede que isso ultrapassa a sua competência). Outros questionaram, e acertadamente na minha opinião, a obrigatoriedade de os alunos se deslocarem da sua escola para realizarem exames noutra. Até o conhecido blogger Paulo Guinote se insurgiu contra esta prática. Na minha opinião esta decisão tem um único fundamento: fazer equivaler, no plano simbólico, estes exames aos antigos exames da 4ª classe, ignorando que o fim da escolaridade obrigatória se deslocou do 4º ano para, potencialmente, o 12º.
A deslocação dos estudantes coloca, objetivamente, um obstáculo suscetível de potenciar a ansiedade de alguns alunos sem que se vislumbre qualquer ganho. Exceto aquele que avança: o de que a escola deve preparar para as ansiedades da vida. A escola deve ser exigente, sem dúvida. Contudo, se levarmos o seu raciocínio ao extremo talvez possamos regressar às reguadas como forma de controlar o comportamento e punir o baixo aproveitamento escolar. Singapura utiliza um sistema de chibatadas que por vezes são aplicadas em público. Lamento que seja apenas aplicado a rapazes, uma prática sexista incompatível com uma nação civilizada. É um país que sistematicamente surge nos primeiros lugares dos rankings escolares do PISA, do TIMMS e do PIRLS. Concorda meu caro HM?
Quanto ao que afirma relativamente ao Dr. Benjamin Spock, e à primeira fase da sua obra, assim como ao que denomina loucura pedagógica anarquista de Célestin Freinet, temo que a sua ignorância sobre o que estes dois autores escreveram, advogaram e praticaram seja de tal ordem que inviabilize qualquer discussão racional. Sugiro que siga a máxima de um cantor da sua geração, Bob Dylan, que em A Hard Rain's A-Gonna Fall tem um verso que reza assim: I’ll know my song well before I start singin. Você não sabe cantar, nem muito menos sabe a canção. Tem um poleiro e acha-se um canário. Mas é apenas um sujeito ignorante e preconceituoso. Pelo menos nesta crónica, para sermos rigorosos.
A escola deve preparar os alunos para serem avaliados. A vida real está constantemente a avaliar as pessoas, como tal é bom que se preparem de pequeninos para tal.
ResponderEliminarOs exames não matam ninguém, só se aprende a lidar com a tensão passando por ela, por isso os exames devem ser de exigência concordante com a idade e o grau do examinado em causa, começando com níveis de menor exigência até níveis de maior exigência.
Acho que estamos a dar importância a mais a uma situação que deveria ser normal.
Examinem e avaliem os alunos, preparem bons profissionais e bons Homens.
Cumprimentos
JPA
"A escola deve preparar os alunos para serem avaliados. A vida real está constantemente a avaliar as pessoas,"
ResponderEliminarMas onde é que na vida real há algo parecido com os exames escolares? O JPA escreve que a "vida real está constantemente a avaliar as pessoas", mas isso é exactamente a avaliação que a "geração de 1973" (e arredores) teve enquanto andou na escola - trabalhos escolares, testes para aí de 2 em 2 meses, etc. (constantemente a ser avaliados). O que é artificial é exactamente a avaliação por "exame condensado".