Quando saíram as notas, o
aluno, chocado, contactou-me por email.
Disse-lhe que tinha cometido plágio, uma forma grave de fraude académica, e
que, portanto, o seu trabalho tinha sido anulado. O aluno insistiu que não
tinha feito nada de errado e exigiu encontrar-se comigo para esclarecer tudo.
No meu gabinete,
explicou-me que não tinha feito nada de errado porque também tinha copiado integralmente a bibliografia do trabalho plagiado.
Perante os pontos de exclamação e interrogação que eram visíveis na minha cara, esclareceu-me: apesar
de ter omitido a principal fonte de inspiração do seu trabalho, tinha explicitado as fontes que a sua fonte tinha usado. Digamos, por
assim dizer, que a bibliografia tinha qualidades transitivas.
Perante o meu inusitado espanto
com a explicação, insistiu: dado que o autor se tinha baseado naquela bibliografia,
caso a tivesse lido, também teria escrito um trabalho semelhante.
Lembrei-me desta história,
verídica, ao ler este comentário de João Távora a esta entrada da Ana Matos Pires.
Essa das "qualidades transitivas da bibliografia" é deliciosa
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