quinta-feira, 11 de julho de 2013

O escorpião, o sapo e a natureza das coisas

Pedir aos políticos que se deixem de politiquice, ou seja, que deixem de tentar ganhar eleições, é pedir aos políticos para irem contra a natureza das coisas.
Faz lembrar aquelas pessoas que, ao discutir economia, querem que as empresas aumentem salários porque sim — a produtividade vem depois —, querem que as empresas não maximizem os lucros, querem fixar preços máximos sem provocar escassez, só porque acham que os preços são demasiado altos e é bom se forem baixos e coisas do género.
Basicamente, pensam que se pode suspender a lei da gravidade apenas e só porque tal é conveniente. Temos é de desejar com muita força.

4 comentários:

  1. "pensam que se pode suspender a lei da gravidade apenas e só porque tal é conveniente."

    Caro Luís,

    Vejo alguma contradição entre esta sua comparação e o título do post.

    Se a natureza do escorpião fosse tão natural em todos os políticos como a gravidade na terra já todos os políticos se teriam afundado. Porque a história conta que tanto o escorpião como a rã vão ao fundo.

    Ora nem todos os políticos vão ao fundo, e, dos que vão, alguns reemergem frequentemente.

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  2. "Se a natureza do escorpião fosse tão natural em todos os políticos como a gravidade na terra já todos os políticos se teriam afundado. Porque a história conta que tanto o escorpião como a rã vão ao fundo."

    Ó Rui, francamente, já sabemos que discorda do que eu disse e que concorda com o presidente. Pronto. Vamos ver como correm as coisas a seguir. A natureza dos políticos não é ir ao fundo, a natureza dos políticos é querer ganhar eleições. Aqueles que não se esforçam por isso saem da política.

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  3. O Luís tem razão sobre a natureza dos políticos, e se pensarmos bem a jogada do Cavaco não deixa de ser também "natural", ou seja, puramente partidária, com o claro objectivo de fragilizar o PS.

    A jogada é simples. Cavaco percebe que esta coligação está a prazo. Dar-lhes posse, sem mais nem menos, garantia apenas uma estabilidade momentânea e o desgaste do Governos iria aumentar inevitavelmente, com claro prejuízo dos dois partidos que o formam e com o crescimento natural do PS. Quando o Governo caísse, seria muito difícil qualquer candidato de direita, mesmo sem Passos e Portas ao barulho, recuperar o gap entretanto criado.

    Ora com esta manobra, Cavaco faz um xeque ao rei ao PS, que de forma absurda continua a insistir no discurso de eleições antecipadas imediatamente, sem perceber que era precisamente isso que Cavaco tinha em mente, criando assim o cenário perfeito para que se crie a ideia de irresponsabilidade por parte do PS.

    Este discurso terá impacto na sociedade por dois motivos simples. Primeiro porque as pessoas estão cada vez mais fartas dos partidos e da sua ânsia pelo poder. Segundo, porque não olham para Seguro como alternativa credível, e depois disto, muito menos.

    Ou seja, com este cenário, o que a direita ganha é tempo precioso, sem o PS subir nas intenções de voto (vale uma aposta?), criando-se assim condições para uma maioria de direita em 2014, embora com protagonistas diferentes.

    Aliás, esta é que é a parte engraçada, e que de algum modo mostra que o lado maquiavélico do Sr. Silva está em grande forma. É que muito provavelmente ele vai conseguir ter uma maioria de direita daqui a 1 ano, correndo simultaneamente com Passos e Portas.

    Resta apenas saber se as bases do PSD entretanto perdoarão a Rui Rio e lhe darão as condições para se tornar no próximo PM português.

    Muito rebuscado? Nada disso...

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  4. Ahh... Faltou dizer que a jogada inteligente do PS, e até relativamente coerente com o seu discurso, seria:

    - Muito bem, NÃO INTEGRAMOS directamente o governo sem eleições, mas estamos disponíveis para, entretanto, APOIAR um governo de INICIATIVA PRESIDENCIAL, liderado por pessoa INDEPENDENTE, com o claro compromisso de renegociar o prazo de pagamento da dívida.

    Matavam Passos e Coelho, colocavam o ónus da escolha do "salvador da pátria" no Sr. Silva e ainda passavam por partido com algum sentido de estado.

    A grande questão é: será isto compatível com a obsessão de Seguro em ser PM o mais rapidamente possível?

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