Malcolm Gladwell é um escritor genial. Quem leia os livros dele percebe que nos seus relatos científicos às vezes se confunde correlação com causalidade. Mas, honra lhe seja feita, a maioria das vezes esses erros estão a montante: são os próprios cientistas, autores dos estudos citados, que cometem essa confusão. Mas isso em nada altera genialidade da interpretação que Gladwell faz da realidade social. Interpretação que abriu brechas em algumas certezas que tinha. É a destreza das dúvidas no seu esplendor.
A forma como Gladwell usa vários estudos de cientistas sociais para explicar o que observa tem óbvios paralelos em vários livros de economistas, aquilo a que podemos chamar “economia pop”. Os best sellers Freakonomics, Armchair Economist, Superfreakonomics, The Undercover Economist, The Logic of Life e The Economic Naturalist são apenas alguns exemplos, muito deles com edição em português. Mas, na verdade, nenhum chega aos calcanhares dos livros de Gladwell ─ talvez Tim Harford seja uma excepção, ocasionalmente mordiscando as canelas de Gladwell.
Foi graças ao Fernando e ao Zé Carlos Alexandre, que mo recomendaram num Verão na Praia de Quiaios, que comecei a ler os seus livros. Penso que os li todos. O melhor livro dele talvez seja o Blink, seguido de perto pelo Outliers. Mas aquele de que mais gostei foi o What the Dog Saw. Nesse, o meu capítulo preferido foi o dedicado a Nassim Nicholas Taleb e à forma como foi capaz de arriscar o seu pescoço apostando tudo na sua teoria sobre cisnes negros (acontecimentos extremos) e mercados financeiros. Vale a pena referir que esse texto foi escrito bastantes anos antes de Taleb se tornar a celebridade que é hoje.
Foi com alegria e curiosidade que soube que saiu um novo livro de Malcolm Gladwell, David and Goliath. Descobrir que Tyler Cowen o descreve como sendo, provavelmente, o melhor livro de Gladwell, apenas aguça o apetite.
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