Suponham que em tempos de guerra um médico tem 6 feridos pela frente. 1 muito grave e 5 menos graves. Suponham também que o médico tem apenas duas alternativas:
- dedicar 5 horas ao doente muito grave, salvando-lhe a vida e deixando morrer os outros 5;
- dedicar 1 hora a cada um dos doentes menos graves e deixar morrer o mais grave.
A imensa maioria das pessoas diria que preferia salvar 5 e deixar morrer 1 a fazer o inverso. O motivo é simples, é preferível deixar morrer 1 a deixar morrer 5. É uma visão consequencialista das nossas acções a que dificilmente algum de nós escapa.
- atirar o gordo da ponte, parando o comboio e impedindo que este mate as 5 pessoas;
- não sacrificar o gordo, deixando que o comboio atropele as pessoas.”
De um ponto de vista estritamente consequencialista, faz todo o sentido matar o gordo para salvar as 5 pessoas. É melhor deixar morrer 1 do que deixar morrer 5. Mas, na verdade, a maioria das pessoas recusar-se-ia a atirar com o gordo da ponte abaixo. Ou seja, há algo em nós que não nos deixa sacrificar um inocente, para salvar terceiros. De alguma forma, somos obrigados a questionar o nosso utilitarismo para nos perguntarmos se a nossa acção é intrinsecamente justa ou não.
Por que conto estas histórias? Apenas porque achei curiosa a ordem dos factores nesta entrada de Mário Amorim Lopes. Ele começa por argumentar que a maioria de nós pensa que não é utilitarista para depois concluir que, afinal, como se uma falha de carácter se tratasse, quando as coisas apertam todos somos utilitaristas. Eu gosto mais de começar por convencer as pessoas de que são utilitaristas para depois as levar a concluir que afinal não é esse o caso, quando confrontadas seriamente com as consequências das suas decisões.
ResponderEliminarEstimado Luís,
Fujo ao tema do post porque o que quero mesmo é desejar-lhe um Óptimo Natal e um Excelente 2015
para si e para os seus, e em especial para as suas meninas.
Com amizade do
Rui Fonseca
Grande abraço com muita amizade nossa também, caríssimo Rui e Feliz Natal.
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