Passei as últimas semanas a trabalhar num texto para a Capital Mag, que foi publicado hoje. O texto é sobre o papel das mulheres na política portuguesa, mas gostaria de deixar mais umas ideias acerca da forma como nós interagimos com homens fora da esfera pessoal.
Como mulher que há mais de 20 anos convive profissionalmente numa área de homens, estou bastante agradecida aos muitos homens que me treinaram. A única forma de nós sermos boas profissionais é sermos treinadas por bons profissionais. Se a profissão é liderada por homens, então o nosso sucesso depende deles. Quanto mais depressa assumirmos isto, mais depressa subimos na profissão.
Não pensem que as quotas são tudo porque quando há poucas mulheres, o fracasso de uma tem muito mais peso na forma como a sociedade vê as restantes do que o fracasso de um homem. As quotas só fazem sentido se há mulheres competentes para assumir os cargos; se é para selecionar mulheres incompetentes, não nos ajuda. Posto isto, as quotas não podem ser só no topo, têm de começar nos níveis profissionais mais baixos para as mulheres poderem progredir na carreira.
Uma mulher competente sabe o papel que tem na sociedade e sabe que o sucesso da próxima geração depende do seu esforço pessoal e da impressão que dá. Eu sei que não é justo que elas tenham de sentir que têm de ser melhores e mais responsáveis do que eles, mas de todas as injustiças que há no mundo, esta é mais parecida com um privilégio: afinal, temos oportunidade de singrar numa área que escolhemos por vontade própria. Foi por isto que muitas mulheres e homens lutaram, há que honrar o seu esforço.
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