Vou correr o risco de parecer que estou a defender o indefensável, como me dizem frequentemente, mas o meu objectivo não é tanto defender, mas usar alguns conhecimentos de história e estatística para enquadrar o problema. Então cá vai: acho completamente idiota estarem a comparar o nepotismo do Governo de Cavaco Silva com o de António Costa.
Não é que eu seja a favor de nepotismo, mas somente em 1986 é que a escolaridade mínima em Portugal atingiu o nono ano de escolaridade. A geração dos meus pais, que é a geração de Cavaco Silva, só precisava de ter o exame da quarta classe. Cavaco Silva formou governo no final de 1985, com uma população bàsicamente analfabeta, não tinha muito por onde escolher.
Ou seja, não me choca--notem que digo que não me choca; não digo que acho bem--que tivesse sido preciso recorrer a familiares naquela altura, pois o número de pessoas com nível de educação superior era baixo e ainda por cima casavam-se uns com os outros. Mesmo assim, a comunicação social, em especial o Independente, criticou Cavaco Silva pela prática.
Agora, passámos os últimos 30 anos a gastar fortunas a educar a população, a incentivar pessoas a ir para a faculdade, até nos dizem que temos a geração mais educada de sempre, logo, já não se justifica ter de se recorrer a maridos, esposas, primos, cães, gatos, etc.
Ainda por cima, com todas as facilidades que temos hoje em adquirir informação, demorámos quase quatro anos a descobrir e a decidir que se calhar não era boa ideia. E nem o PCP, nem o BE acharam mal.
Temos canudos, mas não temos cabeças pensantes...
Mas a questão é que o Cavaco Silva disse explicitamente que nos governos dele esses casos não existiam.
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