Num célebre texto intitulado “A política como vocação” de
1918, Max Weber estabelece três qualidades indispensáveis (ou ideais) de um
político: a paixão, o sentido de responsabilidade e a moderação - mesura é a
palavra que aparece na tradução que li. A paixão significa a entrega
apaixonada a uma causa. Todavia, a paixão deve ser movida pelo sentido de
responsabilidade. Caso contrário, não passará de um romantismo estéril, de que sofrem
muitos intelectuais. Daí a necessidade da terceira virtude: a moderação, isto
é, a capacidade de aprender com a realidade, de saber ler os seus sinais, de
escutar os seus apelos e apreender a sua complexidade. Esta moderação é
fundamental para criar distância. Uma distância em relação a tudo, a começar
pela distância em relação a si próprio. Sem essa distância, o político cai
inevitavelmente na vaidade, uma doença que afecta muita gente, nomeadamente académicos e cientistas. Mas a vaidade é especialmente perniciosa no caso dos
políticos, devido ao mal que pode fazer aos outros e os outros podem ser uma
nação inteira, e, hoje, acrescento eu, pode até ser o mundo inteiro. A vaidade é
o gosto do poder pelo poder. É a ânsia de aparecer, de produzir um efeito,
típico do demagogo. Por isso, o político corre o risco de se tornar um
comediante ou de não tomar a sério a responsabilidade dos seus actos e de se
preocupar somente com a impressão que faz. Da vaidade nascem os dois pecados
mortais da política: 1) a ausência de finalidades objectivas; 2) a
irresponsabilidade.
Boa reflexão, neste tempo de eleições autárquicas, onde abundam exemplos de pessoas que se deixaram corroer pela vaidade, querendo manter ou reconquistar o poder a qualquer preço.
ResponderEliminarEsperemos que os eleitores votem responsavelmente e afastem esses maus políticos.
Obrigado. Por acaso, confesso, escrevi a pensar nalguns desses casos que menciona no seu comentário, que são, infelizmente, muitos.
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