O escândalo do relatório da CGD parece que foi há muito tempo porque, como o nosso ilustre Primeiro Ministro já estava farto da cobertura mediática desfavorável, reformou o governo, o que nos permitiu descobrir que uma das qualidades que aprecia nas mulheres é a capacidade de elas o acalmarem. É uma característica tão importante, que até as promove a Ministras.
Fiquei um bocado intrigada com o Ministro Vieira da Silva, esse mesmo, o pai da Ministra Vieira da Silva -- o nosso governo é tão caseirinho e fofinho. Como é que um homem com o nível de educação que ele tem educa a filha para ser uma profissional que é descrita como "trabalhadora", "dedicada", e acalma o chefe? Eu esperava que uma Ministra fosse elogiada pelo seu conhecimento da área, a sua capacidade de liderança, pensamento fora da caixa, etc. Afinal, não; tem as características ideais para ser secretária e casar com o patrão, como era comum há umas décadas.
Mas a indignação maior parece que está a acontecer com o facto de o Observador ter publicado a peça da Joana Bento Rodrigues que decidiu defender as mães e donas de casa e que acha que estas devem ter representação política -- um conceito revolucionário em Portugal, se bem que os argumentos usados sejam tão estererotipados que cheiram um bocado a mofo. De imediato se seguiram várias peças a refutar os argumentos que ela apresentou. É estranho que, de repente, tenham aparecido várias mulheres de Direita que acham que têm pontos de vista tão válidos que não se inibem de dar a sua opinião em público. Ainda por cima têm vida profissional, são casadas, têm filhos, ou seja, são todas iguais.
No meio disto tudo, penso nas jovens portuguesas que andam à procura de modelos de comportamento, o que os anglosaxónicos chamam de "role models": será que irão escolher a profissional que acalma ou a profissional que irrita?
P.S. Parabéns ao Observador por ter dinamizado a discussão do papel das mulheres na sociedade e as ter inspirado para se pronunciarem.
". Parabéns ao Observador por ter dinamizado a discussão do papel das mulheres na sociedade e as ter inspirado para se pronunciarem."
ResponderEliminarExcepto a Elisa Ferreira cujas funções no Banco de Portugal parecem não a ocupar demasiado.
Parabéns pela sua incongruência porque mostra que assimilou bem esse espírito trumpista que a faz autocaracterizar-se como " uma boa americana": defender algo e o seu contrário, o que é válido agora e para alguém, já não o será daqui a pouco e para outra pessoa,
Como sabe isto tem outro nome e tem raizes profundas.
C.Abreu